Sábado, em Nicosia, centenas de cipriotas manifestaram-se contra as medidas de confinamento impostas no país e exigiram mais apoios do governo para conter a crise económica. Em todas as imagens transmitidas na peça da Euronews, e foram várias, todos os manifestantes – repito: todos os manifestantes – usavam máscaras. E fizeram-se ouvir, tal como a peça na Euronews demonstra.
Concordando ou não com as suas motivações, está é uma manifestação com a qual simpatizei, como simpatizo com qualquer manifestação cujo objectivo seja o de lutar por mais dignidade, liberdades, direitos, garantias ou por qualquer outro reforço da democracia. Porque ela não foi suspensa, mas o respeito pela segurança e pela saúde dos outros não pode ser submetido a devaneios ideológicos extremistas. Como não pode ser submetido a provocações baratas ou chalupices.
Imaginem que eu sou contra o limite de velocidade imposto por lei, contra as coimas aplicadas à condução perigosa ou contra o uso do cinto de segurança. E que eu, e outros palermas de igual categoria, decidimos fazer uma manifestação para acabar com todas estes limitações à nossa liberdade de sermos umas bestas rodoviárias. Isso dá-nos o direito de conduzir como uns loucos até ao local da manif, sem cinto, em excesso de velocidade e a fazer curvas em drift, até ao Rossio, pondo em risco o bem estar dos restantes? É claro que não. E não é preciso ser um rocket scientist para perceber isto.
A analogia é válida, João, desde que chega à manifestação. Mesmo sendo ao ar livre, admitamos que poderá infectar outros, tal como se andar a 200 à hora poderá matar outros.
Mas no caminho para a manifestação, muitos vão sozinhos. Ao contrário da condução perigosa, que é sempre perigosa, quem anda de máscara sozinho na rua ou no carro é parvo. Há muita gente parva e, pior, gente a ser perseguida e multada por não ser parva.
Depois temos a ubiquidade das máscaras. Em velhotes e em certos locais (hospitais, etc.) ainda vá, mas esta súbita tara mascarada, por muita justificação que possa ter, parece absurda e distópica. Eu pelo menos não consigo habituar-me.
E depois temos a (in)utilidade de manifestações deste tipo, também conhecidas por passeios na avenida. Resultado prático, zero.
Bem, bem, protestavam por zoom.
Vamos imaginar que alguém anda a matar pessoas em série e há indícios de que o criminoso seja um autor de posts num blogue.
Sob proposta do MP e com acordo do juiz de instrução, para defesa de todas as pessoas, para evitar que sejam cometidos mais crimes, todos os autores de todos os blogues ficam em prisão preventiva – porque todos são suspeitos e não podemos colocar em risco mais vidas. “E não é preciso ser um rocket scientist para perceber isto.”
Bonita lógica e viva a democracia à João Mendes e quejandos.
Sempre com post idiotas, idiota
Se ficasse toda a gente em prisão preventiva, estava a normalidade mais perto. Da Austrália ao Japão, há países que lhe explicam se quiser.