No Ultimatum…

Nada perdemos com o Ultimatum. Nada. Todo aquele imenso território reivindicado pela demagogia que já imperava no palácio de S. Bento e no apêndice que era a Sociedade de Geografia de Lisboa, consistia numa reivindicação de vaidades. Nada mais.

O que agora temos sofrido, é bastante mais grave. Um alemão e um dinamarquês saem do seu hotel, passeiam-se Avenida da Liberdade abaixo e chegando ao Ministério das Finanças ou ao Banco de Portugal, querem ver livros de contas,, projecções de dados e contratos. Como se de fiscais das Finanças se tratassem, muito bem esmiuçam a contabilidade de uma empresa de duvidosa reputação. São hoje, os verdadeiros tutores de Portugal, agindo por conta de não se sabe bem de quem e do quê.

Um Presidente checo de apelido alemão, zomba abertamente do Sr. Cavaco Silva e isto, na visita oficial que este último realizou a Praga. Um anafado comissariozinho europeu de oleoso nome, escarnece abertamente do ainda Presidente da ainda República Portuguesa. Um Presidente de uma Comissão que age por iincumbência de um certo governo, rosna e ameaça, sendo ele um dos muitos responsáveis pela situação. Franzindo o sobrolho e bem carrancudo, “aconselha”, porque senão…

Quase nos arriscamos a afirmar que se num ímpeto magnífico, um grupo de militares esta noite hasteasse a Bandeira azul e branca em Belém, S. Bento, C.M.L e Castelo de S. Jorge, amanhã teríamos um feriado de arromba, com milhões de jubilosos desfilando nas ruas. Cientes dos sacrifícios que se avizinham, pelo menos não teriam de suportar as carantonhas dos algozes de longos anos.

 

 

Comments

  1. … Portugal, Caro Nuno Castelo-Branco, já nasceu ridículo. Desde Dª.Teresa que está traçada a sina.

    Não vale a pena discutir os benefícios e os prejuízos de Monarquia ou República, porque o problema é os portugueses, que, em vez de reis, maioritariamente, tiveram bobos, de que foi herdado um passado de calaceiros. O mesmo tipo de arlequins e calaceiros que, durante a República, têm governado.

    Qual o problema de chineses ou albaneses virem fazer auditorias de contas que os portugueses não fizeram bem feitas?… Por que razão as pessoas ligadas à banca, ao poder, dizem, agora, que se deve ser duro na negociação com o FMI, quando, a nível interno, não deram nem dão qualquer hipótese a pessoas que sucumbiram e sucumbem por individamento a estas instituições?… Quem é ou o que é Portugal?… Como organização política, Portugal é um excrescência purulenta na crosta do Mundo.

    É necessário que alguém venha de fora e extirpe a moléstia. E se isto tiver que passar para as mãos de quem, estranho, melhor governe, não vejo problemas. Necessário é que as pessoas possam viver tranquilas, mesmo sob uma bandeira, desculpe, da cor da merda. É isto o que é importante, as pessoas; e não a República ou a Monarquia; a bandeira ser castanha ou amarela às riscas…

    Quem não quer perder o ogulho, previne-se; não anda na farra, na desbunda; e achando que os outros têm a obrigação de lhe pagar as contas, e sem se importarem com isso.

    Acho muito bem que, quem cá põe o dinheiro, queira ter garantias de cumprimento. Aliás, não é essa a filosofia das instituições de crédito, quando se preparam para conceder o mesmo?…

    Dirá que não nos vêm rebuscar a contabilidade. Pois não! Porque, em caso de incumprimento, hipotecam. Ora, como o FMI não está com ideissa de ficar com isto… quer ter a certeza de que é possível ser rembolsado. Tudo limpo. Eu acho.

  2. Nuno Castelo-Branco says:

    Rodrigo, o que me aborrece é de terem de vir do estrangeiro para se fazer algo que parece ser lógico. Até estou satisfeito por o fazerem, mas o problema é que a humilhação atinge toda a gente, quando apenas devia atingir aqueles que ao longo de décadas não quiseram dar ouvidos a ninguém. Li centenas e centenas de páginas com avisos, sugestões e alertas. Modestamente, participei nisso mesmo. É que eu vi “um outro Portugal”, Rodrigo. Estava longe, bem sei. Também era injusto, mas infinitamente mais progressivo, laborioso e organizado. Apenas ficaram pedras (Moçambique), mas o simples facto de na altura um Estado enorme ser governado por 170.000 funcionários públicos repartidos por vários continentes, significa algo. Hoje quintuplicaram aquele número. Aí está o resultado: injustiça, inépcia, desleixo e roubo à descarada.

    No que se refere ao “finis patriae” que aponta como uma fatalidade desde Dª Teresa, as coisas não foram tanto assim. Tivemos períodos muito difíceis e deles conseguimos sair como pudemos. Ora, o que hoje se questiona é essa capacidade. Se verificar bem a história dos nossos colegas europeus, passaram por situações parecidas ao longo dos séculos, mas a educação e a vigilância democrática , pareceram resolver muitos problemas.

    Em resumo, o “regime da Europa” faliu completamente e nem sequer se encontra apto para aproveitar aquilo que nos resta e que “eles”apenas olham como praia, água onde nadam robalos. A propósito, não me admirava nada se os estrangeiros encontrassem uma figura jurídica qualquer que hipotecasse a zona económica pretensamente exclusiva. Já aqui escrevi tratar-se de um potencial Mapa Cor de Rosa, mas este é, de jure, pertença nacional e como tal reconhecido pela ONU. O outro, o do Ultimatum, era ficção.

  3. … Nuno,

    Na minha perspectiva, a crise da Europa é uma crise que a mim mesmo anunciei, desde a adesão, por achar ser contra-natura que tanta gente e quilómetros quadrados fossem geridos a partir de Bruxelas; por alguns mentecaptos acharem que a globalização poderia esquecer as especificidades.

    Ora, como todos sabemos, é em regime de globalização que o Universo existe e se movimenta, contemplando, no entanto, a complementaridade, a inter-relação entre grupos e entre elementos Hoespecíficos —o mem teima em não observar a Natureza como imensidão de metáforas e de alegorias; sendo lá, no nosso berço e no nosso útero, que são encontradas as respostas para muitos dos problemas que nos afligem.

    Napoleão quis ser dono do Mundo… e perdeu; Hitler repetiu a façanha… e perdeu. Que ilação tiraram os europeus disso, ou, mais propriamente, os economistas, por ser esta cambada de moedas quadradas que resolveu impróprias alquimias.

    Infelizmente, o ser humano pensou ser possível criar uma vida de costas para a Vida, e é por isso, ou também por isso, que continua a cometer outros e os mesmos erros.

    A diferença entre Portugal e os outros países colonizadores é significativa: colonizaram, mas nunca esqueceram, nunca negligenciaram o ponto de partida, o desenvolvimento das suas origens. E é por isso que as crises, a nossa e a deles, é diferente; porque investiram tempo e dinheiro nas infra-estruturas e deram corpo a verdadeiros conceitos de nação, enquanto Portugal coleccionava terras e não cuidava do lar.

    Não sou defensor de ditaduras, mas também não me custa concordar haver momentos —o que atravessamos é um deles— em que é necssário o aparecimento de alguém iluminado e decidido, que trace as linhas de recuperação e de continuidade; capaz de estabelecer a credibilidade que Abril nunca teve; porque, pura e simplesmente, nunca houve um plano, para além do que previa a tomada do poder. A 25 de Abril já todos os cálculos tinham sido esgotados. O que se seguiu não foi mais do que uma onda de assaltos e de passagens administrativas. Dos assaltos conclui-se que não sobrou nada; das passagens administrativas… pode ver-se, ainda, a caterva de analfabetos que nos conduziram até aqui.

    Pensou-se ou alguém fez com que se pensasse que os revolucionários trariam novas luzes e novos dias. Trouxeram, sim, uma novidade que ainda não era conhecida: na verdade, não há ninguém de “esquerda”, porque não há ninguém que não queira viver confortável e ser feliz. De que modo?… Esse tem sido o problema, porque, de todas as hostes, à direita e à esquerda, surgem indivíduos estupidamente ambiciosos. É esta a razão por que sempre defendi que o nosso problema não é económico, mas de princípios… com reflexos económicos.

    E devo acrescentar, já agora, que fico em pulgas, quando alguém diz ser de “esquerda”, porque, consciente e inconscientemente, acabam sempre por ser, na realidade, de “direita”, mascarados, dada a discrepância entre o modo como pregam e o modo com praticam. Deve-se, inclusive, à sua incoerência o estado a que o País chegou, por serem eles quem desenterrou as esperanças e as expectativas, e, ao mesmo tempo, na avidez da posse, as gorou —veja-se o exemplo de Durão Barroso: vindo da extrema-esquerda, passa para o PSD, deserta das responsabilidades de primeiro-Ministro, e toma posse do lugar que ainda ocupa… Que espécie de gente é esta?… É, também, destes invertebrados que Portugal tem sido vítima

    A “Europa” é um mercado, uma praça falida, porque os países produtores pensaram ser possível manter os “angariadores” —os deputados— suportados por mordomias exorbitantes. O que fizeram os portugueses envolvidos nas negociações foi vender o País para poderem comprar o seu futuro; porque ninguém assisado aceitaria desmantelar o seu aparelho produtivo e ficar à mercê de quem o sustente, porque, para além do factor económico, há a necessidade de ocupação, porque o ócio, todos sabemos, leva-nos, muitas vezes, para pensamentos que deveríamos manter arredados, por trazerem, consigo, crises, de algum modo, existenciais.

    Portugal, Caro Nuno, não tem necessidade de Monarquia ou de República; de ditadura ou de democracia —coisa que não existe, em lado algum—; nem de direita nem de esquerda; mas de pessoas; de gente capaz de reflectir e se irmanar em objectivos comuns, e interiorizando que essa da “igualdade” é uma falácia cuja “venda” só trouxe prejuízos.

    Ou as pessoas acordam… ou o País cairá, não em sono, mas em coma profundo.

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