A carta de Pedro Dias ao governo

Sendo um péssimo discípulo do Mestre, como entre alunos e antes de existirem mestrados o tratávamos, sempre tive muito orgulho em ter aprendido com Pedro Dias. Politicamente é outro filme, muito embora conheça o seu percurso político, da oposição antes de 74 ao PPD pouco depois. Homem honrado sempre o conheci:

Exmo. Senhor Doutor Rui Pereira

Muito Ilustre Chefe de Gabinete do Secretário de Estado da Cultura

Venho, por este meio, manifestar a V. Exa. o meu desconforto pela situação que me foi criada, com os sucessivos adiamentos da minha saída da direcção da Biblioteca Nacional. Ficou claro, quando do surpreendente convite que me foi feito, que só o aceitaria, pelo período necessário que decorresse até à reabertura ao público da Biblioteca Nacional de Portugal. Acaba de passar um ano sobre essa data, em que, todo o espólio da instituição, fisicamente ou através de meios informáticos, voltou a estar disponível. Apesar dos meus apelos, e da minha renúncia formal, em 28 de Dezembro passado, não fui dispensado, acrescendo que, desde 1 de Abril último, por motivo da entrada em vigor da nova Lei Orgânica, me encontro em gestão corrente. Os prejuízos pessoais e familiares para mim são grandes, e do ponto de vista de saúde ainda pior.

Mais ainda, não só não me revejo na politica do Senhor Primeiro Ministro, como estou completamente contra ela, e não reconheço legitimidade ao Governo para se manter em funções, por ter renegado todas as promessas feitas ao eleitorado, e que constituem a base da sua legitimidade democrática.

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Acordo Ortográfico: a gaguez de Francisco José Viegas

Esta entrevista a Francisco José Viegas (FJV) sobre o Acordo Ortográfico (AO) é um amontoado de gaguez, de indefinições e de disparates. Depois de ter ouvido atentamente, limito-me a aglomerar, também eu, alguns comentários, tentando gaguejar menos, definir melhor e evitar o disparate.

Francisco José Viegas começa por confessar que há coisas no AO de que gosta e outras de que não gosta, o que é irrelevante, porque a discussão sobre este assunto só faz sentido a partir do momento em que não se fale de gosto.

Depois, e após relembrar que o AO está a ser discutido há vinte anos, afirma que foi discutido à última da hora, o que é muito semelhante a um paradoxo. Sobre este arremesso alegadamente tardio, aproveita para ironizar acerca de uma tendência lusa para esperar até ao último momento e contestar uma medida há muito anunciada. FJV revela, assim, um profundo esquecimento acerca dos vários pareceres dados por especialistas.

Aproveitando a deixa de FJV, e analisando um outro tique português, a verdade é que, nas questões ligadas às Ciências Humanas e Sociais, há uma tendência do poder e da opinião pública para desprezar repetidamente os contributos dos especialistas nas matérias. Assim tem sido com a Educação, com o desprezo a que são votados avisos e contributos dos professores, e assim tem sido com a questão do Acordo Ortográfico, em que os muitos pareceres emitidos por linguistas foram ignorados e  considerados manifestações de mera caturrice. [Read more…]

A incompetência é a imagem de marca de Elísio Summavielle, o novo Director-Geral do Património


Informa o Público que Elísio Summavielle, Secretário de Estado do último Governo Sócrates, será o novo Director-Geral do Património.
Uma notícia que, «por acaso», o Aventar já deu em primeira mão no dia 5 de Janeiro, ou seja, há cerca de mês e meio.
É por isso que esta nomeação não me espanta. O facto de ser incompetente nunca foi obstáculo para que Elísio Summavielle ocupasse os mais altos cargos na área da Cultura. Foi técnico do IPPC, onde não se lhe conhece trabalho. Partiu então para a Câmara Municipal de Lisboa – Lisboa/1994, naquele que terá sido o primeiro cargo que ocupou graças a ligações políticas.
Chegou então rapidamente a Vice da DGEMN, uma prateleira dourada onde se passeou até ir para o Ministério da Cultura. Aqui, foi Assessor da Ministra Isabel Pires de Lima antes de se tornar Presidente do então IPPAR até 2007. Nesse período, desmantelou o que funcionava no Palácio da Ajuda (com a colaboração de Henrique Parente, recentemente reconduzido por Francisco José Viegas) e conduziu uma política errática que incluíu até a perda de fundos comunitários por inércia. [Read more…]

O esquizofrénico José Viegas (II): Elucubrações acerca do uso do pseudónimo António Sousa Homem, da acumulação de funções de um governante e da promiscuidade entre a política e a Comunicação Social


Francisco José Viegas, o secretário de estado da Cultura, mantém há alguns anos uma coluna de crónicas no «Correio da Manhã», onde escreve sob o psuedónimo António Sousa Homem. Continua a fazê-lo ainda hoje. Não sei se um governante pode acumular com outras funções remuneradas no sector privado nem se esta sua actuação envolve de alguma forma promiscuidade entre a política e a Comunicação Social. Mas moralmente não é ético.
Seja como for, o objectivo deste post é outro: averiguar da sanidade mental daquele a quem está entregue a pasta da Cultura no actual Governo. Recordo que a esquizofrenia é um transtorno psíquico severo que se caracteriza por alterações do pensamento, alucinações, delírios e alterações no contacto com a realidade.
A questão não é escrever sob pseudónimo – muitos o fazem. A questão é ter sido ele próprio, como Francisco José Viegas, a pôr António Sousa Homem nas «bocas do mundo». É ter inventado uma biografia completa a que não faltou a respectiva fotografia. É fazer a apresentação pública, na Bertrand, de uma obra de António de Sousa Homem e dar-se ao trabalho de dar a notícia de que o próprio estava doente das coronárias e do fluxo renal e que por isso não tinha podido comparecer. E dar-se ao trabalho de forjar uma suposta carta de António de Sousa Homem a lamentar não poder estar presente.
Este homem não é lúcido. Ou então julga-se O Meu Pipi. Não vou falar de Pessoa, seria um insulto à sua memória.

Pedido de desculpas a Francisco José Viegas

Venho por este meio pedir desculpas a Francisco José Viegas por ter posto em causa a sua integridade no post «A promiscuidade e as ligações perigosas de Francisco José Viegas». [Read more…]

Procura-se Francisco José Viegas por crimes contra a Humanidade

Por ironia do destino, Francisco José Viegas nasceu no Pocinho, terra onde termina uma das mais belas linhas ferroviárias do nosso país, a Linha do Douro. O Pocinho fica no concelho de Vila Nova de Foz Côa, local onde há uns anos se conseguiu impedir a construção de uma Barragem que iria submergir um extenso conjunto de gravuras rupestres do período Paleolítico.
Alguns anos depois, Francisco José Viegas, que não se comove com essas coisas, prepara-se para ser o coveiro de uma das mais belas regiões do país, o Vale do Tua, e seguramente da mais bela linha ferroviária de Portugal e da única ligação que ainda permanece ao serviço das populações de Trás-os-Montes. Pelo meio, ainda será capaz de destruir a classificação do Douro como Património da Humanidade.
Aliás, a estratégia dos últimos dias parece ser essa. Ameaça-se com a perda da classificação do Douro, para, no final, garantir a continuidade da mesma e, como estava planeado, destruir o Vale e a Linha do Tua. [Read more…]

Coisas Práticas: definições políticas

Francisco José Viegas, escritor, jornalista, editor e novo secretário de estado da cultura, reuniu crónicas num livro e chamou-lhe Dicionário de Coisas Práticas.

No final final da apresentação acrescentou duas definições que, supostamente por razões práticas, não couberam no dicionário: uma é que um ministério (qualquer um, dada a generalidade da afirmação) é um gueto. Outra é que uma secretaria de estado é, afinal de contas, um jogador que pode não abrir o jogo (pelo menos para já).

Reconheço que aprecio o imaginário “série B” de FJV. Todos sabemos, nem que seja pelas aventuras de Jaime Ramos, que com o jogo aberto é mais difícil fazer bluff.