Crónicas de Timor-Leste – X

António José

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DepoisDoSol… dois mundos… após as 19h quase tudo o que é vida em Dili deixa de funcionar ou melhor o ambiente é claramente outro. O trânsito apressa-se e não tarda, desaparece o frenesim diurno. Não é que não haja vida para lá dessa hora, mas tudo muda de figura. Não é apenas a luz que muda, é o comportamento das pessoas. Todas sem excepção ou com as quais me cruzo e que desenvolvem o assunto, o dizem: “não vale a pena andar por aí.” Parece um jogo de sombras… mas faz-me imensa falta a luz da noite. Poder andar nela, senti-la, solto de receios e imposições. Por pouco que seja é ela que dá descanso ao imenso ruído visual, intenso, do dia. Ok, o fruto proibido, aqui. Pelo que vejo, a maioria respeita-o. Tentarei não lhe dar espaço por muito que me apeteça sair da norma. Uns dizem que o nível de eventos azarentos subiu (o crime de roubo), coisas de baixa intensidade e que, de permeio, pode correr mal. Nada que qualquer cidade portuguesa não tenha e que, aqui, me condiciona. Um fenómeno recente, dizem. Outros, que alguém anda a criar instabilidade e assim se previnem. Um outro fenómeno que ciclicamente aparece e que se abate sobre este povo e que não deveria acontecer. CHEGA!! Parece que para alguns não chega… há sempre um esticar da corda. Uma onda que se levanta e tarda em apaziguar, serenamente agitada. Permanece num limbo, em zunido silencioso.
Ontem dediquei a tarde para os lados da Areia Branca… Não ver o pôr-do-sol, até podia ser ofensa. No meu caso nem é. Sempre me esquivei a postais… ontem, tombei neles… é o caso deste, já com o Sol tombado mas a culpa foi da Fina. Senhora de fino trato que me partiu com a simplicidade dum choco frito e já noite, uma salada de polvo. Tudo temperado com conversa a que se juntou o JP, tinto, fresco, do Maximiano… o maior espanto de ontem. Encontrar uma pessoa, aliás duas, no Sol & Mar, que colaboraram com os Encontros de Fotografia de Coimbra, na área de iluminação de exposições e espaços, não é vulgar. À primeira a cara parecia-me conhecida mas népia. Depois dizem que são de Coimbra, eu também. Atiro: “alguma coisa a ver com a Relvinha?” e explico porquê… népia… Pedi desculpas pela intromissão e retirei-me… mas uns segundos depois retorno à carga e: “e encontros de fotografia, diz-lhe alguma coisa?”. E faz-se luz! Ele confirma. Passo a vê-lo com nitidez. A PDI é lixada… mas não é só a minha e raramente desisto. Ora isto foi na segunda metade dos anos 90. E cerca de 16 mil kms mais longe… também não é vulgar.

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