PSD em processo da pasokização?

Sim, as sondagens valem o que valem. Segundo as sagradas escrituras da Igreja do Neoliberalismo da Catástrofe dos Últimos Dias, mais não são do que jogadas conspirativas orquestradas pela esquerdalhada que domina o mundo e oprime os bravos guerreiros da liberdade especulativa. Mas elas sucedem-se e o padrão mantém-se. E o padrão vem confirmar que o barco laranja continua a afundar, que os passistas continuam a tocar violino à beira dos botes salva-vidas e que o discurso da direita parlamentar, cego e catastrofista, não tem impacto. Pouco mais lhes restará hoje que a sua base fixa de eleitores. E mesmo essa parece em risco. E o diabo que insiste em não dar o ar da sua graça…

Vamos aos números: segundo a mais recente sondagem da Eurosondagem para o grupo Impresa, o PSD continua em queda, tendo recuado 0,5% face ao estudo anterior, estando a sua intenção de voto situada nos 28,8%, provavelmente um dos piores resultados de sempre, senão mesmo o pior. Em sentido inverso, o PS (38,3%) cresce as mesmas 5 décimas perdidas pelo passismo. Já o BE mantém o resultado anterior (9,2%) e o PCP recua 0,2%, para os 8%, mais 8 décimas que o 5º classificado, o moribundo CDS-PP (7,2%), que ainda assim subiu as mesmas 2 décimas que o PCP lhe viu escapar.

Em termos de blocos antagónicos, a Geringonça representa hoje 55,5% da amostra auscultada pela Eurosondagem, ao passo que a Caranguejola não vai além dos 36%. São já quase 20% a separar os dois agrupamentos beligerantes, 10 pontos percentuais a separar PS e PSD. Já no campo da popularidade, Jerónimo Sousa tem uma subida considerável, ultrapassando mesmo Passos Coelho numa tabela que continua a ser liderada por Marcelo, seguido por António Costa.

Por muito que o PSD insista que leva o país a sério, apesar de claramente não o levar, o país não parece lá muito convencido com o discurso da entourage de Passos. Nem com a guerrilha das SMS do Centeno a coisa lá vai. Não há paciência para o fanatismo que se apoderou do lado direito do hemiciclo. Pasokização à vista? Já vem tarde.

Comments

  1. Passos tenta transformar-se num mártir preparado para morrer pelos Mercados. Os seus crentes em direcção ao Egipto estão numa clara fuga para a frente.

  2. Rui Naldinho says:

    Desculpa, João, mas o PSD dificilmente irá PASOKizar-se, pela simples razão, de que o PSD representa a classe dominante do país, no sentido mais lato.
    Sabendo eu que 90% dos representantes e membros da CIP, da CCP, da CAP, e de muitas outras organizações patronais ou profissionais, de profissões liberais do sector terciàrio superior, eles são quase todos eles filiados ou eleitores confessos do PSD e CDS, eu diria que é improvável esse desfecho no contexto da Europa atual. Ou até num futuro próximo.
    Fenómenos como aquele a que tu te estás a referir, acontecem sim, nos SPD da Internacional Socialista, como foi o caso do PASOK. Esse fenómeno acontece nos partidos com uma matriz histórica, socialista operária, por vezes até intelectual e libertária, ainda que divergindo do comunismo, que deveriam ter como principal objectivo corrigir os desequilíbrios do capitalismo, o qual não rejeitam, aceitam-no de forma crítica, mas do qual abdicaram nas últimas décadas, desse criticismo.
    O eleitor da direita tem nos seus bens materiais, na sua riqueza patrimonial, valores a defender. Eles são os donos dos meios de produção. Nós somos a mão de obra mais ou menos especializada. Os nossos bens materiais são a “tola, os braços, e uma enorme vontade de sair debaixo”. Por vezes donos de alguns bens de consumo, há um certo novo riquismo, do que de bens de investimento, a não ser a casa.
    Eles nunca votarão na esquerda. Porque sentem temor da esquerda. Uma espécie de fobia. Eles votam na direita naturalmente, como se fechassem a porta de casa para sua segurança.
    Só que, ….muitos de nós já votamos neles, infelizmente. Nomeadamente quando a esquerda não corresponde aos nossos anseios, e se deixa comprar pelos incomensuráveis benefícios do capital.
    Quem é que não quer ser rico, mesmo lixando os gajos/as que os elegeram, na esperança de defenderem os interesses dos que menos têm? E assim que nasce o esvaziar da social democracia europeia.
    E, já agora, no caso português, a haver PASOKização é o CDS que leva por tabela. Nunca o PSD
    O PSD tem 25% de eleitorado fixo, em Portugal, mesmo na pior das circunstâncias. Mesmo que o candidato a primeiro ministro, do PSD, seja a Maria Leal! Podes crer!
    Acredita, João. Vai por mim, que eu andei a estudar para para polítólogo.
    Foi pena é ter ficado só pela 4° Classe!

    • joão lopes says:

      é verdade,e nesses 25% estão muitos que adoram o Salazar,e que nunca foram proibidos de expressar o seu (mau) gosto,bem pelo contrario,toda a vida cantaram hossanas ao Salazar.estão no seu direito,como outros estão no seu direito(por exemplo,eu) de já saber a historia do salazar de tras para a frente,e não gostar nem um bocadinho da personagem.tenho esse direito,não?

  3. Konigvs says:

    Não há PASOkização nenhuma.
    Os mesmos que agora dizem estar com o PS serão os primeiros a estar com o PSD quando este governo se desgastar.
    Portugal é, politicamente, o país mais previsível do mundo.

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