28 de Maio de 1975

Se o de 1926 começou em Braga, este teve como álibi uma história passada em Coimbra.

Em meados de Maio frequentava a sede do MRPP em Coimbra, Av. Fernão de Magalhães (onde hoje Consulado de S. Tomé e Príncipe), um indivíduo, ex-comando na Guiné, que começou a tornar-se suspeito. Vai daí um belo dia alguém decidiu considerá-lo mesmo um agente provocador fascista, da CIA ou algo que o valha, e foi simpaticamente convidado a ficar por ali, sujeito a umas perguntas sobre as motivações dos seus comportamentos.

Vigiado à vista (estava detido com tanta eficácia que tinha conseguido apanhar uma lâmina de barbear abandonada e tentado cortar os pulsos), no alvorecer do dia 26 de Maio (penso eu de que) ao preparar-me para dormir depois de uma noite de colagens (contexto histórico: o MRPP tinha sido proibido de concorrer às eleições, e era por tabela um partido ilegalizado) ouço a porta da rua bater, não fazia sentido, e constato que o camarada com a função de vigilante ressonava. O indivíduo era deficiente de guerra, coxo, eu na altura corria umas coisas, quando cheguei à rua já não o vi. [Read more…]

FIFA: E caímos todos como patinhos…

fifa_corrupcaoCarlos Roque

Sinto-me afortunado, por, no meu tempo de vida, ter o privilégio de assistir em directo ao que pode ser uma das mais geniais e eficazes ofensivas diplomáticas de todos os tempos.
Os americanos nunca perceberam um boi de futebol — como todos sabemos — mas sabiam que é o desporto mais popular do mundo, sabiam que é um negócio bilionário à escala planetária e, para isso lhes ser de alguma utilidade, só lhes faltava saber algo mais — algo que, nós os que adoramos futebol, todos também sabemos — que o futebol, no mundo, é gerido por uma das organizações globais mais corruptas e estruturalmente frágeis de todos os tempos.
E a própria FIFA encarregou-se de os esclarecer nesse detalhe: pagou 27 milhões de dólares para fazer um filme que a promovesse — “Paixões Unidas”— com um elenco de luxo (Sam Neil, Gérard Dépardieu, Tim Roth…) em que o tom é o da abertura, do exaltar da fragilidade e das fraquezas do lado humano da organização, e das debilidades da própria organização em si. E claro, da vulnerabilidade da mesma à corrupção. [Read more…]

Uma imagem vale mais que mil trafulhas

Barco Afundado

Imagem@FB Revista Architecture & Design

Um barco a afundar e um bando de chicos-espertos que, como ratos, agarram o que podem e saltam borda fora. Eis o país sob permanente assalto dos piratas do bloco central.