Francisco José Viegas, escritor, jornalista, editor e novo secretário de estado da cultura, reuniu crónicas num livro e chamou-lhe Dicionário de Coisas Práticas.
No final final da apresentação acrescentou duas definições que, supostamente por razões práticas, não couberam no dicionário: uma é que um ministério (qualquer um, dada a generalidade da afirmação) é um gueto. Outra é que uma secretaria de estado é, afinal de contas, um jogador que pode não abrir o jogo (pelo menos para já).
Reconheço que aprecio o imaginário “série B” de FJV. Todos sabemos, nem que seja pelas aventuras de Jaime Ramos, que com o jogo aberto é mais difícil fazer bluff.
já se sabia que o FJV é um vendedor de enciclopédias para gente culta, da série coleccionável “planeta de bolaño” e marqueteiro oficial do rentes de carvalho (não tarda está a ganhar um pémio literário).
agora pelos vistos também vende dicionários. e quem é que lhe vai comprar o dicionário cheio de crónicas já publicadas no correio da manhã? aqueles que já as leram no correio da manhã e no blogue do autor.
um autêntico produto três em um, e sempre a facturar: crónicas pagas e livro pago feito da compilação dessas crónicas já pagas.
pela amostra, no que toca à gestão das verbas que estão atribuídas à SE da Cultura, podemos estar descansados que o FVJ vai saber administrá-las.
.. Sendo verdade que é, o Ministério da Cultura —e os outros—, um gueto, o que há, de diferente, na Secretaria de Estado da Cultura e nas outras?… A verdade é que cada ministro e cada secretário de estado se tornam guetos que só podem ser frequentados por rapaziada afim.
Acho, sinceramente, que o Francisco José Vegas poderia, perfeitamente, ser o autor da “Crónica Dos Bons Malandros”.