A crise que vivemos e a família

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O orçamento de estado para 2013, acaba não apenas com as entradas lucrativas, bem como com começa com os despedimentos do emprego, a falta de entradas e, o que é bem pior, com as lutas familiares.

É verdade que as pessoas juntam lares dentro de uma mesma casa para poupar o pagamento de rendas, que, de certeza, passam a ser mais caras, assunto inusitado no nosso país. Como é natural, todos querem morar no seu canto de família doméstica, mas, quando não há dinheiro, a única alternativa é juntar pessoas da mesma família beijo um mesmo teito.

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Natal não é para todos

É chocante.

Li no DN que um bebé (outro) do sexo feminino, presumivelmente recém-nascido, foi encontrado por um funcionário do polo do Ave da Resinorte, Centro de Tratamento e Valorização de Resíduos Sólidos, em Guimarães.

O bebé terá sido metido num saco de plástico e atirado ao lixo.

E este caso é tornado público a poucos dias da época natalícia…

Natal não é para todos. Nascer e viver não é para todos.

Lembrei-me dum vídeo que corre na net e que diz o seguinte: “Um dia o Homem será o melhor amigo do cão. Este Natal faça a diferença: adopte um cão.”

Um dia, eu espero, o Homem será o melhor amigo do homem.

Chorar

faz bem! Claro!

Humanista

Defino-me como um humanista. Sinto a vida como um valor supremo e por isso sinto muito orgulho na história de Portugal e nos vários episódios que se foram resolvendo “da melhor maneira”.

Vem isto a propósito do José Hermano Saraiva. Ou antes, da sua morte.

Não fiquei contente com a sua morte apesar de o ver mais como o JJC do que como o viu a Céu.

Entendo a Céu – somos da mesma geração e o JHS fez parte da nossa aprendizagem. Por sorte (ou azar) sempre adorei história, apesar de ser mais dado aos números e muito cedo dei de caras com a fragilidade científica do JHS. A sua ligação à Ditadura chegou-me ainda mais tarde. Não tenho, por isso, qualquer respeito intelectual pelo senhor.

Mas isso não me impede de ter ficado triste por ter lido “Menos um” no título do post.

Nem pelo facto dele ter sido o responsável directo pela morte de muitos portugueses lhe desejaria a morte. A ele como a outros imbecis.

a criança velha.Para um estatuto da regressão da vida

nascemos, crescemos,criamos,esquecemos e,finalmente, falecemos

Ensaio de Etnopsicologia da Infância

1 A criança em contexto.

O nosso hábito é falar de criança. É pensar que falamos duma infância que se espalha entre o nascimento e a puberdade. No melhor dos casos. Na forma modelar dos casos baseada nos Códigos Canónico e Civil. Criança, esse ser inocente e exemplo de responsabilidade penal ou civil até aos sete anos ou até aos catorze anos. Conforme a matéria de que trate o seu afazer. Criança inocente por não entender o mundo enquanto forma a sua epistemologia. Criança que não tem memória social,  não conhece o mundo, não tem contacto com a interacção social, nem conhece as hierarquias nem percebe a responsabilidade. Excepto, a sua própria que lhe é incutida pelos adultos, esses que [Read more…]

Pensamentos XIX e XX

XIX

Agarra-te a uma ideia.

Seguras-te melhor se essa ideia não for lisa.


XX

Um mais um, dois, dois mais dois, quatro, quatro mais quatro,

oito. Continua a contar, eu vou viver um bocadinho

e já volto.


Conheça o primeiro Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz.

De manhã não estou para ninguem

Acordo às dez, com a voz do mulherio na cozinha, conversa abafada, de onde sobressai a voz estridente da D. Maria, a porteira do prédio, sobressaltada pela chegada da Zèzinha.

 

Chegam-me emoções que não sei colocar no tempo, serão certamente as vozes das minhas irmãs no fundo das escadas na nossa casa. Ali me mantenho por algum tempo, enquanto me habituo à claridade que  entra generosa pela ampla janela.

 

A caneca do café com leite fumega na mesinha e enquanto tomo o único alimento da manhã, vou-me fazendo à vida. Aventar, ler e-mails e blogues preferidos e são 11 horas. Hora da ginástica matinal.

 

Enquanto sigo as notícias na SIC-N, vou pedalando como um louco na bicicleta fixa que tenho no escritório, a suar ao fim de 40 minutos vou direitinho para o melhor do dia. O banho, depois do exercício físico, é um prazer sempre renovado.

 

Mais Aventar, leituras e escrever o poste diário, chega a hora do almoço que a D. Emília, a senhora que trabalha cá em casa há 30 anos, apresenta fumegante na sala de jantar. Primeiro pecado, almoçar, enquanto torno a ouvir as notícias, agora nos canais generalistas.

 

Passo pelas brasas, reflectindo nas dificuldades do dia, e por volta das 15 horas saio de casa, para o Tejo, para a Baixa ou para a Guerra Junqueiro. Hora de leitura dos jornais, espraiar o olhar nas coisas bonitas da vida, passear, eventualmente ir ao cinema…

 

Se estou em dia de trabalho, recebo pedidos de ajuda do meu sócio, Vensã, com quem tenho uma empresa de prestação de serviços de contabilidade e finanças, jovem de 38 anos, 1,90 metros de altura e uns 100 Kilos, negro da Guiné: "Dôtor, estás pronto para reunião com cliente?", como se não fosse a primeira vez que me fala no assunto; ou então o meu filho "pá, podes vir ajudar que chegou uma carta das finanças?", e aí vou eu suar as estopinhas a bem desta juventude.

 

A noite prolonga-se até às três da manhã, televisão e livros, Aventar e ficar quietinho a ouvir a noite, a rua e os prédios sem luz, sem carros, a cidade a dormir para outro dia de trabalho.

 

Mato-me a rir com os meus amigos que dizem que não sabem estar sem fazer nada, deprimidos, o dia é longo, e eu a explicar-lhes que o pessoal das aldeias senta-se à porta, a  fazer nada, que é um exercício que explica a serenidade e o prazer de viver.

 

Andam cheios de comprimidos e de doenças mas sempre muito atarefados, e eu a perceber muito bem aquele ditado que diz " trabalhar dá saúde"!

 

Sem dúvida, está aqui, neste vosso amigo, a prova viva!