Imaginem uma povoação com cerca de 1000 pessoas em que 950 ficam em casa caladinhos e os outros 50 vêm para a rua gritar muito e histericamente. Não tenham dúvidas, esses 50 vão parecer 500, 600 ou 700 e o que berram vai aparentar ser o pensamento dominante.
[Read more…]“Um dia pode acontecer uma chatice e não será bom para ninguém”
O documento aqui reproduzido – uma página de um jornal local de Vila Nova de Gaia – é confrangedor, mas ele retrata o estado a que chegaram algumas instituições e o tipo de político que as lidera. O autarca em causa é também presidente do Conselho Metropolitano do Porto e queixou-se recentemente de ter sido admoestado pela Comissão Nacional de Eleições por andar a distribuir panfletos contra a violência no desporto.
Estas são algumas das frases dirigidas a um vereador da oposição pelo presidente da Câmara de Gaia durante uma reunião pública, segundo relata o jornal local:
França agrilhoada pelos políticos do medo
Os franceses elegem hoje o sucessor de Hollande, tendo, por opção de 45,31% deles na 1ª volta, a escolha entre Marine Le Pen e Emmanuel Macron. O sistema presidencialista francês, optou, constitucionalmente, por uma eleição dualista numa 2ª volta entre os dois candidatos mais votados, com o objectivo de proteger o seu país do vazio de poder e de presidentes eleitos sem uma maioria simples que legitime o seu poder.
Evitando cair em crítica fácil por reducionismo, aponta-se, desde já, a principal virtude deste sistema – assegurar e reforçar a legitimidade do futuro Presidente, num sistema que o privilegia relativamente aos Parlamentos, sejam eles simples ou composto de câmara alta e baixa, como é o caso de França. No entanto, não podemos deixar de apontar alguns perigos para a Democracia que tal sistema comporta, nomeadamente dois, a saber:
1 – uma minoria pode obrigar uma maioria a votar em quem não se identifica [Read more…]
Braga, o Medo e o Respeitinho
A AUTO-CENSURA é mais tenebrosa que o MEDO?*
(o tema é mesmo supermercados)
Um grupo de cidadãos reúne-se em Braga (“a terceira cidade de Portugal“) para discutir a implementação em curso de (mais) um supermercado numa zona consolidada da cidade.
A dar eco deste debate sobre urbanismo e qualidade de vida na cidade está presente a Rádio Universitária do Minho – www.rum.pt
Na cidade, publicam-se os dois únicos jornais diários de todo o Minho, o Diário do Minho – de assumida inspiração católica, – e o Correio do Minho – assumidamente inspirado por quem quer que queira pagar.
Na terceira cidade de Portugal, nenhum dos dois jornais diários aqui publicados optou por dedicar um único parágrafo a um debate sobre urbanismo (mau urbanismo, na minha opinião).
Será porque a autarquia, convidada, declinou o convite para se fazer representar?
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Doutores e Xamãs
Ilustração: Bruno Santos
A titularidade de um grau académico representa, em síntese, a indicação da posse de um segredo. Quanto mais elevado for o grau académico, mais profundo e valioso esse putativo segredo será.
Quando se ostenta a posse, real ou simplesmente convencionada, de um segredo, ou seja, de um poder, pretende-se suscitar, nos outros, dois sentimentos: temor e reverência.
Temor porque nunca sabemos se o segredo que o outro possui lhe confere o poder de nos punir ou, pelo contrário, de nos privilegiar. Reverência porque, na dúvida, preferimos não provocar a sua ira, não vá ele fazer uso desse poder no sentido que nos for mais prejudicial.
Medo, terror e indiferença
Esta noite, o terror voltou a sair à rua. Bastaram duas bestas e um camião TIR, e o resultado foram centenas de pessoas atropeladas numa avenida movimentada em Nice. O número de mortos, na casa das largas dezenas, continua a aumentar. Mais de 50 feridos em estado grave. Um número indeterminado de feridos ligeiros. Pânico nas ruas, bandeiras de França no Facebook e notícias sobre indivíduos virtuais que celebram e aparentemente reivindicam o ataque. A pátria da liberdade, igualdade e fraternidade de novo em estado de sítio. [Read more…]
A ameaça extremista e os saudosistas do rectângulo
Nos dias que correm, o significado do termo “liberdade” começa a perder propriedade e passa a servir para tudo. Serve para justificar a especulação e o terrorismo financeiro, serve para legitimar a exploração e a destruição de direitos laborais, serve para subjugar Estados à ditadura dos mercados, serve para que os opositores do Estado Social justifiquem financiamentos estatais ao privado dependente e parasitário e serve também para trazer alguma extrema-direita a reboque. O Partido da Liberdade da Áustria, uma agremiação de fanáticos de extrema-direita neonazi que empunha com vigor a habitual bandeira da xenofobia, é um exemplo que incorpora muito do acima referido.
Acontece que estes fundamentalistas estiveram perto de vencer as Presidênciais austríacas do passado fim-de-semana, embalados por uma oportunista e chico-esperta instrumentalização da crise dos refugiados. Tal como alguns profetas da desgraça que por cá vão saindo do armário, também os nazis austríacos fazem uso, em permanência, da arma do medo. E isso entusiasma os seus pares europeus como Marine Le Pen ou Geert Wilders, sedentos de mais “liberdade” para discriminar, intimidar e reprimir. [Read more…]
A grande máquina da direita radical
Trata-se de uma máquina bem oleada, composta pelos mais hábeis activistas da direita radical, dispõe de financiamento abundante e sem paralelo e ataca em força, numa base diária, através dos jornais e de outros pravdas online que integram a rede do ministério da propaganda do “jihadismo” financeiro ultraliberal.
O seu objectivo primordial é plantar na opinião pública a ideia de que qualquer valor ou política de esquerda é tendencialmente destrutiva e ditatorial. Que a solução para os nossos problemas reside na instauração de um regime em que a soberania do mercado, ironicamente apelidado de livre, implica a submissão da esmagadora maioria da população à ausência da regulação e à lei do mais forte. Que devemos ser passivos e obedientes para não incomodar a exploração virtuosa da era moderna. Que devemos estar dispostos a aceitar sacrifícios para que a elite que nos comanda não tenha que os fazer. [Read more…]
Medo, preconceito, superstição e fantasia
com a chancela do Abominável César das Neves. Vale sempre a pena ver até onde pode ir uma mente retorcida. Nem o Natal lhe escapa…
Queremos ser escravos ou homens e mulheres livres?
Tenho ouvido por aí que o impasse político em Portugal está a afastar os investidores. Leigo que sou, perante notícias tão alarmistas que anunciam o apocalipse económico, tenho sérias dificuldades em perceber em que consiste tudo isto. Até porque o que nos é dito em TV’s e jornais é tão vago que só uma mão cheia de doutos iluminados parece perceber. Serão investidores que se preparavam para investir em Portugal e que, perante a possibilidade de um governo de esquerda, mudaram de ideias? E se mudaram, o que os fez mudar? Será a perspectiva de que um governo desalinhado com o liberalismo da precariedade poderá acrescentar umas migalhas aos custos de tão lucrativos negócios? Mas se eles continuam a ser lucrativos, porquê recuar? Por ganância? Fanatismo ideológico? Será apenas pressão para condicionar o normal curso da democracia em benefício das elites do costume? Chantagem? Talvez seja tudo junto. [Read more…]
O frentismo dos mercados
A estratégia do medo e o papão comunista continuam na ordem do dia. Por todo o lado, PàFs e Pàfas disseminam a má nova da catástrofe que se avizinha e anunciam, com a precisão e coerência que lhes é conhecida, que o fim está perto e que os mercados serão impiedosos. Pena os mercados não quererem colaborar o que, convenhamos, é uma enorme injustiça. Anos e anos a defender a sua supremacia, a defender cortes e atropelos constitucionais, e agora que eles mais precisam deles, os sacanas mercados fazem o que melhor sabem fazer: estão-se nas tintas para tudo e para todos.
Vem isto a propósito dos dados ontem revelados que dão conta da descida dos juros das Obrigações do Tesouro, cujo prémio de risco terminou a sessão de ontem no mercado secundário em níveis anteriores aos registados antes das eleições. Que diabo! Então e a ameaça do frentismo, o perigo iminente da estalinização do país, os gulags ao virar da esquina e golpe de Estado em curso? Pobres palermas, nem a chantagem dos mercados lhes deixam fazer. Não há direito!
Imagem: O Grito, Edvard Munch
O regresso do medo
Ontem à noite, na RTP 2, o 25 de Abril foi notícia na Euronews numa reportagem onde uma parte, a entrevista a José Gil, teve por sub-título “The Lost Carnation Revolution” (A revolução dos cravos perdida). Escapou-me o sentido desta adjectivação e hoje fui rever a reportagem no site da Euronews. Além de nela não ter encontrado matéria que justificasse esta titulação, não encontrei o próprio título inclusivamente. Nem na edição portuguesa, nem na edição em inglês. Porquê a revolução perdida? E porque razão a reportagem é diferente, só aparecendo este título na emissão da RTP 2?
Salva-se a entrevista a José Gil, que afirma que “a política de austeridade está a fazer com que, cada vez mais, se tenha medo.” E é isso. Não é o regresso do medo da acção do Estado directamente sobre o indivíduo, como acontecia com a PIDE, mas das consequências da acção do Estado nos meios de subsistência desse mesmo indivíduo. Tal como há várias formas de se esfolar um coelho, para seguir a semiótica introduzida por Passos Coelho, também há muita forma de perder a liberdade. Sem pão não há democracia, que se dilui no medo de se perder o emprego, entreabrindo a porta para a aceitação de limitações e condições que antes seriam impensáveis.
A seguir, a entrevista em causa. [Read more…]
Quem tem um 2 de Março pela frente tem medo
Completamente em pânico, este mais que ilegítimo governo. Ontem Miguel Relvas, tentou uma licenciatura em Vitimizações Tipo Marinha Grande no ISCTE. Coitado, não é Mário Soares quem quer mas quem sabe e tem talento. Chumbou: agressões só vi as dos seus capangas, e a defendê-lo, meu caro Fernando, lastimo ver do teu lado esse padrão de comportamento democrático chamado Augusto Ernesto Santos Silva.
Hoje o inflexível Vítor Gaspar dobra a cerviz, num contorcionismo digno daquele italiano que retirou uma costela para lamber a própria pilinha, e lança-se na mais espantosa acrobacia que me foi dado ver até hoje: salto mortal (era ele que nunca pediria nem mais um dia), pirueta (afinal estamos em espiral recessiva) e saída com o nariz no chão, personificando um boneco dos melhores tempos do cinema de animação americano.
Têm medo, muito medo, e em semana e meia chegarão ao pânico. [Read more…]
A História do medo nos Estados Unidos em 3 minutos
Autoria (não confirmada) de Michael Moore.
O Luto e o Alívio
O alívio é um prazer. Concordo. E é pouco elogiado. Concordo também!
Alívio parece nome de gente! – digo eu.
MEC escreveu ontem: “O alívio é o livramento do medo que acabou por não acontecer, do encargo da ansiedade, da angústia do trabalho depois de feito. (…) O alívio é a liberdade. É o tal grande peso que, num instante mas duradouramente, se alevanta do nosso peito e nos deixa respirar oxigénio puro como se fosse pela primeira (…)”.
Fui ao dicionário ver «alívio» e «aliviar». De «alívio», temos acto ou efeito de aliviar, diminuição de peso, de cor, etc.; descarga. De «aliviar», temos, para além do conhecido «aliviar a tripa», «dar à luz» e «aliviar o luto», que eu não conhecia, e que significa, esta última expressão, começar a usar um vestuário que não é totalmente de luto. [Read more…]
“O Medo”, por Manuel António Pina
O Medo
Ninguém me roubará algumas coisas,
nem acerca de elas saberei transigir;
um pequeno morto morre eternamente
em qualquer sítio de tudo isto.É a sua morte que eu vivo eternamente
quem quer que eu seja e ele seja.
As minhas palavras voltam eternamente a essa morte
como, imóvel, ao coração de um fruto.Serei capaz
de não ter medo de nada,
nem de algumas palavras juntas?
Manuel António Pina, “Nenhum sítio”
O nosso maior medo
«Betinho», não me parece, pelo menos nesta fase. MEC não era o meu género. Mas, ultimamente, tenho apreciado os textos de Miguel Esteves Cardoso, sentimentais, amorosos, falando de outras realidades, no meio, no fim ou no princípio daquela que faz os jornais. Hoje, no Público, em «O meu maior medo», revela o medo de perder Maria João, no momento em que celebram 12 anos de casamento. É uma carta de amor.
O amor em todo o coração e em toda a parte se procura. Já anima a possibilidade de ser encontrado e a incerteza de não passar o resto da vida sem poder amar e sem poder ser amado. O que custa é acreditar naquilo que se tem, quando todos os dias, ao longo de longos anos, se consegue encontrar esse amor que se procura, na pessoa que se ama e no lugar e no tempo — aqui, agora, daqui a bocadinho — em que mais gostamos de encontrá-lo. [Read more…]
O medo entranhado na cabeça
Herta Müller (1953), Nobel da Literatura há 3 anos, passou por Lisboa para o lançamento do seu romance Já Então a Raposa Era o Caçador. A escritora romena que foi interrogada pela polícia secreta de Ceausescu, que foi ameaçada, que não gosta de fotografias porque estas a transportam para esse tempo terrível dos interrogatórios de muitas horas e com uma luz apontada à cara…
No romance referido, Herta tece “uma alegoria trágica de uma sociedade insana, manobrada e controlada pelos sábios mecanismos do medo por parte de um regime totalitário”.
Herta coloca bem algumas das nossas questões, como “O que vale a minha vida?”
Sobre o medo que a maioria de nós sente – nesta época, ainda mais e, neste país, sem dúvida – Herta testemunha:
Temos que conseguir lidar com o medo e cada um fá-lo à sua maneira, não conseguimos abandoná-lo (…) esse medo está em tudo o que faz parte da vida, tornou-se omnipresente e não se pode fugir dele.
A quem espalha o medo, responder com coragem
Era fatal como o destino: quem tem medo das manifestações de amanhã tinha de espalhar o medo de incidentes. Claro que em todas as multidões pode haver confusões e violência, mas não vejo notícias destas quando, por exemplo, as pessoas se juntam para celebrar uma vitória num jogo de futebol.
Nem de propósito, este comunicado de um insuspeito sindicato de polícias parece-me ser uma boa resposta. Até os polícias lá vão estar, manifestando-se.
Tenham medo, muito medo, Portugal vai sair à rua.
Adenda: Ana Nicolau desmente o Público.
Ó Samuel, quem tem medo compra um cão
Diz o Samuel De Paiva Pires que só não o tendo lido posso meter a sua pessoa na prateleira da extrema-direita. Acometido da insanidade de que me acusa fui ler uma prosa onde apela estridente e pateticamente a que nenhuma pessoa de bem se passeie pela Festa do Avante, já que todos os comunistas pertencem a um de três grupos: “estúpidos, ignorantes e tenebrosos“, e eventualmente a patologia é contagiosa, através de simples contacto visual.
A pertença a essa fascinante escola de futuros quadros do actual regime que é a Juventude do CDS já me chegava para mais uma vez esclarecer que se BE e PCP são classificados como de extrema-esquerda por um mínimo de decência geométrica o CDS será de extrema-direita, e desta não saio nem dela ninguém me tira (enfim, se vierem armados não terei outro remédio).
Mas a indigesta leitura serviu para um diagnóstico mais apurado: extrema-direita doentia, incapaz de conviver com outros de sinal político oposto, destilando ódio, bisneta dos trauliteiros miguelistas, neta dos talassas de Paiva Couceiro e filha da Legião de Salazar.
Londres – 2012, as Olimpíadas do Medo
Porta-aviões no rio Tâmisa: parte de pacote que inclui vigilância intensa sobre cidadãos e armas sônicas para dispersar manifestações.
Aparato de segurança nunca visto controlará cidadãos durante os Jogos. Eles terão se tornado cavalo-de-tróia para medidas de controle social? [Read more…]
O Medo nos CHUC*
Por Diogo Cabrita
Falo por ti minha amiga Lina que conheces o Hospital há mais tempo que eu.
Falo por ti Manuela, que tens limpo os espaços de trabalho e tens trazido a marmita diariamente.
Falo por ti Carlos que nunca fizeste compras maiores que o teu salário e com dificuldade consegues gasolina para vir todos os dias aos Covões.
Também falo de ti Josefa que te escondes do trabalho e de ti que nunca sabes e nunca queres aprender.
Falo porque sinto o medo que transversalmente vos afoga. O medo de não saber nada do futuro e a certeza que as decisões são feitas sem vos ter em conta.
Há um receio que atinge os bons, os imprescindíveis e os maus.
O medo como um perfume que nos tolhe a todos e sobretudo a vós, a quem os doutores desconhecem o nome, a vós a quem “os grandes” nunca nomearam além de “olhe”, “chegue aqui”.
Falo do medo do futuro, da insegurança sobre o futuro, da subserviência que o medo incute, do silencio cúmplice que vem do receio. [Read more…]
O Medo
No fim-de-semana passado, reparei que a Fnac tem à venda algumas das obras do filósofo indiano J. Krishnamurti (1895-1986), editadas pela Presença. Krishnamurti foi um autor que tive muita dificuldade em encontrar há quinze anos.
Fiquei com vontade de reler o único livro que tenho deste pensador fabuloso que escreve sobre vários temas como, por exemplo, o Medo. Em O Verdadeiro Objetivo da Vida, Krishnamurti dirige-se a jovens e a seus professores nestes termos:
Presidente Acagaçado
É verdadeiramente vergonhosa a atitude do senhor Presidente da República ao fingir que um impedimento de Estado, de última hora, o tenha impedido de cumprir a visita que estava programada.
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