No seu mais recente artigo de opinião no JN, Nuno Melo pede a Deus que perdoe o Bloco pelo episódio do cartaz, esse violento tiro no pé que muita água fará ainda correr debaixo da ponte da estratégia política. Lamentavelmente, o eurodeputado foi mais longe e decidiu misturar alhos com bugalhos, metendo lá para o meio brinquedos sexuais, drogas leves e até uma música do Gabriel o Pensador que versa sobre paz e tolerância. Malditos bloquistas que ousam fazer humor com Jesus Cristo e ainda usam vibradores, fumam charros e ouvem rap brasileiro. Hão-de arder todos no fogo do Inferno!
Inspirado pelo raciocínio de Nuno Melo, feito de preconceitos e generalizações, proponho-me dedicar-lhe algumas linhas com uma boa dose do seu próprio veneno. Porque se é para entrar em generalizações, o CDS transforma-se numa presa muito fácil. O cartaz do BE ofende milhões de cristãos? Com certeza! Da mesma forma, o episódio Jacinto Leite Capelo Rego, que remonta ao final de 2004, quando em apenas quatro dias foram feitos 105 depósitos inferiores a 12.500€ na conta do CDS-PP no BES, totalizando mais de um milhão de euros, também ofendeu milhões de cristãos e ateus. Se calhar até foram 105 depósitos inocentes, ainda que o facto de serem, sem excepção, inferiores ao montante a partir do qual a lei obriga a que sejam comunicados às autoridades anti-corrupção, levante algumas suspeitas. É que da mesma maneira que o cartaz do Bloco pode incomodar algumas sensibilidades, estas movimentações opacas de dinheiro também ofendem o que resta da fé de muitos portugueses na justiça e na transparência no seio dos partidos. Claro que, parafraseando Nuno Melo, “vindo de onde vem, não surpreende”.
Nas Legislativas de 2011, perto de 654 mil portugueses votaram no CDS-PP, muitos deles gente honesta e trabalhadora, que não terá encontrado qualquer inconveniente em entregar o seu voto a este partido. Perceberam mais tarde a verdadeira natureza de um partido cujo líder estava disposto a ofender a fé cristã e os sacrifícios por si impostos a crentes e não-crentes quando apresentou a sua demissão de fachada, apenas para emergir num cargo de maior poder e reforçar o seu partido com um ministério adicional. O custo da avareza e da ambição de Portas resultou numa subida dramática dos juros da dívida e em perdas de milhões de euros para a economia nacional. E concluo, recorrendo novamente a Nuno Melo, para relembrar que o esquema de Portas “despreza um referencial de valores comuns à maioria das pessoas, para proclamar que tudo se pode, tudo vale, tudo tem de ser permitido”. Mais certeiro era impossível, senhor eurodeputado!
É muito fácil puxar pelos galões cristãos para mexer com o emocional das pessoas. Mas onde estava a fé cristã de Nuno Melo quando o governo anterior, que apoiou, sacrificava os portugueses com uma carga fiscal descomunal e cortes salariais cegos, ao mesmo tempo que agraciava os Soares dos Santos desta vida com generosas isenções fiscais? Onde estavam as referências a Deus nos discursos do centrista quando o fosso entre pobres e ricos aumentava, ano após ano, durante todo o mandato da coligação PSD/CDS-PP? Falar de ofensas à fé e a valores comuns à sociedade é fácil. Tão fácil como estar calado quando tudo isso é atropelado em nome do “superior” interesse do partido. Deus tenha compaixão de ti, Nuno Melo. Se existir, claro!
Nuno Mello, o melhor turista da flandres, é a epítome de tudo o que de pior há na politica portuguesa. A vida interna do CDS nos próximos meses vai tornar isso ainda mais evidente.
Só um reparo, que se pare de chamar centristas aos militantes/simpatizantes do CDS. Este partido nada tem de centro, é um partido de direita e o que defende os ideais mais extremistas entre aqueles que têm acento parlamentar.
Tem razão Cláudio. De agora em diante será extrema-direita.
Estou de acordo com João Mendes (não é a primeira vez !) no que toca ao “tiro no pé”, como já fiz saber ao Bloco de Esquerda ! O “cartaz” foi uma infantilidade, não pela figura do Cristo, mas pelo “servicinho”, pelo aproveitamento que logo fizeram os biltres como os “melros” melo, mota soares, e quejandos estupores, muito bem acompanhados pelo ” zeloso solista” do beatífico grupo coral Conferência Episcopal., que logo vieram zurzir “os pecadores”, pela “afronta a todos os crentes”…
João Mendes, descreve em pormenor os “buracos” (salvo seja !) que tem o raivoso melo e o “seu” cds, os quais têm que ser constantemente relembrados, tais como os da corja de abjectos aldrabões da “coelheira” !
Mas, como o melo “invoca” a “intervenção divina” para perdoar o BE, e como “Deus escreve direito por linhas tortas”, logo, na mesma ocasião o filme “SPOTLIGHT” foi “Óscar” do Cinema !
E qual é o tema do filme ? Um dos mais horrendos crimes, a pedofilia, praticado no interior da Igreja Católica, nos Estados Unidos.
Portanto, aos tão hipócritas como “devotos melros” (de votos ? “Eles” bem os querem…),e incluída a “zelosa” Conferência, que invoquem agora o “perdão divino” aos provados autores desse hedionde crime .
Mas que se saiba, as “aves canoras”, em Portugal, que também está na lista, estão de bico calado….
..
Por falar no Spotlight, não tenho conhecimento de alguma vez o CDS-PP ter tomado qualquer tipo de posição sobre a pedofilia na Igreja.
Obrigada João pelo seu texto!
É que isto de ser católico (não digo cristão), tem muito que se lhe diga: é que a expulsão dos vendilhões começou com Cristo, e deve ser continuada pelos seus seguidores, coisa que não acontece! Aliás, segundo nos é relatado, Cristo foi um revolucionário, abalou o status quo da época; abalou o poder de Roma e quis libertar o povo oprimido da Judeia, dando o exemplo, de que não nos devemos vergar à opressão, seja ela de que tipo for. Mas claro, temos aí o Vaticano com o seu mau exemplo, e é a confusão total sobre os que são “seguidores” de Cristo e os que são os seus “aproveitadores”!
Se Jesus por cá andasse nos dias de hoje, seria um alvo a abater pelo regime ultra-liberal e apelidado de comunista 🙂
Por acaso nunca percebi porquê tanta polemica sobre o cartaz, quando está provado que Jesus Cristo nasceu através de um acto de prostituição.