Carlos Roque
Sinto-me afortunado, por, no meu tempo de vida, ter o privilégio de assistir em directo ao que pode ser uma das mais geniais e eficazes ofensivas diplomáticas de todos os tempos.
Os americanos nunca perceberam um boi de futebol — como todos sabemos — mas sabiam que é o desporto mais popular do mundo, sabiam que é um negócio bilionário à escala planetária e, para isso lhes ser de alguma utilidade, só lhes faltava saber algo mais — algo que, nós os que adoramos futebol, todos também sabemos — que o futebol, no mundo, é gerido por uma das organizações globais mais corruptas e estruturalmente frágeis de todos os tempos.
E a própria FIFA encarregou-se de os esclarecer nesse detalhe: pagou 27 milhões de dólares para fazer um filme que a promovesse — “Paixões Unidas”— com um elenco de luxo (Sam Neil, Gérard Dépardieu, Tim Roth…) em que o tom é o da abertura, do exaltar da fragilidade e das fraquezas do lado humano da organização, e das debilidades da própria organização em si. E claro, da vulnerabilidade da mesma à corrupção.
E eis que esta organização tão frágil, tão exposta às intempéries, resolve favorecer a Rússia (agora inimiga dos EUA) no tabuleiro político global com a organização de algo que pára literalmente o planeta durante semanas — A fase final dum campeonato do mundo de futebol.
Foi muito fácil acabar com esta festa. A piece of cake…
Quem tem os recursos duma NSA, dum FBI e duma CIA não tem problemas nenhuns em arranjar as provas daquilo que todos suspeitamos — um dos acusados até é das Cayman, onde metade do dinheiro sujo do planeta está de férias…
Numa perspectiva militar, a estratégia adivinha-se facilmente:
– Objectivo: anular a Copa na Rússia, danificar gravemente o seu prestígio como país, reforçar a imagem duma Rússia não-democrática, agressora (Ucrânia), corrupta (porque corrompeu a FIFA), fragilizá-la, e reforçar a ideia do déficit democrático de Putin – tentar acabar com ele, ao estilo John Wayne…
– Primeira ofensiva (a decorrer): Xeque ao rei. Prisão de altos funcionários da FIFA (um detalhe secundário) e exibição de todas as provas que os podem incriminar — esse sim, o grande trunfo deste ataque, a exibição dum poderio esmagador.
– Segunda ofensiva, se a primeira não resultar: Xeque-Mate. Incriminar e prender Blater e os da sua linha e desmantelar a FIFA. Sem quaisquer problemas em fazê-lo, quer morais (querem lá saber do futebol) quer de logística.
É brilhante. Tão brilhante que no Congresso, onde, à pressa, se teve de explicar a muito senador o que é afinal o “soccer”, a euforia é tanta que se quer passar já para o next step…
E é uma ofensiva que se auto-alimenta: a opinião pública — todos nós — finalmente se sente vingada de tanto ano a ver roubar, ser apanhado e nada acontecer na FIFA… basta ler jornais e redes sociais: tudo a cascar no Blatter e na FIFA sem se dar conta do que realmente se passa: a “ultimate revenge” do Vietname. Finalmente.
a reação de Putin dá a entender que realmente é assim.pois bem,não podia estar mais de acordo com o autor de post.e tendo em conta que nas redes sociais alem de blatter,o nome de Pinto da Costa tambem já é associado a este caso,então não sei se o Putin não terá alguma razão naquilo que diz.Podem começar a chamar-me “anti-americano” e “comuna” e que o melhor era eu ir viver para a coreia do norte/cuba…
As acusações à FIFA é género as mesmas que o Puttin fez a Mikhail Khodorkovski… nada de novo. Raça humana!
São duas pessoas das ilhas Caimão, o que causa ainda mais surpresa, certamente…
E, um dia, muito se vai saber sobre a UEFA e a Liga Portuguesa também…
Os ingleses e americanos no seu melhor. A propaganda apesar de ser percebida como tal vai fazendo sempre o seu caminho. E os corruptos das federações fazem o resto do filme de borla.
De que hospital terá fugido o autor? Que tarado!
A piece of cake Não há tradução possível?