A Associação de Professores de Português reconhece que há problemas com o AO90

Este ano, de acordo com informação do IAVE, a única grafia admitida nos exames nacionais será a que está conforme o acordo ortográfico de 1990 (AO90)

Entretanto, a sociedade portuguesa não conseguiu, não pôde ou não quis adoptar o referido acordo. As causas são variadas e começam nos vários erros de concepção do próprio AO90, com várias pessoas e instituições a fingir que não há problemas.

Os jovens que vão, este ano, fazer exames nacionais foram obrigados, ao longo do seu percurso escolar, a conviver com duas ortografias, sendo que a mais recente tem contribuído para o aumento de erros. Como é evidente, os estudantes, sentindo-se ortograficamente inseguros, desejam, no mínimo, que seja reposta a possibilidade de continuar a optar pelas duas ortografias – a de 1945 e a de 1990 –, tal como acontecia nos exames de 2014.

Edviges Ferreira, presidente da Associação de Professores de Português (APP), discorda dessa pretensão e julga ter explicado a razão, ao declarar que, “se todos os docentes tivessem feito o que deviam, preparando os alunos activamente durante os últimos três anos, para este momento, não haveria qualquer problema.” [Read more…]

O IAVE chumbou na PACC de Física e Química

Eugénia Machado

No dia 4 de Março o IAVE disponibilizou a Informação-prova para a PACC – Componente Específica de Física e Química.

Como é sabido pelo discurso reinante no MEC, esta prova pretende verificar se os professores, com menos de 5 anos de prática lectiva, têm conhecimentos e capacidades para leccionarem na área em que se profissionalizaram. Tal como consta na Informação-prova, pretende, o MEC, verificar, com esta prova, se os candidatos têm domínio da terminologia específica da área disciplinar, se têm capacidade para analisar textos, gráficos, tabelas, dados e efectuar os cálculos necessários à resolução de problemas.

Fazendo uma breve leitura dos “Exemplos de itens” que foram fornecidos neste documento, a primeira reacção é de perplexidade, depois de incredulidade seguida de completa descrença no “sistema” e, por fim, de quase vergonha de viver num país governado por gente tão medíocre.

Basta uma análise de apenas dois dos itens, item 1 e item 3, apresentados como exemplo, para se tirar esta conclusão. [Read more…]

Crónicas de Timor-Leste – III

António José
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Não me apetece muito usar a net, confesso, pelo que aí vai, duma assentada, provavelmente muita palha mas é a que tenho…

na madrugada de Sábado para Domingo, uns valentes estrondos e uma impressionante enxurrada… seriam 1h… Chuva a potes. Tudo natural. Durou que fartou. Dum salto acorda-se. Trovoada das grandes e o barulho seco sem décalage de som… e sem fazer aquelas contas entre “a luz e o som” percebe-se, caiu ali, a menos de 50 metros… Dá para entender que as “fases” tinham ido abaixo… o poste transformador ficou com o dito fora “de jogo”. Entra em serviço o barulho de geradores, quem os tem, claro. O resto imagina-se. Uns vizinhos timores afinam com precisão vassouras e outros adereços para mudarem o curso à água que rola com o que transporta, montanha abaixo. Barrenta, quase vermelha, sem paragem, até ao mar. É como uma dança. Lanternas “mãos livres” na testa, eficazes. Devia ter saído e dado uma mão, melhor duas mas via-os calmos naquele tráfego. Voltei ao abrigo da cama e lá continuou o ribombar afastando-se lentamente. Com a luz do dia, percebe-se que o percurso da água da montanha, se fundiu por caminhos de terra batida. Invade a estrada pavimentada. Limpa o pó que estava, para recolocar substituto de outras paragens. Está-se em época de chuvas. A água como vem, rápida se vai. Aqui pelo menos. [Read more…]

Então cala-te e continua a remar

Portugal, Fevereiro de 2015. A vida cá dentro (des)corre como de costume. “Nós andamos do jeito que Deus quer, entre os dias que passam menos mal, lá vem um que nos dá mais que fazer”. Naquele, que é 25, vais testar outra vez o que resta do nosso Serviço Nacional de Saúde. Tão bom, ainda. Tão maltratado, porém. O Hospital chama os doentes um dia antes das intervenções cirúrgicas. Não há, à partida, uma razão plausível. Talvez tenha a ver com o facto de haver cada vez menos gente a trabalhar nos diversos serviços, e o tempo, implacável, não chegar para tudo, nem para cinco minutos de questionário aos que chegam para remover do corpo o que não está bom. Cinco minutos, seguidos de outros cinco, que os enfermeiros gerem o melhor que conseguem para o tal “acolhimento”, para te fazerem sentir tão melhor quanto conseguem. Na sala de espera almoças, lanchas e jantas. Matas o tempo o melhor que consegues, em frente ao país que passa na Tv a horas certas, entre o saudosismo que o Herman exibe e o melodrama que passa de canal em canal. Um país pode medir-se por aí, pelos seus programas de televisão, feitos a pensar num público que não pense muito. E ali ao lado, ao teu lado, hás-de cruzar-te com cada fatia desse Portugal que agoniza, sob o olhar displicente dos que insistem em acreditar isso da crise foi tudo inventado por meia dúzia de malandros que não querem trabalhar. Desse bolo faz parte aquela senhora de meia idade com quem hás-de partilhar mais tarde a enfermaria. A reforma chega para o bife, aprendeu a lidar com as novas tecnologias, tem um telemóvel moderno e até conta de Facebook. Do lado de lá, vai lendo em voz alta as notícias que lhe aparecem no feed.

– “Jovens até aos 18 anos vão deixar de pagar taxas moderadoras”! Sim senhora, uma boa coisa. Está aqui, na página do Partido Social Democrata!

Na cama do lado, outra fatia. Mais nova, velha demais para o serviço, a senhora de olhar triste diz que já não era sem tempo. [Read more…]