Trabalho baseado n’ “A Grande Onda de Kanagawa”, de Hokusai. Imagem do início dos anos 90,
então lançada pelo Boston Computer Museum e por uma revista chamada The High Tech Times, com
o nome “A onda do futuro”. Mais detalhes no post “A onda do futuro é agora o passado” (em inglês).
Faz hoje dois anos que decorreu o acto eleitoral que ficou conhecido por “as eleições da troika”. Tem sido uma quarta-feira infernal e daqui a pouco, em directo nos três canais televisivos privados, o líder da oposição falará ao país. Talvez algum desses viciados da bloga repita a boca “ó Luís, fico melhor assim ou assim?” mas poucos se lembrarão desse episódio quando Sócrates falar.
Que terá ele a dizer ao país? É uma pergunta retórica pois é sabido que estaremos perante o apogeu de uma semana cheia de acusações lançadas pelo PS e pela AVE, a Aliança Verdadeira Esquerda PCP/BE/PEV. Em causa está a forte possibilidade de voltar a ser negativa a avaliação trimestral que a troika está a realizar ao programa de apoio definido na Primavera de 2011. A confirmar-se o chumbo, a 25ª tranche dos 75 milhões não chegará a Portugal, empurrando assim o país para uma crise salarial sem precedentes.
Sócrates, antecipa-se, repetirá a tese da impreparação e oportunismo eleitoral do PSD, que então lhe permitiu perder as eleições por pouco e que agora tem sido usada para procurar forçar a queda do governo PSD/CDS. A agitação mediática, bem mais intensa do que a das ruas, tem trazido aos pequenos ecrãs os rostos marcados pelas mudanças do duro programa da troika. Aumento do desemprego, maior instabilidade laboral, saúde e educação mais caras e um povo atropelado pelo camião de mudanças dos últimos dois anos serão temas mais do que certos no discurso de daqui a pouco. Mas nem tudo é negativo. Os efeitos das reformas começam espreitar a luz do dia e a comunicação de hoje ao país marcará o arranque oficioso da campanha eleitoral socialista.
Com cada vez mais mais mês a sobrar no fim do ordenado, falta saber se os portugueses ainda terão presente que estarão a ouvir prometer mais Estado Social, mais protecção no emprego e o regresso da dinamização da economia pelas obras públicas pela boca do mesmo político que, entre 2005 e 2011, levou o país à bancarrota. Já disso se terão esquecido, certamente. Apesar de estarmos em crise desde o princípio deste século, ainda vive em nós alguma esperança, a ser alimentada por doces propostas, mesmo que irrealistas. Engana-me, que eu gosto.
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