Isto é o que se depreende das palavras de sua excelência, a ministra das finanças, Maria de sua graça, quando justificou a bronca que fizeram quanto à falência do BES, dizendo que os portugueses serão chamados a pagarem o buraco por terem um banco público.
Por isso, o governo PSD/CDS vai criar um novo banco público, o Banco de Fomento.
Agora, escolham. Ou a justificação da ministra é absurda, ou estão errados ao criarem um novo banco público. Ou então, como é o caso, aplicam-se ambas as explicações.
Porque a CGD é públoica e em concorrência paga como os outros bancos, paga como os outros
Como o Banco de Fomento é público e fora do modelo de concorrência não paga e recebe apoios da UE.
Não percebe quem não quer.
Está a dizer que um banco de fomento que atribui crédito não faz concorrência ao restante sector bancário? Pense lá melhor nisso. E depois de pensar explique porque é que o dinheiro da troika foi disponibilizado via a banca comercial, a troco de uma ‘pequena’ comissão.
Espantoso mas é verdade. A solução de este último caso “sem encargos para o contribuinte” demonstra sem equívoco que a Sra. Min. e o Sr. Governador do BdP (ainda) não percebem a diferença clara que existe entre o que é um Banco privado e que é um Banco público.
Isto após successivos, redundantes casos.
Ou será que até percebem e muuuuuito bem?.
Percebem muuuuuuuuito bem! Querem é atirar areia aos olhos do zé pagante.
A diferença entre um banco publico e um banco privado, é que os accionistas do privado podem deixar de ser quando quiserem, basta venderem as acções que tiverem, e os accionistas do banco publico são os contribuintes que mesmo que não queiram ser accionistas de um banco, como é o meu caso, não têm outro remédio.
Outra diferença, é que quando faz falta dinheiro no banco publico são os contribuintes através dos seus impostos que têm de lá meter o dinheiro. Desde 2006 para cá, para não ir mais longe, o estado, quer dizer, nós os que pagamos impostos, todos os anos tem metido dinheiro no banco publico também conhecido por Caixa Geral de Depósitos.
Se sobrar algum prejuízo via fundo de resolução para a CGD, os accionistas do banco publico vão ser chamados a pagar como vão ser chamados os accionistas dos outros bancos que estão no mercado. É evidente que esse é mais um dos preços a pagar pelos portugueses pelo luxo de serem accionistas forçados de um banco publico.
Os portugueses precisam tanto de ser donos de um banco publico, como precisam de uma camada de sarna.
Misturar o Banco de Fomento nesta conversa é não saber porque é que foi criado e para que é que serve. Mas pode ir informar-se para não escrever mais disparates sobre o assunto.
Parece que não reparou, mas todos os bancos tiveram direito a substanciais montantes públicos, de tão bem geridos que são.
Os bancos privados são tão necessários como a lepra.
E ainda faltam o dinheiro das acções nos tribunais que a banca, com o BPI à cabeça, desde cedo afirmou que seriam obrigados a tomar se tivessem que pagar pelo que foi feito de forma tão trapalhona.
A CGD nunca deu prejuízo, salvo quando governos como este obrigaram a acções conducentes a tal prejuízo. Estou a falar da alienação dos lucrativos sectores dos seguros, para deixar o mercado para os privados. E ainda da obrigação da CGD meter dinheiro no buraco do BES.
Se precisamos de um banco público? Eu vou mais longe. Não precisamos de governo, nem de exército, nem de polícia. Vamos transformar o país num aglomerado de corporations, que tudo o que é privado é que reluze.
O Banco de Fomento foi criado para controlar politicamente dinheiro público e para dar emprego à boiada. Até agora sempre foi possível distribuir esses “fomentos” sem o dito banco de fomento e até já temos um banco público que também o poderia fazer. Disparate é você querer convencer os outros do contrário.
A CGD tem sido o “para buracos” dos sucessivos governos e até à crise financeira de 2008 a galinha dos ovos de ouro do Estado ou dos contribuintes!
Para onde foram os milhões de lucros até essa altura?
Qual a utilidade e o porquê do Banco de Fomento?
Qual a razão da existência do futuro Banco dos CTT?
Quem foi obrigado a comprar o BNU e a Fidelidade quando estavam na falência?