A geringonça desconfia dos cidadãos

Não foi com surpresa que ontem vimos o PS, o BE e o PCP a aprovarem na especialidade o fim da inviolabilidade do sigilo bancário, apenas permitido por um juiz, em caso de suspeita de ilícito e a pedido do Ministério Público, como é fundamento basilar de uma Democracia livre. De facto, os partidos que sustentam o actual governo, querem que os bancos passem a informar a Autoridade Fiscal e Aduaneira quem tem mais de 50 mil euros depositados a 31 de Dezembro do ano anterior, embora sem divulgar nem movimentos nem extractos da(s) conta(s).

geringonça

Como o J. Manuel Cordeiro já ontem aqui referiu, o motivo adiantado por Mário Centeno é de que se trata de uma medida de “extrema importância para o combate à fraude e evasão fiscal” e de que os dados apurados “servem como desincentivo à ocultação e têm importante função preventiva”.

Importa dizer, frontalmente e sem qualquer rebuço, que essas explicações são próprias de políticos que desconfiam dos cidadãos [Read more…]

Os novos milionários têm 50 mil euros no banco

O pressuposto é travar a evasão fiscal. Como se sabe, esta é massivamente praticada por quem mantém contas de 50 mil euros em bancos nacionais. A fuga ao fisco não vem de quem tem os meios para usar offshores e para adquirir bens urbanos e rústicos a pronto pagamento, por exemplo.

Na prática, o que vai acontecer é uma coisa muito simples. O fisco vai ficar a saber se há espaço para aumentar ainda mais os impostos. Afinal de contas, se a alguém sobra 50 mil euros parados no banco é porque os impostos não levaram tudo, havendo espaço para optimização.

Para memória futura, a “medida contou com os votos favoráveis do PS, do BE e do PCP. O PSD votou contra e o CDS-PP absteve-se“. Sublinhe-se que o partido dos contribuintes (*) se absteve.

(*) Quem por curiosidade visitar os “pingback” deste “link” descobrirá que os posts referenciadores foram apagados. Mas a Internet não perdoa, como se regista aqui e aqui.

CGD não revela lista de devedores

Emília Pestana

A Caixa Geral de Depósitos diz que não revela a lista dos 50 maiores devedores, por causa do sigilo bancário. Não tem nenhum problema, contudo, em ameaçar com contencioso, e queixa ao Banco de Portugal, um cliente que deve 15 cêntimos.

Isto, sim, é gestão!

 

 

Passos Coelho VS Passos Coelho

O país está ou não está a crescer, senhor deputado? Decida-se. Não faça é a mesma figura que fez a propósito da solução encontrada para o Banif, do aumento dos impostos sobre o consumo, do levantamento do sigilo bancário ou da taxação do património. É certo que a malta precisa de se rir, mas isto começa a ser constrangedor e Portugal precisa de uma oposição coerente e responsável. Debater o país não é a mesma coisa que brincar aos jotas. Quando é que começa a levar o país a sério?

Vídeo: Luís Vargas@Geringonça

Um PSD, dois sigilos bancários

Façam pipocas, este PSD está cada vez mais divertido!

A seguir ao Tarantino, o Vargas é o meu realizador favorito. E o Tarantino que se ponha a pau 🙂

Video@Geringonça

Quando o PSD queria estalinizar o país

ppcmm

Estamos no longínquo ano de 2005. Luís Marques Mendes é presidente do PSD e Pedro Passos Coelho seu vice. No Parlamento, o camarada Paulo Rangel dá a cara por uma proposta controversa que conseguiu a proeza de unir CDS-PP e PCP num coro de críticas. Tratava-se do levantamento total do sigilo bancário, proposta incomparavelmente mais radical do que aquela que foi recentemente vetada por Marcelo Rebelo de Sousa e que levou o deputado Leitão Amaro, num tom de convite ao pânico, a falar numa “verdadeira radicalização em curso deste governo das esquerdas“. Pobre Leitão Amaro, rodeado de estalinistas com pele de cordeiro, numa bancada onde ainda pontificam tantos daqueles que subscreveram esta proposta, entre eles o seu querido líder e secretário-geral do comité central do PSD, o camarada Passos Coelho. [Read more…]

O striptease não é para todos

Offshora

(imagem via Quem não offshora não mama)

Passos Coelho, um homem tão remediado, mas tão remediado que ainda há uma semana não se lembrava se tinha ou não recebido dinheiro da Tecnoforma/CPPC, tal era o seu grau de remedeio, afirmou no Parlamento, em resposta ao desafio de António José Seguro para levantar o seu sigilo bancário de forma a esclarecer de uma vez por todas a questão, que não estava disposto a fazer o “striptease” das suas contas bancárias por se tratar, nas palavras do primeiro-ministro, “de um direito fundamental à reserva pessoal”.

Pergunta: os requerentes do abono de família também são abrangidos por este direito fundamental? Não? Porquê?

P.S. “Passos Coelho” e “striptease” não combinam. Há quem também trabalhe em regime de exclusividade e esteja em melhor (tecno)forma!