Ricardo, aluno meu que no 12º ano de História fosse colocado perante este gráfico e sendo-lhe pedida uma leitura do mesmo concluísse que “O problema da crise actual não é a redução da população empregada” tinha um zero, já que nesse nível não tenho por hábito pontuar a fantasia. É claro que a hipótese é absurda porque nunca colocaria um gráfico destes à frente de quem quer que fosse sem conhecer a sua fonte original e portanto lhe pudesse acrescentar os dados com que foi calculado.
Esses dados são relevantes precisamente porque aqui se mostra a percentagem de pessoas empregadas nos EUA e não o número absoluto de empregados (ou de desempregados). É que em História (território onde me assiste alguma coisa que o meu negócio não é a Economia) e numa série longa os valores absolutos podem variar. Em História Económica e Social há que ter em conta a evolução da variável social. Explicando-me melhor: não posso saber, só com este gráfico, se foi calculado tendo em conta:
– a população total dos EUA (o que seria tolo).
– a população em idade activa (não acredito, mas é só uma crença, até porque a idade activa varia ao longo do tempo).
– o universo da população que procura emprego (o mais provável e correcto, que neste caso tem variáveis ao longo deste período de tempo, seja porque mudou a empregabilidade feminina – em 1950 uma grande maioria tinha como tarefa social a reprodução da espécie -, seja porque mudou a própria faixa do que chamamos idade activa).
Essa forma de cálculo faz toda a diferença para se afirmar “comparativamente com os dourados anos 50 e 60, a população empregada cresceu!“
Acresce que o gráfico, googlado, aparece em vários artigos (a começar na apresentação que citou como fonte) como indicador de que os EUA estão em crise, neste caso perante o indicador de emprego, concentrando-se todas as leituras que encontrei no óbvio: nos últimos anos a população empregada nos EUA desceu, e muito. La Palisse seria mesmo capaz de acrescentar: e o número de desempregados aumentou.
Posto isto, a minha acusação de analfabetismo é sem dúvida desajustada (embora algum mau emprego da língua portuguesa para aí aponte). Depois de ler a sua resposta à Priscila Rêgo, nomeadamente este brinde:
o artigo da Priscila foi escrito num momento de raiva provocado por se falar em desemprego, o artigo falar em desemprego baixo e em Portugal governar o PSD e não a esquerda radical.
retiro o que disse: não é analfabetismo, é cegueira ideológica pura e dura. Não é nada que não me aconteça, mas eu sou mesmo da esquerda radical.
… se o meu amigo tivesse alguem para o controlar nos seus escritos já não tinha trabalho seguramente!
Não vejo porquê. Que eu saiba fora do meu local de trabalho respondo apenas como cidadão.