António Pires de Lima é um dos muitos iluminados que conhece todas as soluções para resolver os problemas do país. Como lídimo membro de toda a pandilha vagamente neoliberal que vê nos métodos de gestão empresarial uma religião universal, defende que o problema está sempre no Estado e, mais concretamente, nos funcionários públicos.
Segundo as suas doutas palavras, tudo se resolverá se, dentro de três anos, houver menos 50 000 a 100 000 funcionários públicos, entre outros cortes.
Nestas cabecinhas contabilistóides, está constantemente presente o único verso que restou do poeta grego Pitermo: “Nada interessa, a não ser o dinheiro.”
Não há vida para além do défice e as pessoas são peões que podem sacrificados. Não interessa debater como deve ser o Estado e interessa menos ainda saber quantos funcionários públicos são, efectivamente, necessários para que o país funcione. No campo da Educação, por exemplo, está-se a cometer um verdadeiro desperdício de recursos humanos e a comprometer a qualidade do Ensino para os próximos anos, afastando das escolas muitos professores cujo contributo é absolutamente necessário. Para a mente brilhante que comanda a Unicer, professores e médicos são apenas despesa.
Entretanto, Pires de Lima não tem uma palavra para o modo como os partidos do arco do poder têm gerido os orçamentos de Estado em benefício de empresas e de bancos administradas por correligionários, amigos e compadres.
Não sei se há funcionários públicos a mais ou a menos. Sei que é muito fácil arrotar umas postas de pescada do alto de um gabinete donde as pessoas parecem formigas e em que o país é, apenas, um tabuleiro do Monopólio. O problema, no entanto, não é esse: o problema é que estamos a ser governados por quem pensa como esta luminária.
Nem MAIS!
Não teria ele caído num depósito de cerveja e ter ficado assim?
Referia-me a Pires de Lima, claro.
Perdoai-lhes “Senhor”
no local onde diz e (as pessoas são peões podem sacrificados) podia ter escrito (e as pessoas são peões que podem ser sacrificados), assim estaria correcto.
Também na parte onde diz (está-se a cometer um verdadeiro), podia ter escrito (está a cometer-se um verdadeiro) porque o sujeito pergunta ao verbo (o que é que ele está ou vai fazer.
No tempo em que eu fiz a minha 4ª. classe Há 68 anos era assim que o meu professor nos
ensinava.
Obrigado pela sua atenção.
O primeiro caso foi fruto do esquecimento. As construções “está-se a cometer” e “está a cometer-se” são ambas consideradas correctas por algumas gramáticas. Embora eu tenha utilizado quase instintivamente a primeira, também prefiro a segunda. É sempre gratificante ver um homem de quase oitenta anos a frequentar a blogosfera. Muito obrigado pelo seu comentário.