Basta que saibam ler e escrever

Luiz Inácio Lula da Silva

Descobrem-se coisas fantásticas, talvez ainda mais fantásticas que uma nova partícula. Por exemplo: a licenciatura RVCC de Miguel Relvas é perfeitamente legal, e as suas mentiras sobre habilitações ficam-se afinal por umas cadeiras que disse ter feito mas parece que não fez.

Pela parte que me toca, além da fascinante observação de que muitos dos que discutiram outra licenciatura dizem agora o contrário numa finta de camaleão digna da pátria dos vira-casacas, e não me querendo misturar com quem tem da crítica política a noção de que vale tudo incluindo fechar os olhos, quero deixar aqui bem claro como me estou nas tintas para as habilitações enquanto parte sequer interessante na apreciação de um político de carreira (já o conceito de carreira política me irrita um bocado, mas isso é outro assunto).

Luiz Inácio Lula da Silva aí está como exemplo, o homem que pegou num país que pedia emprestado ao FMI e deixou o mesmo Brazil a emprestar ao FMI. E muito mais fez no combate à pobreza absoluta, na diminuição das desigualdades sociais, pese muito disparate à mistura, que o homem também teve as suas limitações, políticas, entenda-se. Muito justamente acabou  Doutor Honoris Causa pela Universidade de Coimbra, o título académico adequado para quem não estudou mas deixou obra feita.

Não sei é como reagirá ao processo Miguel Mentiroso Relvas um membro do governo que passou anos a cunhar Lula da Silva de apedeuta. Mas isso se calhar são contas de outro rosário.

Comments

  1. Absolutamente! Plenamente de acordo!

    Fantástico post, caro João José, e fantásticas asserções:

    “… me estou nas tintas para as habilitações enquanto parte sequer interessante na apreciação de um político de carreira…”

    “.[Lula da Silva] Muito justamente acabou Doutor Honoris Causa pela Universidade de Coimbra, o título académico adequado para quem não estudou mas deixou obra feita.”

    onde eu sublinharia (se pudesse mas não sei como fazê-lo aqui) isto: “parte sequer interessante” e “obra feita”! São palavras-chave que todo o eleitor consciente deveria ter em mente!

  2. MAGRIÇO says:

    Mais quero apedeuta que me enriqueça do que doutor que me roube!

  3. maria celeste ramos says:

    Não sei se o que dizem acaba por desvalorizar o grau de ensino universitário que já tendo tanto que se lhe diga acaba por derrapar ainda mais – Agostinho da Silva disse um dia nos seus solilóquios que a universidade tal como instituição como existe iria cabar – e que o “conhecimento” e competência se adquiriria em outros lugares e formas – percebo o que le quiz dizer e ouvi em directo em conversa TV – mas apenas verdade entre gente de carácter e honestidade intelectual – basta pensar que já tivemos a melhor agricultura do mundo feita por analfabetos e agora com tanto doutor nem há agricultura e os sobreiros estão tão ameaçados e mesmo a morrer depressa, bem como outras situações do foro da paisagem e ferlilidade e productividade (pela mão de ministros que tiveram o pelouro e fizeram os maiores desmandos ex Freeport e Varzea Fresca e TUA) – neste país de pessoas assim não será o “canudo” que interessa (por mais que interesse e até se compre ao domingo) mas o que pressupõe de percurso escolar (e de que escola) para merecer tal “canudo” e sendo que o melhor canudo não chega pois há que concretizar na realidade o que aprendeu e como usa para o bem comum dos territórios e pessoas – Afinal tudo anda cada vez mais falso – os “canudos” e os bancos (ontem a bomba do Barklay da tão moralista e imperialista inglaterra)

  4. Em Portugal, o Lula nunca teria sido eleito… Não chegaria sequer às eleições… Não preenche os requisitos mínimos de acesso à carreira política na nossa terra… Faltam-lhe componentes imprescindíveis do “kit” de qualquer governante nacional… Exigência da nossa sociedade… Como já disse aqui: http://aventar.eu/2012/07/05/much-ado-about-nothing/comment-page-1/#comment-66857

    • MAGRIÇO says:

      É a tão característica fatuidade nacional que se traduz pela atracção irresistível pelo título académico. Ainda havemos de ter a Ordem dos Trolhas e a dos Técnicos Superiores de Limpeza de Ruas (aliás, profissões muito dignas e de utilidade social mais importante que a de muitos doutores que desempenham cargos por mero favor partidário). Conheço algumas pessoas que não sabem ler e têm uma imensa sabedoria e conhecimento da vida que, infelizmente, passa ao lado de muitos académicos, e não falo dos licenciados por favor. Quem não conhece, por exemplo, o legado de António Aleixo?

  5. Pedro Marques says:

    Só que está do lado do acordo ortográfico, o Lula.

Trackbacks

  1. […] preferidos. O JJC é um gajo a quem gosto de chamar “Amigo”. Por isso, para criticar algo que o JJC escreve eu tenho de pensar duas, não, três vezes antes de começar a dar à […]

  2. […] e aldrabão como perdido, porque como pensava ter deixado em letra legível esta tarde quando os desmemoriados do planeta tentam apagar a sua orfandade ao domingo com um assunto onde quem tem vergonha está calado, não me meto mais no assunto, quando o meu […]

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading