Professores:Uma nova forma de lutar

Bons dias. Bom ano.

Estas palavras são vazias de conteúdo para tantos e tantos professores, muitos com anos e anos de entrega à Escola Pública, que hoje ficam em casa.

Mas há rituais que nada nem ninguém conseguem apagar e esta é a semana em que arranca mais um ano lectivo.

E perante o que está a acontecer, sugeria que cada um de nós, na sua escola fizesse uma coisa muito simples: vou deslocar-me aos meus serviços administrativos e farei a requisição do material que considero necessário para exercer a minha profissão. Simbolicamente, porque é disso que se trata, não admito usar um cêntimo que seja do meu orçamento familiar para financiar um Governo que me rouba em permanência: canetas, lápis, um caderno, marcadores para o quadro e folhas de papel. Vou também fazer o pedido de um portátil, hoje fundamental para preparar o trabalho.

Pode parecer estranho a quem trabalha em algumas empresas, mas nas escolas é normal os professores imprimirem fichas em casa para os alunos, levarem canetas e lápis para quem não tem. É frequente ver que cada professor leva o seu portátil para a sala de aula, na ausência de equipamento para trabalhar nas escolas. Mas este não é um momento qualquer.

Nuno Crato está a colocar em causa a própria Escola Pública, inclusive, negando a própria Constituição da República:

  • Quando Passos Coelho e Nuno Crato introduzem exames nos 4º e 6º anos;
  • Quando impedem os adultos de aceder a um processo de educação e formação de adultos;
  • Quando reduzem o currículo;
  • Quando obrigam os alunos do ensino especial a fazer exames como qualquer outro aluno;
  • Quando acabam com a dimensão das competências, voltando aos velhos objectivos;
  • Quando querem empurrar para vias diferenciadas alunos, mesmo com a sua oposição;
  • Quando aumentam o número de alunos por turma;
  • Quando …

Estão a colocar em causa a Constituição da República na medida em que não estão a cumprir o que a mesma impõe também no artigo 74º: “Todos têm direito ao ensino com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar.”

Não é só uma questão de estar contra porque as medidas afectam o meu bolso, enquanto trabalhador. Claro que também é isso, mas o que está aqui em causa é um ataque ideológico brutal à Escola Pública e até os textos da UNESCO o provam. Vejamos o relatório para a UNESCO, “Educação –um tesouro a descobrir”, que refere quatro pilares para a Educação:

  • Aprender a conhecer;
  • Aprender a fazer;
  • Aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros;
  • Aprender a ser.

Qual destes pilares fica de pé com as medidas de Nuno Crato?