O regresso da Corporativa

Tem feito falta, obriga-me a ler mais coisas indigentes; não sei quem são mas acabaram as aulas e voltaram.

Também gosto de humor negro, com cheiro a queimado

João Miranda em churrasco lento e já, para amortizar eventuais dívidas.

Que se lixem as crianças!

Leiam esta notícia, com atenção: no concelho de Paredes, há um menino que vai entrar para o Primeiro Ciclo do Ensino Básico e que, graças ao encerramento da escola para onde iria, terá de se levantar duas horas antes do início das aulas, devido ao horário dos transportes; no concelho da Figueira, uma mãe não tem 50 euros para pagar o passe, agora que a filha será obrigada a ir para uma escola mais distante; alguns presidentes das câmaras estão muito preocupados com o aumento da despesa com transportes.

Nuno Crato, a propósito do encerramento das escolas, mente o mais que pode, afirmando que tudo nasce de um consenso sereno. Os presidentes das câmaras preocupam-se com o dinheirinho ou com as fidelidades partidárias. Confirma-se, portanto, que, entre ministros e autarcas, há uma disputa renhida para ver quem consegue prejudicar mais as crianças do país. Terrível campeonato! Tristes espectadores!

Sem rosto

Já há muito que queria ter Elogio da Loucura nas minhas mãos, sopesá-lo. Um livro com 500 anos é «pesado», embora esta edição que tenho seja uma «coisinha» de 141 páginas num formato A5.

Esta obra de Erasmo de Roterdão faz doer as costas!!

Logo na página 16, eu me fico:

” (…) já que o rosto não mente porque é o espelho da alma. Não dissimulo no rosto o que sinto dentro do peito. Sou sempre idêntica a mim própria (…)

José Mestre foi, durante muito tempo, um homem sem rosto. Nunca o vi. Deambulava pelo Rossio e pelos Restauradores em Lisboa… Conquistou um rosto depois da operação ao tumor que lhe pesava mais de 5 quilos no corpo e na alma. Como espelhava ele a sua alma antes de ter este rosto?

Claro, sr. Erasmo, há outras maneiras, outros veículos para reflectir o que vai na alma.

O rosto é apenas um dos muitos espelhos que ela tem!

Se não, o que seria de nós aventadores e de vós, leitores do Aventar, gente sem rosto?!!

Privatizações em família

Pavilhão Atlântico vendido a consórcio de Luís Montez. Na ausência do BPN, quem financia?

(respondido nos comentários)

Factos de “Anda Comigo Ver os Aviões”

Toda a gente se apaixona pelo poema e pela música «Anda Comigo Ver os Aviões» e a coisa é, talvez, de meados de 2011. A menina de três aninhos canta-os escaroladamente. A adolescente, com os ouvidos sempre preenchidos pelo verdadeiro alter audio, com todos os sucessos musicais-universais em Inglês, também os canta e articula, com arte, cada verso, como se os mastigasse. A avó interessa-se por eles, música e poema, e pede que os netos lhos expliquem com pormenor. Mesmo o avô, que ouve mal, e o pai, de bela voz, cantam aqui e ali os primeiros versos entre sorrisos de incontido embevecimento. Os casais entreolham-se, de olhar húmido, ao ouvi-la na Rádio ou no PC, coisa a que também não resistem imigrantes brasileiros e brasileiras ainda resistentes por cá. A Porto Canal usa-a num gingle autopromocional, promotor simultâneo das belezas ímpares da nossa cidade. De que é que está à espera o Brasil inteiro para se apaixonar por ela também?! Tenho enviado e-mails com o vídeo para os meus Amigos de Lá, numa tentativa, até agora sem retorno, de seduzi-los para ele, poemúsica. Adoraria que a América fosse trazida até cá e a Os Azeitonas, mesmo extinta, dissolvida ou transformada a banda, só por causa desse naco de sublime, sacado por um evidente e inspirado talento que toca toda a gente.

Parar de amar

 Miguel Esteves Cardoso é, às vezes, irresistível. Como hoje!

O título do seu texto no Público: «Ser amado». O homem «põe-se» a dizer aquelas coisas sobre o seu amor a Maria João e vice-versa e eu não lhe resisto. Transcrevo a passagem que considero mais interessante:

Às vezes, é preciso conseguirmos o que não se consegue: parar de amar por um momento, para se ser amado por quem se ama. Seria bom podermos parar para nos sentirmos amados sem ser de volta, na confusão de duas pessoas a amarem-se.

Parar de amar não se consegue!

Fazer um «stop», uma «pausa» em amar.

Amar é movimento? É uma canção? Amar o que é para se poder parar «por um momento»?

Desliga. Liga.

Carrega no botão: põe o amor em andamento!

festa na rua das putas

Na rua das putas há duas instituições: o infantário da segurança social e a pensão das putas. Também há cafés, garagens, marcos do correio, buracos na estrada, uma mercearia, mas tudo isso se secundariza perante o infantário e, mais ainda, perante a pensão das putas. Aliás, toda a gente a conhece como rua das putas, e não a rua do infantário, ou a rua da garagem. Porque são as putas, nos seus sucessivos turnos, que patrulham a rua, vigiam a casa de quem vai de férias, devolvem a bola aos miúdos do outro lado da cerca, convidam os homens solitários a subir com elas, e seguem os casais com um olhar onde jogam, às escondidas, a discrição e a insolência.

Por estes dias, acaba o ano escolar no infantário e faz-se uma festa. A festa é no pátio, semioculto por um portão, e para espreitar lá para dentro há que ter saltos bem altos. Na festa, o director fala ao microfone, e a rua toda ouve o que ele diz, e também apresenta os cantores, que não são as crianças nem os professores mas uns artistas convidados que costumam cantar muito mal. [Read more…]

Uma Ingenuidade de Corrupção Divertida

É o que acontece quando falamos de mulheres, entre amigos, tantas vezes. Hoje, falar de Portugal dói e massacra para além de todas as medidas. Ainda acredito que Passos Coelho na maioria das medidas esteja a decidir aquilo para que não há alternativa e tem de ser feito em Portugal, apesar de decidir contra os meus interesses imediatos, as minhas necessidades prementes, apesar de assediar os meus nulos recursos, [o Fisco, por exemplo, parece uma vaca doida que me inventa sucessivas questões e vem com cartas ameaçadoras ou chover no molhado ou sobressaltar-me com supostas dívidas em que é impossível eu ter incorrido], apesar de esmagar a minha tranquilidade de cidadão cumpridor e pobre. A sensação de justiça nas medidas, essa é que teria e terá de ser incomparavelmente maior tanto para a minoritária centena dos que o vaiam profissional e metodicamente como para os milhões que ficam calados, mais apostados em olhar por si e em correr os riscos necessários para não cair no abismo da miséria. Reconheçamos que em demasiados casos os Portugueses teriam de se vaiar a si mesmos por cada ano desta semi-democracia até ficarem roucos. Uma vaia monumental, para começar, à má qualidade do seu voto. Uma vaia interminável, para terminar, ao individualismo explorador do próximo em situações de poder económico ou político. Onde está a tua solidariedade, Portugal?! Que é feito do teu sentido do outro?! E autocrítica, não temos?!

Universo pluralístico

Li Não Matem o Bebé de Kenzaburo Oë, Nobel da Literatura, há dezoito anos. Uma passagem não me saiu da cabeça desde então: um diálogo entre Himiko e Passarinho. Falam do «universo pluralístico» nestes termos:

– Neste preciso momento tu e eu estamos sentados e a falar um com o outro num quarto que faz parte daquilo a que chamamos o mundo real – principiou Himiko. (…) Ora sucede que tu e eu existimos também sob formas completamente diferentes num mundo incontável de outros universos. Aí tens! Ambos nos recordamos de tempos passados em que as probabilidades de viver ou morrer eram de cinquenta por cento. Por exemplo, quando eu era criança apanhei febre tifóide e quase morri. E lembro-me ainda perfeitamente do instante em que cheguei à encruzilhada; ou descia para a morte ou subia a ladeira da convalescença. Naturalmente, a Himiko que se encontra sentada contigo neste quarto escolheu o caminho da convalescença. Mas, no mesmo instante, outra Himiko escolheu a morte! (…)”

Eu concordo com esta visão. Decidir, que acontece a cada momento da nossa vida, é isto mesmo! Há muitos caminhos que deixamos de fazer… por um.

Agora imaginem este «universo pluralístico» na cena política! E se Portugal tivesse enveredado por um outro caminho que não este em que nos encontramos e que já não há retorno? Ainda teremos outra oportunidade para escolher «a ladeira da convalescença»?

p.s.: o poema de Frost foi sugestão da Celeste Ramos!

Que se lixe

Que se lixe aqui no Porto seria escrito de outro modo, mas atendendo à época carnavalesca em curso admito como plausível o acesso de menores ao Aventar – vou, por isso, evitar escrever Que se foda!

Caro leitor, nas linhas que se seguem, penso de um modo, mas escrevo de outro. Sou uma pessoa complicada, sim, admito. Uma pessoa complicada daquelas que gosta de chatear o Primeiro-ministro. Aliás, estou de licença sem vencimento, porque ninguém me pagou o subsídio de férias e no último mês, confesso, estive em quatro manifestações. Sou decididamente uma pessoa complicada e por isso não entendo o Miguel Relvas.

São pessoas complicadas os médicos e os professores, os enfermeiros, os funcionários públicos…

Todos um bando de ladrões que tirou licenciaturas na Lusófona  e tudo gente que subiu na vida à custa das equivalências ou dos cargos nas empresas dos amigos. [Read more…]

Os bancos devem ser desmembrados

É o que diz um ex-presidente executivo do Citigroup. – É claro que vamos continuar a endividar-nos para salvar bancos falidos.

Acordo Ortográfico prejudica Futebol Clube do Porto

O labor incansável do João Roque Dias permite-me, todos os dias, confirmar que o chamado acordo ortográfico (AO90) é uma fonte de ruído e não me estou a referir ao debate entre os defensores e os críticos. [Read more…]

Filmes para o 7.º ano de História – Fim

A última unidade do programa do 7.º ano de História, Crises e Revolução no séc. XIV, é na prática uma unidade do 8.º ano, pois nunca é leccionada, por falta de tempo, no 7.º. Assim, ficará para outras núpcias.
Quanto à série que hoje termina, relembrar que não quis fazer uma listagem exaustiva dos filmes existentes na net sobre os conteúdos do programa do 7.º ano de História, mas seleccionar aqueles que tinham mais interesse do ponto de vista da aula e dos alunos.
Como escrevi no primeiro post desta série, é de evitar a utilização de filmes completos. O facto de existirem na net é excelente, mas só se o professor souber aproveitá-los para os seus objectivos. Ou seja, retirar determinada cena ou determinado episódio pode ser muito importante, muito mais do que mil palavras que o professor diga. E aí, os inúmeros programas gratuitos de edição de som e de imagem, de legendagem, etc, são seus aliados fundamentais.
Pode dar muito mais trabalho do que estar ali a debitar a matéria do costume, mas os alunos agradecem. Ou não.

Da série Filmes completos para o 7.º ano de História

Os Jogos Olímpicos visitam Banksy (2)