Quatro netos

               (adao cruz)

(adao cruz)

Aos quatro netos

Assim nascidos de uma virada

Do alto da minha escada os contemplo.

No fundo de mim mesmo

Lá no fundo da cratera

Onde ergui a minha escada

Ouço apenas a voz do medo

Entre o sonho e a quimera.

No cimo da cratera

Onde ainda chega o sol

E a noite amanhece

Nascem flores pequeninas

No seio da erva rasteira

e os degraus de nova escada

Para continuar a primeira.

Comments

  1. Carlos Loures says:

    É verdade, Adão, os netos são uma maravilha – quando os contemplamos, compreendemos que a vida, a nossa vida, tem um sentido e que não acaba connosco. Bonito poema. Eu dedicava-o ao Raúl, a quem acaba de nascer uma neta…

    • Luís Moreira says:

      É isso, Carlos. Embora não tenha netos, tenho um filho e um rancho de sobrinhos e sempre olhei para eles desse ângulo. Continuação da vida, dos genes, é um bocado nosso que permanece…

  2. Carla Romualdo says:

    Muito bonito, o poema, e o quadro é uma delícia. Eu olho para ele e vejo um avô que com uma mão muda a fralda, com outra dá mais uma pincelada num quadro, enquanto vai espreitando o estrugido (como se diz cá em cima). É ou não é?

  3. Luis Moreira says:

    Olha que tens razão, Carla! É uma boa interpretação do quadro.

  4. Carla Romualdo says:

    Aqui entre nós, Luís, eu fiz batota…

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