Vacinar crianças e adolescentes??

[Olavo Gonçalves, Médico Pediatra, Novembro de 2021]

Face à publicidade intensiva dedicada às vacinas para o SARS-CoV-2 nos media dos últimos dias, tenho afixado no meu consultório o documento que tomo a liberdade de enviar-vos em anexo [copiado em baixo], em resposta à questão específica colocada por vocês sobre os vossos filhos.

Agradeço que leiam e vejam que para uma doença que afecta gravemente em especial as pessoas de mais de 60 anos, que representam desde sempre cerca de 96% dos óbitos (98,6% com mais de 50 anos), em vez de mais atitudes para melhorar seu atendimento e sobrevida (não basta vacinar), decidiram vacinar: crianças e adolescentes, que praticamente não têm hipótese de ficar gravemente doentes ou morrer, os poucos que ficam doentes a Pediatria trata sem dificuldade, sem que nenhum estudo tenha sido publicado de eficiência das vacinas ( só dizer que produzem anticorpos poucas semanas depois, não é suficiente), não evitam que transmitam a doença e que afinal as vacinas são do tempo que dominavam as variantes que já não existem no país há muitos meses.

Entretanto, continuam os óbitos dos mais velhos, com quem a Sociedade pouco se preocupa excepto se afetar familiares.

Amigos.

Agradeço a vossa confiança e devo dizer que a questão que colocam, muito legitimamente tem sido levantada por muitos outros clientes meus, por telefonemas e e-mail realizados. Vou  responder por pontos para mais fácil leitura com base nos meus 43 anos de médico e muito estudo de dados de qualidade publicados sobre o tema:

1 – Morreram desde março 2020,  isto é em 22 meses, 5 pessoas com idade inferior a 20 anos (mas 0 crianças entre 5 e 11 anos) que apresentavam todos à partida, antes da Covid os afectar, situações clínicas excessivamente graves, num universo de 301.009 casos positivos nesse grupo etário (0,0017% de óbitos). Atenção que, casos positivos, não significa que tivessem sinais de doença, pois a maioria apenas fez testes porque algum dos seus contactos tinham tido teste positivo. Temos aliás muitos milhares de crianças em Portugal com problemas muito graves dos pontos de vista neurológico, pulmonar, cardíaco, imunitário e oncológico e aí sim, onde sérias preocupações se colocam  e que felizmente não têm tido problemas com a Covid-19. Temos tido poucos internamentos que a Pediatria tem resolvido. Dados semelhantes existem em todo o mundo. Por isso logo à partida, não tem sentido vacinar as crianças, cujo risco de óbito é quase nulo e os imensos casos positivos que já ocorreram, ficaram imunizados.

2 – Por outro lado, não há qualquer série publicada, de vacinação em crianças pelo menos com poucos meses de seguimento, para apreciar vantagens reais (isto é eficiência) e eventuais consequências! E não estou apenas a pensar nas miocardites e pericardites que têm sido encontradas em adolescente e jovens adultos pós-vacina em todo o lado incluindo Portugal! Apenas demonstraram que os vacinados desenvolviam anticorpos e que ninguém morria a curto prazo … foi suficiente para aprovação da vacina em crianças. E atrevem-se a propor administrar no adolescente dose de vacina igual à do adulto!! numa decisão bem aleatória (embora agora 1/3 de dose nos de idade entre 5 e 11 anos).  Muitos adultos apresentam queixas graves após a 2ª dose como é do conhecimento geral e com a maior facilidade propõem a mesma dose para adolescentes de 12 ou 13 anos?  Nos ensaios clínicos de qualquer medicamento, habitualmente existem várias fases (sendo a fase 4 a de uso generalizado na comunidade). Na fase 2 dos ensaios, fazem-se comparações entre 2 doses o que realmente foi feito para adultos, mas não existiu para os adolescentes!

 A propósito, após decorrerem 2 meses de vacinações em Portugal de adolescentes (12 a 17 anos) registaram-se nesse grupo, 78 reacções adversas classificadas como “graves” pelo Infarmed no seu relatório de 31 de outubro (reacções de anafilaxia ou seja, reacção alérgica grave, pouco depois de tomarem a vacina e 13 miocardites/pericardite foram registadas poucos dias depois da vacina). As reacções alérgicas ocorreram mais nos que já tinham outras alergias conhecidas.

3 – Administrar vacinas pouco testadas no tempo, para uma doença que não mata crianças/adolescentes mesmo com o apelo da imunidade de grupo, que aliás pensa-se que não exista para vírus respiratórios, não parece sensato nem exequível!       

4 – Dizem-me…pode proteger os outros. Falso!! Pois os estudos das vacinas demonstraram (na altura em que dominavam as variantes alfa, beta e gama) que protegiam as pessoas de ficar gravemente doentes, havia menos óbitos e também apresentaram os efeitos adversos, mas tudo a curto prazo, pela pressa em desenvolver vacinas que resultassem nesta pandemia. Não se encontrou em nenhum estudo que evitem transmitir a doença e a experiência entretanto colhida vai nesse sentido.

5 – A DGS ao generalizar a vacinação no grupo dos 12-17 anos, subjugou-se ao poder político mais uma vez, contra a sua própria decisão  tomada poucos dias antes (que era a de vacinar apenas grupos de risco elevado) sem ter sido publicado qualquer facto científico novo. 

 Quanto às idades entre 5 e 12 anos, no mesmo dia em que a ministra da saúde dizia que ainda faltava o parecer da “comissão técnica de vacinação” para avançar com o processo, o 1º ministro e a mesma ministra diziam que a 1ª dose de vacinas pediátricas chegaria em 20 de dezembro e a 2ª dose em janeiro de 2022. Portanto a comissão só tinha 1 posição possível. Dizer que não via contra-indicações ao uso generalizado, embora vá considerar estar particularmente indicado nas crianças de risco, sem especificar quem são e que parece ser vacina segura. Deixa ficar o politicamente correcto.

6 – Os óbitos e os casos graves de Covid-19 habitualmente ocorrem nos que têm mais de 60 anos. O que pode ser feito? Observar todos os doentes crónicos e colocá-los bem compensados/equilibrados com ajustes das medicações para quando chegasse o tempo frio estivessem em condições de defrontar este vírus? Não foi feito para a maioria! Muitas consultas são exclusivamente por telefone, os casos positivos que trabalham, têm baixa e alta decididas por telefone, sem serem observados e quando decidem ser mesmo avaliados por médico, fazem-no nos hospitais, mas já quando estão em fase terminal. Seria importante serem avaliados e submetidos a eventual medicação mais cedo, em tempo útil?? … Mas só tem interessado isolá-los e safam-se ou chegam finalmente ao hospital, mas em estado lastimável.

E assim, porque desde sempre 96% dos óbitos são dos maiores de 60 anos (98,63% acima dos 50 anos) que estão quase todos vacinados, a decisão foi… primeiro VACINAR OS DE IDADE INFERIOR A 18 ANOS e AGORA OS DE 5 AOS 11 ANOS (empresas farmacêuticas falam em fazer 3 doses para idade entre 6 meses e 5 anos!) … que não morrem!! E faz-se um intervalo na corrida para a vacina da gripe e 3ª dose de vacinas para a Covid, para dar lugar aos menores de 12 anos, mesmo sem nenhum estudo sério publicado a validar. (não basta dizerem os estudos, que as crianças produzem anticorpos à vacina da Pfizer).  Ao vacinar crianças e adolescentes (que não morrem, é excepcional ficarem muito doentes e por isso não existe grupo controle para fazer qualquer estudo sério), consegue-se melhorar as percentagens de óbitos no grupo total de vacinados!   

7 – Que vacina insistem em vacinar? As vacinas anti-SARS-CoV-2 que já têm 1 ano e meio de criação!! … sabendo que os vírus” respiratórios” sofrem mutações muito frequentemente e que as variantes alfa, beta e gama já não existem em Portugal há muitos meses!!!  É como se este ano vacinassem para a gripe, com a vacina da gripe do … ano passado. Tanto se lamenta da Covid-19 mas alguém exige aos laboratórios para fazerem vacina atendendo às novas mutações? As vacinas (excluindo a chinesa) são para alertar o sistema imunitário para o espigão/espinho (spike) do vírus mas é mesmo nos genes que codificam o “spike” que sucedem as mutações mais perturbadoras. Será que quando ocorrerem aí muitas mutações, o corpo dos vacinados deixará passar o vírus sem o reconhecer? Já eram algumas variações na variante delta e muito mais (pelo menos 37 mutações) na variante “omicron” que acabou de chegar. Entretanto segundo dados da DGS 1.660.058 pessoas acusaram positividade nos testes e se admitirmos que não são falsos-positivos, já estarão melhor imunizadas conhecendo o vírus inteiro e não apenas o “spike”.        

8 – Acreditamos numa vacina para os grupos de risco elevado mas queremos mais eficazes (adequadas às novas mutações) e claro que, não é de nenhum modo suficiente vacinar apenas! Torna-se necessário tomar outras medidas complementares muito mais importantes que administrar uma vacina para a variante alfa (por isso agora com uma eficácia muito menor do que foi publicado no lançamento das vacinas) apesar dos laboratórios continuarem a vangloriar-se de vacinas que … não correspondem às necessidades actuais. Morreram em Portugal 1788 pessoas com Covid-19 quase todas com a vacinação completa (os que não têm, são amplamente publicitados), segundo relatórios da DGS de 1 de agosto de 2021 a 11 de janeiro de 2022.   A eficiência da vacina e as atitudes tomadas, ninguém questiona??

Do mesmo modo vão os dados comparativos entre 2021 e 2020. Por exemplo em 31 dias de agosto (mês do pico do verão) com quase todos os adultos com a vacinação completa (recorde mundial!) morreram em Portugal 370 pessoas em 2021 e … 87 nos mesmos dias do ano passado, quando não existia a vacina (283 mais neste ano!) e só a partir de outubro morreram mais no ano passado quando comparado a 2021, quase todos acima dos 65 anos nos 2 períodos (segundo DGS 100% desse grupo etário com vacina completa!). A intervenção deve ser pois muito mais diversificada e robusta nesses grupos etários. E vai dizer-se agora que morreram pelas outras patologias que têm, mas na era anterior à vacina, se tivessem Covid-19 diziam morrer por esta doença ignorando então as co-morbilidades!  Aliás morrem diariamente muito, muito mais AVC, enfartes do miocárdio, insuficiências cardíacas ou cancros e onde muito menores investimentos têm sido feitos.

9 – Sobre os vossos filhos falamos especificamente nas consultas. Mas todos, se globalmente saudáveis como os vossos, que conheço bem, não justificam de modo nenhum serem vacinados. Mas tranquilizem-nos e expliquem, pois também eles andam confusos. Não calculam que possam existir efeitos adversos numa vacina além da dor local (confiam na Medicina) e é esmagadora a pressão social para vacinarem com as limitações de entradas nos mais variados locais e recentemente reforçadas com algumas escolas a dificultarem o direito constitucional dos não-vacinados de aprenderem, discriminando crianças e adolescentes. 

Mas não podemos ir atrás uns dos outros sem reflectir seriamente na decisão, temos a obrigação de ser rigorosos em particular quando se trata das nossas crianças. Dêem-lhes por favor a conhecer os meus argumentos supra e um abraço meu. 

Grato pela vossa atenção. 

Cumprimentos.     Olavo Gonçalves

Comments

  1. Joana Quelhas says:

    Mais um negacionista!
    Como ousa pôr em dúvida “A Verdade Absoluta da Ciência” que os nossos excelsos governantes e “cientistas” dizem na televisão . Temos que regular a Internet, os blogues o YouTube etc . Temos que instituir o Ministério da Verdade. Subsidiar os polígrafo. Isto para começar….

    Joana Quelhas

    • Anti pategos says:

      Deves ter conta no fakebook.

    • João Paz says:

      Mostrar publicamente verdades simples , sem pretensiosismos dá SEMPRE lugar a reacções aberrantes e ridículas como a que Joana Quelhas acaba de debitar. É de saudar quer, em primeiro lugar a coragem deste médico em lutar contra o MONOPÓLIO da Pfiser e a berraria uníssona da Comunicação Social quer o facto de ter sido uma personagem bem conhecida pelos seus disparates primários como a JQ a opor-se-lhe de imediato. Significa não só que é importante a tomada de posição deste clínico como que começa, de imediatoa a ser validada pelas MUITAS JQ destes tempos de loucura. Bem haja pois Doutor Olavo Gonçalves. Contiunuará a ser CENSURADO nas televisões mas, pelo menos no Aventar temos o previlégio de o ler. Obrigado, mais uma vez.

  2. Fernando Pereira says:

    Joana Quelhas está a ironizar, não sejam radicais! A frase A Verdade Absoluta da Ciência está entre aspas, a palavra cientistas está entre aspas (sabem o que significam palavras entre aspas, claro) chama aos governantes excelsos, adorei, em especial subsidiar o polígrafo e criar o Ministério da Verdade. O português em ironia é assim tão difícil?

  3. Paulo Marques says:

    Obrigado pelo testemunho de… Novembro, uma variante, e uma enorme quantidade de papers que resolvem os achismos, que, em defesa do autor, era a única coisa que se tinha para qualquer posição.
    Mas quanto à parte que interessa – o resto, quem for maior e não vacinado que se sujeite à possibilidade de danos permanentes – mantenho que é uma posição legítima não vacinar adolescentes e, especialmente, crianças, nesta fase. Mas também que os problemas de curto prazo que trazem são menos complicados do que os problemas de fazer ecmo, e em probabilidade menor.
    E, especialmente, não é razão para vociferar contra a Pfizer, cujos medicamentos mais caros para tratamento não vão rejeitar no hospital, nem sequer está perto de um monopólio.

    • j. manuel cordeiro says:

      Falou o pediatra. Muito bem, Dr. Paulo Marques.

      • Paulo Marques says:

        Nem sequer falei sobre pediatria, limitei-me a dizer o mesmo que o médico do São João.


  4. A outra meia verdade que passa na televisão, só está a contar com o apelo aos que estão hesitantes para serem inoculados. Pois está provado que é extremamente segura para os fabricantes e companhia… Os que têm reações adversas ou morrem, esses são classificados negacionistas.
    Existem imensos dados e informações que colocam a limpo os seus danos e intenções.

    • Paulo Marques says:

      Não, negacionistas são os que querem “provar” que as reacções adversas são em maior proporção e em maior risco, mas já só os hospitais confirmam o disparate.
      Felizmente, num raro país em que as pessoas (também raramente) tiveram juízo, rapidamente será um problema quase exclusivamente deles e da sua sorte. E a pena estará esgotada.

      • j. manuel cordeiro says:

        O que está provado é que a vacina salvou muita gente com mais de 50 anos, onde a mortalidade é considerável. O resto é política. E o resto inclui a imunidade de grupo (que não existe), a vacina como agente de proteção colectiva (só protege o próprio, já que não impede a transmissão da doença) e a aplicação da vacina às crianças (onde não há mortalidade).

        • Paulo Marques says:

          Sim, é uma vacina igual às outras, e, da mesma forma, não actua no tracto respiratório superior.
          O resto é capacidade hospitalar, que voltem a ir criar valor para a conta do patrão rapidinho é o que os produtores e os seus investidores querem.


  5. Ter em atenção que a Vacina é uma forma viral do SARS-CoV-2, para nem sequer mencionar que existem formas mRNA, DNA entre outras que são classificadas terapias genéticas.

  6. Júlio Santos says:

    AOS NEGACIONISTAS

    Será que, sem as vacinas, nós estaríamos melhor ou pior do que estamos, em termos de hospitalizações em enfermarias, em cuidados intensivos e em número de mortos?
    RESPONDAM SEM EVASIVAS.

    • Tuga says:

      Os negacionaistas não querem dar nem receber respostas.
      Eles querem é fazer politica com isso

      • j. manuel cordeiro says:

        Outro que não leu o artigo. Quem quer afinal fazer política com a ciência?

    • luis barreiro says:

      Em África só 1% da população está vacinada e têm menos mortes que a população da europa vacinada.


      • Em boa parte de África a esperança media de vida anda pelos 40 anos. Não há lá muitas potenciais vitimas de Covid.

        • Paulo Marques says:

          Nem há, em muitos sítios, capacidade para acompanhar seja o que for.

      • Paulo Marques says:

        E na Coreia do Norte não há um único infectado!

    • j. manuel cordeiro says:

      Júlio Santos, leu o artigo? Não me parece.

  7. Júlio Santos says:

    É porque teem a pele mais dura e o covid não se lhes entranha.

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  1. […] Portuguesa de Alergologia Pediátrica, bastaria ter também pedido um depoimento ao pediatra Olavo Gonçalves para que houvesse igual número à favor e […]