Aos quatro netos
Assim nascidos de uma virada
Do alto da minha escada os contemplo.
No fundo de mim mesmo
Lá no fundo da cratera
Onde ergui a minha escada
Ouço apenas a voz do medo
Entre o sonho e a quimera.
No cimo da cratera
Onde ainda chega o sol
E a noite amanhece
Nascem flores pequeninas
No seio da erva rasteira
e os degraus de nova escada
Para continuar a primeira.
É verdade, Adão, os netos são uma maravilha – quando os contemplamos, compreendemos que a vida, a nossa vida, tem um sentido e que não acaba connosco. Bonito poema. Eu dedicava-o ao Raúl, a quem acaba de nascer uma neta…
É isso, Carlos. Embora não tenha netos, tenho um filho e um rancho de sobrinhos e sempre olhei para eles desse ângulo. Continuação da vida, dos genes, é um bocado nosso que permanece…
Muito bonito, o poema, e o quadro é uma delícia. Eu olho para ele e vejo um avô que com uma mão muda a fralda, com outra dá mais uma pincelada num quadro, enquanto vai espreitando o estrugido (como se diz cá em cima). É ou não é?
Olha que tens razão, Carla! É uma boa interpretação do quadro.
Aqui entre nós, Luís, eu fiz batota…
Nós faz mal, Carla, fica entre nós…