Comissão de Inquérito? Vou antes cortar o cabelo

JGui

Foto@Correio da Manhã

A amnésia tem sido uma das maleitas predominantes nas várias audições da Comissão de Inquérito ao caso BES. Aparentemente, ninguém se lembra de rigorosamente nada do que por lá se passou. Às vezes, fica mesmo a sensação que nenhum destes sujeitos lá trabalhava. Como diria Mariana Mortágua, tudo amadores.

Segundo a edição de hoje do Expresso, amnésia poderá também ter sido a justificação para que o empresário José Guilherme, o tal que deu uma prenda de 14 milhões de euros, em numerário, a Ricardo Salgado (outro com longo historial de problemas de memória), se tenha esquecido de passar pela Comissão de Inquérito ao caso BES, para a qual notificado, alegando motivos de saúde e o facto de estar em Luanda para não comparecer na comissão parlamentar. Contudo, e pela relação comercial de 40 anos que mantém com o barbeiro Aurélio Robalo, José Guilherme conseguiu contornar estas vicissitudes e dar um salto a Lisboa para aparar as pontas. Podia ter-se lembrado de passar na comissão mas é possível que estivesse com pressa. First things first.

Ilusionismo socialista pré-eleitoral

Costa arco-íris

Foto@Expresso

A fotografia da autoria de José Carlos Carvalho, publicada no jornal Expresso a propósito do périplo de António Costa pelo país, encerra em si todo um cenário onde o idílico se mistura com o que de mais belo e poético existe na propaganda política pré-eleitoral. Um cenário cinzento onde um tímido arco-íris tenta sobressair das trevas e um António Costa sorridente remetem-nos para o imaginário da utopia socialista de um novo Portugal que ganha forma pela mão de um líder confiante e optimista com uma mão cheia de nada e outra repleta de coisa nenhuma. Vem-me imediatamente à memória aquele Pedro Passos Coelho que, triunfante e auspicioso, viajava pelo Portugal pós-chumbo do PEC IV, vendendo ilusões e fazendo promessas que todos sabemos como acabaram.

A anunciada primavera socialista mais não será do que a continuação daquilo a que hoje assistimos. Mudam-se caras, recuperam-se dinossauros e, com o tempo, novos boys infestarão a administração pública. A vassalagem a Berlim será total, o compadrio público-privado continuará e a “irreverência” de alguns sectores ditos mais à esquerda do Partido Socialista acabará por desvanecer e por ser silenciada em nome de uma suposta estabilidade que pouco ou nada se distinguirá daquilo que é a governação da coligação no poder. Infelizmente, centenas de milhares de portugueses acreditam que António Costa, o mudo, traz na cartola um conjunto de truques que darão a Portugal um novo Portugal. Mas como qualquer ilusionista do bloco central, Costa terá apenas mais do mesmo para oferecer, faça ele quantos périplos fizer. Não esperem fazer a mesma escolha e obter resultados diferentes. Isso só em contos para crianças.

Guimarães às cores

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