Por norma, faço um esforço para fugir às generalizações, nem sempre conseguido, pelo que passo a concretizar desde já. Há um considerável número de taxistas nos aeroportos que praticam esquemas para cobrarem bastante mais dinheiro ao cliente do que aquele que normalmente seria devido e não me refiro apenas ao velho truque de fazer um percurso cheio de desvios só para cobrar mais quilómetros. [Read more…]
SANTOS & SANTINHOS, Sindicalistas Voadores
José Xavier Ezequiel
Ao que parece, foi a CIA que inventou o conceito de ‘negação plausível’ para proteger o JFK de embaraços como a Baía dos Porcos, o Reagan do escândalo Irão-Contras e o Clinton de saber-se, ao certo, a dimensão dos favores sexuais da estagiária.
Havendo uma ‘negação plausível’, manda a lógica que haja também uma ‘afirmação plausível’. Lógica essa que os partidos e os sindicatos rapidamente aproveitaram. Por exemplo, uma manifestação que leve, vá lá, 20 mil marchantes, pode passar para a imprensa como levando, efectivamente, mais de 100 mil. Uma acção de campanha eleitoral com meia dúzia de jotinhas e uma bandeira em cada mão, pode muito bem parecer, se o plano for simpaticamente fechado, um comício de dimensões épicas. E uma greve com uma adesão de 20% pode, do mesmo passo, transformar-se numa paralisação praticamente total.
Apesar de tudo, o partido ou o sindicato podem sempre socorrer-se da ‘afirmação plausível’. Quem pode obstar, com certeza absoluta, que 20 mil não são mais de 100 mil e meia dúzia de fervorosos jotinhas não são uma multidão? Como negar a fé do sindicalista que, apesar da chafarica continuar obedientemente a funcionar, vê ali uma paralisação de pelo menos 80%?
Bem vistas as coisas, o jornalista pode ter tido o cuidado de filmar a única chafarica que funcionava obedientemente. Toda a gente sabe que os jornais são maioritariamente controlados por interesses, amiúde obscuros, as mais das vezes estrangeiros. E, assim, fica sempre a pairar uma nuvem de incerteza. Que é exactamente o pressuposto da ‘afirmação plausível’.
No entanto, há greves e greves. Há greves que não aquecem nem arrefecem. Tenham 20, 50 ou mais de 90 por cento de adesão, tanto faz. Ou acabam às dez da manhã e retomam às cinco da tarde, por turnos, ou já ninguém se lembra delas no dia seguinte. As nossas greves, por norma, passam e andam. E incomodam mais a classe operária que os patrões. Que, aliás, sobretudo quando o patrão é o estado, até agradece os efeitos positivos nas contas públicas com a poupança de um dia de salário+subsídio de refeição, por cada grevista assumido.
A greve de 10 dias de alguns pilotos da TAP foi, no entanto, uma coisa completamente diferente. [Read more…]
Imagens de choque nos maços de tabaco
Dentro de dias será apreciada uma proposta de lei que pretende introduzir nos maços de tabaco imagens de choque para persuadir os fumadores a abandonar o vício. Estive a ver todas, exercício penoso para o estômago, e diria que se dividem em dois grupos: as que provocam repulsa – pernas gangrenadas, pulmões cancerosos, gente a cuspir sangue – e as que angustiam – um casal a chorar sobre o caixão branco de uma criança, uma jovem numa cadeira de rodas depois de um AVC, um rapazito frente a uma lápide, no cemitério. Há ainda duas ou três imagens que parecem, em comparação, inofensivas e que “apenas” mostram homens de aspecto deprimido entre lençóis, confrontados com uma suposta perda da virilidade ou de espermatozóides férteis. Lembrei-me de um amigo que quando compra um maço de cigarros no quiosque pede para vê-los todos para escolher a mensagem de aviso, evitando sempre as que alertam para cancros e enfisemas, e dando preferência às que só remetem para a infertilidade e para a disfunção eréctil. Será talvez um dos poucos fumadores que ainda lêem os avisos que vêem nos maços.
Vi maços com imagens destas há uns anos, no Brasil. Poucas semanas depois de começarem a ser vendidos os primeiros maços com fotos chocantes, nos quiosques começaram a aparecer caixas de cartão, com diferentes motivos, e com a medida certa para enfiar lá dentro o maço e assim tapar as imagens. As caixas eram baratas de produzir, os quiosques podiam vendê-las por um preço muito baixo ou até oferecê-las, e eram resistentes e reutilizáveis. Não havia fumador que não andasse com o maço bem tapado dentro da sua caixa de cartão. Não consultei dados sobre o alcance da medida, mas, pelo que vi nas ruas, duvido que tenha contribuído para a redução do consumo de tabaco. [Read more…]
Em 2012 João Gabriel pediu, e Capela chegou
O estranho caso das chamadas de valor acrescentado ou quem manda nisto tudo são as televisões
Desde que foram inventadas as chamadas telefónicas de valor acrescentado são uma mina de ouro para burlões e outros vigaristas. Houve o tempo do telesexo, hoje estamos na fase banhadas através da net e também das televisões e seus passatempos.
Traço permanente: as dívidas incobráveis que estragam o negócio às empresas de telecomunicações. Vai daí algumas decidiram, sobre pressão da Deco e da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, criar um barramento automático destes números para clientes sem saldo. Quem não demonstra ter dinheiro que não tenha vícios.
É óbvio que o negócio das televisões neste campeonato é sujo e baixo, ao ter como público alvo analfabetos funcionais ou não, gente que nem se apercebe do risco e despesa onde se está a meter. É óbvio que num país civilizado se protegem esses consumidores, convencidos que interactivo é à borla ou custa pouco dinheiro. Em 2013 SIC e TVI ganharam 99,8 milhões por esta via.
Ora, quando uma SIC reduz os lucros para metade, alguém tem de intervir: a ANACOM proibiu os barramentos. ANACOM significa Autoridade Nacional de Comunicações e é responsável pela impunidade com que o cartel das telecomunicações nos assalta o bolso, vende acessos ilimitados à net que têm limite, aceita fidelizações até à eternidade, etc. etc. O capitalismo à portuguesa no seu melhor.
O irrevogável e excepcional ambiente no seio da coligação
Marco António Costa fala em “ambiente excepcional” e na inexistência de problemas no seio da coligação mas não há meio da malta do CDS aparecer na apresentação da biografia encomendada do Passos. Será que mandaram SMS a agradecer o convite?
É o ajustamento estúpido!
Imaginem que tinha sido bem sucedida
“Pires de Lima. Greve dos pilotos da TAP, apesar de “fracassada”, causou €35 milhões de prejuízo.” (Expresso)
Prós e Circos
É difícil reestruturar toda esta experiência circense que acabei de ver (parcialmente vá lá, que hoje era dia de Game of Thrones e um homem tem que distrair o pensamento com alguma coisa) e recuso-me terminantemente a puxar atrás e assistir de novo ao triste espectáculo que passou na RTP. Aquilo que vi foi suficientemente esclarecedor.
O tema era a TAP. A TAP, a TAP, a TAP. Às vezes parece que a estratégia para convencer os portugueses a apoiar a privatização da empresa passa pelo massacre via bombardeamento de informação. Toda a gente discute a privatização da TAP. Eu faço parte das 42 pessoas no país que não tem opinião formada. Quer dizer, por um lado até prefiro ver a TAP privatizada do que outras empresas como os CTT. E digo que prefiro porque não tenho grandes alternativas na medida em que a maioria dos portugueses que votaram em 2011 legitimam este governo para o fazer. E este governo quer muito vender a TAP. Parece é não haver muita gente que a queira comprar. Tirando o senhor Efromovich claro. Outros estarão à espera da última fase dos saldos, altura em que as promoções atingem o seu preço mais baixo, eventualmente uma liquidação total. Tudo incluído, aviões e aqueles carrinhos que transportam as bebidas e o snack, a coisa há-de ficar ali nuns 100 milhõezitos. O BPN custou um Hulk, a TAP vai ficar pelo preço do Cristiano Ronaldo.
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