Viva a Catalunha

Manet, O Toureiro Morto

A Catalunha continua em grande. Depois de ter vencido o Campeonato do Mundo de Futebol, ainda que sob a imprópria bandeira do estado monárquico espanhol, acaba de proibir a barbárie taurina, juntando-se assim às Canárias na interdição desse espectáculo degradante de glorificação da morte.

Respiram de alívio os pobres toureiros, que já não levarão cornadas nas arenas catalãs.

Picasso, A Morte do Toureiro

Espero que Portugal, historicamente já andamos atrás da Catalunha pelo menos desde 1640, siga o exemplo.

Entretanto uma boa notícia para o Bloco de Esquerda: é só mais este mandato e perde a Câmara de Salvaterra de Magos, um alívio, portanto.

Comments

  1. Viva!!!

  2. O governo catalão deve ser hoje extremamente impopular no pedaço de terra esturricada que governa. Não tenham ilusões, isto não passa de propaganda, pois ali gosta-se e muito, da brincadeira com os touros.

    Já agora, uma deixa:

    A avó de João Carlos I era inglesa e claro está, tinha de cumprir os seus deveres protocolares, gostasse ou não gostasse de cada um deles.
    As touradas. A rainha Vitória Eugénia não faltava por razões do Estado, uma vez que esse “espectáculo” é tão forte em Espanha, como a obsessão Real Madrid-Barcelona. Propicia até certos aspectos folclóricos com inacreditáveis vestidos às bolas, peinetas, etc, coisa a que por enquanto fomos poupados. Como vês, não “somos todos a mesma coisa”.
    Pois bem, depois de 1931, descobriram no Palácio do Oriente, os famosos o óculos escuros da rainha, sempre habituais nas ensolaradas tardes de faena. Experimentaram-nos e… eram óculos para cegos! Vitória passava as duas horas na praça, sem ver um movimento que fosse, mas procedendo com a maior das composturas. Excusado será dizer que tal descoberta excitou muito os tipos bestialmente progressistas da 2ª República espanhola, aproveitando logo a oportunidade para a propaganda. Há coisas que não mudam.

    Por acaso, os nossos republicanos de antes e durante a 1ª República, eram grandes devotos das touradas, tal como D. Carlos. Aliás, ficou famosa aquela tarde no campo Pequeno, em que deliberadamente arregimentaram a malta para ovacionar Afonso Costa, virando as costas a Dª Amélia. Cavalheirismos belle époque…
    Não frequento esse locais de diversão, colocando-os ao nível das caçadas, lutas de galos ou mastins, etc, etc. Como vês, nem tudo o que parece, é.

    * A propósito, quais as cores dos ridículos barretes de forcados? Terá sido o Magalhães Lima a desenhá-los?

  3. João j. Cardoso says:

    Meu caro Nuno:
    Quem aprovou o fim desta tolice da Antiguidade (se quiseres muito republicana em tempos de Roma) foi o parlamento, não foi o governo.
    Ou aquilo que Castela vai deixando os catalães terem de parecido com isso.
    A tua estórinha demonstra que mesmo nas famílias reais há gente com horror ao mórbido, confirmando que as regras têm sua excepção.

    Por falar em das melhores, o sr. comentador LM quando aprender a distingir um granadeiro de um ganadeiro pode voltar a comentar o que escrevo. A sério que deixo.

    • Luís Moreira says:

      Já? respondi ao Nuno.E aquela diferença é muito subtil.

  4. XicoAmora says:

    Por falar em bárbarie:
    adiaram de novo o processo casa pia.

    “Auto racing, bull fighting, and mountain climbing are the only real sports … all others are games.”
    E. Hemingway, um bárbaro que também ganhou o prémio Nobel

    «El toreo es probablemente la riqueza poética y vital de España, increíblemente desaprovechada por los escritores y artistas, debido principalmente a una falsa educación pedagógica que nos han dado y que hemos sido los hombres de mi generación los primeros en rechazar. Creo que los toros es la fiesta más culta que hay en el mundo»
    F.Lorca, outro bárbaro morto pelas tropas franquistas.

    Bárbaro é entrar numa loja do chinês e comprar barato e não se preocupar que aquele preço deve-se à escravatura a que se reduziu quem produz, numa república comunista não monárquica.

    • Luís Moreira says:

      Xico, tem toda a razão, mas não esqueça que hemingway nessa altura andava a fazer amor com a mais bela mulher do planeta, isso explica que o homem visse distorcido…

    • Ricardo Santos Pinto says:

      Xico, no final da vida Hemingway reconheceu que a tourada era uma barbaridade e negou tudo o que antes dissera sobre ela. Sabias ou convém-te não saber?

  5. mjrijo says:

    se se acabam lá as touradas, o que me parece muito estranho,não se acaba em Pamplona o S. Fermim e os seus touros. NInguém os maltrata, bem pelo contrário, vão sempre uns tantos turistas e não só para o hospital, mas cos diabos, esses touros levam uma vida como nenhum outro leva; pasto, vida livre, um paraíso; a contrapartida é não irem para o matadouro, e darem um espectáculo, na morte, que tinha que acontecer duma forma ou de outra; estes mostram valentia, os outros nem hipóteses têm.

  6. mjrijo says:

    e mais uma coisinha: esta treta toda das touradas, é bem mais política que pena dos touros. Penso mais se a mesma sensibilidade acontece para as pessoas maltratadas pelo mundo; existe, da boca para fora que fica bem no filme, mas pergunto, o que se faz quanto a isso?

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