Guantánamo, a promessa de Obama

Retrato oficial do Presidente Barack Obama na Sala Oval da Casa Branca, 6 de Dezembro de 2012, por Pete Souza

Os anos passam depressa e a memória do homem é curta, convém por isso lembrar que na base naval americana de Guantánamo, em Cuba, existe há 15 anos uma infame prisão onde são enterrados vivos os suspeitos da guerra ao terrorismo. Trata-se de uma prisão onde os prisioneiros não têm direito a julgamento, onde se usam técnicas de controlo meticulosamente estudadas para destruir a vontade, para esvaziar de personalidade os encarcerados.

É por isso que livros como o Arquipélago de Gulag de Alexander Soljenítsin ou A Cabana do Pai Tomás de Harriet Beecher Stowe, são proibidos nesta prisão. Os prisioneiros nem sequer chegam a saber da possibilidade de terem esperança, tudo lhes é negado. O The Guardian compilou uma lista parcial de livros proibidos.

Obama, nos últimos dias do seu mandato, está a ser transformado num santo que nunca soube errar. Mas a promessa de fechar a prisão de Guantánamo existiu. Se é verdade que a maioria republicana no congresso e senado não deixaram que isso acontecesse nestes últimos anos, não é menos verdade que Obama teve dois anos com o controlo de ambas as câmaras (2009/2010), simplesmente não desejou gastar o capital político necessário para cumprir esta promessa. Prefere gastar os 7.58 milhões de dólares por prisioneiro por ano dos contribuintes americanos que lhe custa manter a prisão em Guantánamo. Parece também não se importar com os atentados aos direitos humanos que lá se praticam. Não muito diferente dos seus antecessores. Na realidade, completamente alinhado com a realpolitik que norteia a política externa americana desde a Segunda Grande Guerra. Não se esperava outra coisa.

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    Subscrevo integralmente o seu comentário.
    Sou um pessoa que admira Obama em muitos aspectos da sua condução política interna. Poucas coisas me fariam discordar dele.
    Quanto à política externa, Obama com excepção da captura de Bin Laden e o Acordo com o Irão foi um desastre. E Hilary Clinton como Secretária de Estado também não foi particularmente brilhante.