neoliberalismo e materialismo histórico

Vivaldi: il cimento dell’armonia e dell’inventione

Escrevi ontem um texto comparando o que não tem comparação. Intitulei As minhas memórias e a Segunda morte de Allende, com exemplos de pessoas que não têm comparação. Vamos deixar em paz, por ter tratado mal a quem não devia. Quem leia o texto, saberá. Comparar o neoliberalismo com o materialismo histórico, é como tentar misturar água com azeite.

Bem sabemos, porque já o tenho referido en outros ensaios para este blogue, que o liberalismo é a teoria económica organizada por Adam Smith: essa proclividade, que ele denomina, do homem a trabalhar. Bem como apresenta, ao longo de mais de  a do trabalho nasce os lucros que enriquecem às nações. É natural que um autor de 1776, elabore esse tipo de teoria: era escocês, porém britânico, tutor do filho do Duque de Buccleuch com quem percorreram todo o mundo, conheceram terras, formas de trabalho e estudaram com François Quernay, referido por mim como o fundador da teoria da fisiocracia: a indústria não é um bom investimento, alimentasse com dinheiro, enquanto as plantas, os animais, os cereais, são o fruto da terra que, com trabalho cuidado, como descreveu nos seus textos para a Enciclopédia de D’Alembert e Diderot: Rendeiros (1756) e Cereais (1757). É destas teorias que Adam Smith, um dos seus discípulos, como Tourgaut, elabora 760 páginas de como se deve trabalhar, a necessidade de investimento, as épocas do ano pata lavrar e tratar do cruzamento dos animais, qual o país mais conveniente para comerciar porque pagam em alto preço os bens que recebem e são incapazes de produzir. O mais interessante, é a sua definição de mercado para as transacções, e a contabilidade para as efectivar. Das ideias de A.Smith, aparecem imensos discípulos, especialmente pessoas do Governo que orientavam a criação do tesouro para as arcas da Nação, pela sua teoria. Os seus seguidores foram Alfred Marshall (Londres, 26 de Julho de 1842 — Cambridge, 13 de Julho de 1924), Sir John Maynard Keynes (Cambridge, 5 de Junho de 1883Tilton, East Sussex, 21 de Abril de 1946), que criara a teoria do Multiplicador de Investimentos, desenvolvida pelo seu discípulo Lord Kaldorf.

A teoria clássica de Smith, foi reformulada pelos cientistas referidos e por John e Rose Mary Milton Friedman. No seu texto de 1981: Capitalism and Freedom, Universidade de Chicago Press, defende que o capitalismo competitivo rende mais lucro que o capital parado, para desenvolver mãos em frente, também com a sua mulher, em 1980 Freedom to Chosse, Universidade de Chicago, que todo ser humano desde que saiba tratar dos investimentos, ter escolas próprias para educar aos seus descendentes, caras e com acções ou shares de pessoas de fora, faz subir a mais-valia, pelo que o lucro fica assegurado. É o que se denomina a Escola Económica dos Chicago Boys

O materialismo histórico é absolutamente diferente. Foi criado a partir das ideais de ser o capital um modo de produção, que obtinha não apenas lucro, bem como mais-valia, é dizer, ganhar dinheiro com o dinheiro não pago aos produtores, esses seres despoluídos de bens materiais que deviam trabalhar para os proprietários dos bens de produção. As ideias nascem do economista e filósofo Karl Heinrich Pembrohe Marx. Foi discípulo de Hegel a quem abandonara mais tarde para formar o seu próprio grupo de discípulos, organizar sindicatos e reuniões internacionais de trabalhadores. No meu ver, Marx e a Baronesa Johanna von Westphalen, a sua mulher, católica mas convertida as ideias do materialismo histórico, estavam convictos, junto com o amigo da alma Friedrich Engels, de que a propriedade privada devia deixar de existir. A propriedade privada, escrito como está no texto O Manifesto Comunista, da autoria de Jenny Marx, baseada nos debates económicos, filosóficos que os três tinham, mais a situação miserável do operariado para o que formaram, no dia em que a Rainha Victoria de Inglaterra e o Imperador Luís Napoleão Bonaparte, da França pelos anos sessenta do Século XIX inauguraram uma exposição dos trabalhos feitos nas indústrias dos dois países e convidaram, a custo deles, mais de cem operários de vários países. Foi a altura em que Marx, que estudava economia no Museu de Londres em manuscritos antigos, Jenny tratava das filhas e de redigir os livros do marido e Engels ocupado com as suas factorias de tecidos de lã, em que Marx e as suas filhas crescidas, como Eleanor, a mais nova, formaram a Primeira Reunião Internacional de Trabalhadores ou IIT.

Max tinha sido influenciado por Hegel, quem pela sua vez, por outros autores que fizeram de Marx um interpretados materialista da história, por outras palavras, de que as relações de trabalho eram governadas pela economia. Georg Wilhelm Friedrich Hegel (Estugarda, 27 de Agosto de 1770Berlim, 14 de Novembro de 1831) foi um filósofo alemão. Recebeu sua formação no Tübinger Stift (seminário da Igreja Protestante em Württemberg).

Era fascinado pelas obras de Spinoza, Kant e Rousseau, assim como pela Revolução Francesa. Muitos consideram que Hegel representa o ápice do idealismo alemão do século XIX, que teve impacto profundo no materialismo histórico de Karl Marx.

Para diferenciar aos dois que analisei no texto de ontem: As minhas memórias e a segunda morte de Allende, estas palavras são suficientes para separar as águas do moinho, especialmente quando no jornal de hoje, 6 de Abril do ano presente, leio com espanto que o PS reconsidera a sua posição de pedir ajuda, por pressão dos bancos.

Suficiente para esclarecer o que me parecia um desencontro entre duas figuras que souberam fazer o que entendiam. O português, deve andar pelas ruas da amargura, enquanto Allende fez o que devia, acabou com a propriedade privada, orientou os trabalhos do país pela economia, até o dia da sua morte…

Deixamos a Allende reivindicado, ao português cheio de vergonha, mas antes de deixar o materialismo histórico, algumas elucidações sobre a teoria importante para mim: o materialismo histórico

A religião é o ópio do povo. Karl Marx, parece-me a mim, é e será sempre lembrado pela frase que intitula este texto[1]. Frase que o define como devorador de sentimentos e de ideias de fé[2]. Após pesquisa prolongada com enfoque na vida privada do revolucionário das ideias predominantemente burguesas do seu tempo e as dos nossos tempos, as da sua família e análise do(s) motivo(s) da origem dos seus textos, concluo que essa lembrança é uma grande e pura falácia. Reitero que pesquiso (processo em curso há já vários meses) a vida privada de Marx, a da sua família e o(s) motivo(s) dos seus textos. Vou de surpresa em surpresa. Essa minha prolongada pesquisa tem dado origem a um livro que será publicado com o título de: Marx, um devoto luterano[3]. Entretanto, para este congresso pensei que era de justiça explicar, pelo menos, o motivo desta frase, por ser da doutrina de Marx a mais usada entre nós. A minha questão é: até onde sabemos de Marx e o quê se sabe dele?

O livro que escrevo durante estes dias, de quase 400 páginas, intitulado, como anteriormente referi, Marx, um devoto luterano, parece uma curiosidade. Pelo menos para mim. É bem sabido que sou um social-democrata materialista histórico e dialéctico, quero dizer, social-democrata à maneira de Marx, ideias aprendidas ao longo de observar e analisar a vida e de ler não apenas Karl Marx, Friedrich Engels e as suas obras, bem como ter comigo todas as biografias escritas sobre este homem que revolucionou o mundo na sua interacção social. Pensador que retirou da sua fé luterana as ideias de economia e que teve por mulher, uma aristocrata católica radical, a Baronesa Prussiana Johanna von Westphalen, ou Jenny Marx, como é conhecido pelos poucos que sabem da sua existência[4]. Johanna “Jenny” von Westphalen (12 de Fevereiro 1814, Salzwedel2 de Dezembro 1881, Londres), filha de Johann Ludwig, Barão von Westphalen, professor na Friedrich-Wilhelms-Universität de Berlim e Conselheiro Privado do Governo de Prússia em Triers, foi esposa de Karl Marx.


[1] Frase de Karl Marx no seu livro de 1843: Crítica a Filosofia do Direito de Georg Hegel Escrito: 1843-1844, mas citando Hegel. A frase não é de Marx.
Publicado: 1844 na língua original. Transcrito por Eduardo Velhinho; HTML por José Braz para The Marxists Internet Archive. Pode-se ler em: http://www.marxists.org/portugues/marx/1844/criticafilosofiadireito/index.htm

[2] Adesão absoluta do espírito àquilo que se considera verdadeiro. Testemunho autêntico dado por oficial de justiça. Fidelidade. Prova. Crença. Fé religiosa. Confiança. Opinião. Fonte: http://www.priberam.pt/DLPO/default.aspx. Também: No seu aspecto religioso, a fé é a crença nos dogmas particulares que constituem as diferentes religiões, e todas elas têm os seus artigos de fé. Nesse sentido, a fé pode ser racionada ou cega.
A fé cega nada examina, aceitando sem controlo o falso e o verdadeiro, e a cada passo se choca com a evidência da razão. Levada ao excesso, produz o fanatismo. Definido em: http://espiritananet.blogspot.com/2008/03/f-religiosa.html

[3] A frase que intitula o livro, seria gramaticalmente correcta se for referida como: Marx, devoto luterano, era gramaticalmente correcta. No entanto, o artigo um, reforça o conceito de devoção. Conceito que, para o título, é importante salientar, porque explica muita das brigas em que, habitualmente, se enrolava Karl Heinrich para defender os direitos do povo, e os seus como materialista histórico. O conceito devoção era um duplo problema: o primeiro, é que o nosso analisado professava a confissão luterana; o segundo, para mim o pior, é que a pessoa de Marx era “professada”, “venerada” pelos seus seguidores, até o dia de hoje. O que Karl Heinrich dizer, era uma opinião imbatível, venerada. Como materialista histórico, Marx usava e abusava de essa veneração. Apenas que a sua teoria não admitia veneração…. O materialismo histórico é uma abordagem metodológica ao estudo da sociedade, da economia e da história que foi pela primeira vez elaborada por Karl Marx e Friedrich Engels(18181883), malgrado ele próprio nunca tenha empregado essa expressão. O materialismo histórico na qualidade de sistema explicativo, foi expandido e refinado por milhares de académicos desde a morte de Marx.

De acordo com a tese do materialismo histórico defende-se que a evolução histórica, desde as sociedades mais remotas até à actual, se dá pelos confrontos entre diferentes classes sociais decorrentes da exploração do homem pelo homem. A teoria serve também como forma essencial para explicar as relações entre sujeitos. Assim, como exemplos apontados por Marx, temos durante o feudalismo os servos que teriam sido oprimidos pelos senhores, enquanto no capitalismo seria a classe operária pela burguesia. Fonte: as minhas leituras, os meus estudos, o meu ensino e a minha pratica como social-democrata socialista, com as palavras de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Materialismo_hist%C3%B3rico. Como é evidente, uso as palavras da Wikipédia para explicar melhor estas ideias, mas já as tinha definido e debatido no meu livro de 2008: O presente, essa grande mentira social. A reciprocidade com mais-valia, Afrontamento, Porto.

[4] Quem queira saber da sua vida, pode ler a excelente biografia da lutadora pelos direitos das mulheres, Françoise Giroud: Françoise Giroud, nascida Lea France Gourdji, (Lausanne, 21 de Setembro de 191619 de Janeiro de 2003) foi uma jornalista, escritora, cronista, ensaísta e política suíça, radicada em França.

Françoise Giraud, fez parte da resistência francesa durante a segunda guerra mundial, tendo sido presa pela gestapo.

Ocupou cargos políticos desde 1973 a 1979, tendo sido secretária de estado no governo de Jacques Chirac e posteriormente secretária de estado da cultura de Raymond Barre.

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