contado pelo Jorge Seabra Paupério:
Expor ao vento. Arejar. Segurar pelas ventas. Farejar, pressentir, suspeitar. Chegar.
Primeiro foi Monteiro, Manuel Monteiro. Confiou no homem e foi trucidado politicamente até aos dias de hoje (uma das grandes injustiças da política nacional e castigo enorme pelo erro da criação do PND). Manuel Monteiro criou o Partido Popular nas cinzas de um CDS moribundo, ouvia Portas e este, quando se viu alçado ao poder, como verdadeiro número dois de Monteiro, foi aniquilando políticamente o seu amigo. Quem soprava para as redacções que era ele que escrevia os discursos de Monteiro? Que Monteiro só defendia e transmitia aquilo que ele lhe dizia? Quem lhe tirou o tapete independente da inabilidade política de parte substancial da equipa de Monteiro?
Mais tarde, foi Marcelo Rebelo de Sousa. Contra boa parte do seu partido, em especial o baronato, decide avançar com uma coligação com Portas. Pouco tempo depois, foi politicamente esfaqueado por Portas. Mais uma traição para o seu currículo e o fim da AD. Marcelo nunca mais foi líder do PSD e é hoje comentador televisivo.
Agora, Passos. Pedro Passos Coelho é a nova vítima. Em nome de um patriotismo bacoco, Portas manteve um silêncio ensurdecedor ao longo da semana mais negra deste governo para, hoje, uma vez mais travestido de virgem ofendida, espetar uma faca nas costas do Primeiro-ministro. Uma vez mais. O mesmo actor principal. São coincidências a mais. E só não vê quem não quer.
Contudo, posso estar enganado, mas desta vez, como na parábola do sapo e do escorpião, Portas mediu mal as consequências e vai terminar politicamente afogado. Como o escorpião.
A Redacção, o *Ato, os Actos ou a escrita adutada/adotada/adoptada/adaptada/atapetada pela TVI. Como diria o Peter Greenaway (em inglês, claro): The Cook, the Thief, His Wife & Her Lover.
E se as contas públicas estivessem tão más, mas tão más que a queda do governo seria melhor do que continuarem a se enterrar? A alternativa da burrice é ainda mais assustadora do que uma actuação maquiavélica.
A SIC diz que quase metade dos telespectadores viram a novela. Esse quase é 34% (e picos). Alguém fez matemática nas Novas Oportunidades.
– Que convocar dezenas de manifestações no Facebook chega a pessoas que nem computador têm. Parece que os portugueses ainda falam uns com os outros.
– Que bem se pode lançar na imprensa uma campanha de medo e intimidação somada a um pesado silêncio sobre a realização de manifes. Como canta Liliana Filipe Nos tienen miedo porque no tenemos miedo.
– Que o número de portugueses que ainda acreditam na suposta “ajuda” da troika minguou. Para nada servem os mentirosos compulsivos que enxameiam as televisões. Apanham-se talvez mais devagar que os mancos, mas apanham-se.
– Que na PSP a indignação assume uma fantástica originalidade portuguesa: actuar com profissionalismo, ponderação e paciência perante manifestações que , pelo número de manifestantes, teriam sempre riscos de violência pontual. Este governo deixou de ter polícia, e desconfio que tropa nunca teve.
– Que já se pode confiar na PSP para contabilizar manifestantes. Note-se que foram muito raras as divergências no meio de tantas manifestações.
– Que ainda há social-democratas no PSD e democratas-cristãos no CDS. Gente de esquerda no PS já sabia, mas não imaginava que seriam tantos.
– Que há esperança. Os portugueses são muito pacientes, mas detestam mentirosos e assaltantes.
– Que os meninos neoliberais andam a fumar coisas maradas, embora alguns comecem a perceber o óbvio: o neoliberalismo é incompatível com a democracia. Legalização da canabis, já.
– Que é muito mais mobilizador cada um manifestar-se onde vive do que encher autocarros a caminho da capital. Isto por acaso já se sabia desde o 11 de Março, mas há quem insista.
Aprendi mais coisas. Vi gente como não via desde 1974. Coisas muito bonitas. Mas sobre isso se escrevesse seria um poema, e falta-me para tal o engenho e a arte.
Quem sou eu? –disse eu
só que ninguém respondeu, ninguém
mas o que foi que me deu
para estar hoje assim?Estou aqui, se estou
mas para onde é que eu vou, quem sou?
Toda a gente sabe mais ou menos quem éPassam carros, passa gente
vão para algum lugar é certo
vão para trás ou vão para a frente
vão para longe ou vão para perto
vão para algum lugar é certo, vão
Ontem estive frente a frente á policia de choque nas escadas do parlamento. Foi incrivel. por trás voavam garrafas, pedras e petardos. pela frente os polícias que levavam com os detritos no capacete e nada faziam. Manifestantes a pedirem “juntem-se a nós, por nós voces e pelos vossos filhos”. os olhos não mentem e os polícias também os têm. por de trás das viseiras acrilicas eram várias as lágrimas e notória a vontade de tirar escudo e capacete e passar para o outro lado da barricada. Faltou só um bocadinho assim para fazer história. Esta é a estória que não vem nos jornais.
Roubado no facebook
Foram muitos os portugueses que resolveram ontem sair à rua para protestar contra a situação que Portugal atravessa. Diferentes motivações como já fui lendo, pessoas politicamente esclarecidas misturadas com outras que apenas pretenderam gritar basta pelas dificuldades que sentem no dia a dia. Mas uma coisa é criticar, outra bem diferente é apontar alternativas. De forma alguma pretendo contestar o direito à manifestação, forma legítima que os organizadores encontraram para expressar a sua indignação. Até porque o fizeram de forma pacífica e ordeira, à parte um ou outro energúmeno que possa ter procurado aproveitar a onda procurando conduzir a turba para actos de vandalismo, a verdade é que cidadãos e forças policiais estiveram à altura, mostrando que não são desordeiros ou arruaceiros, facto a registar. [Read more…]
Estive na manifestação de ontem no Porto, com convicção, com orgulho e com confiança de que é possível mudar as coisas.
O que não quer dizer que concorde com alguns dos “gritos de ordem” que se ouviram, com algumas das frases que se leram ou com alguns dos sentimentos que se evidenciaram.
Para mim, “mudar as coisas” nem sequer passa por mudar este governo. Não porque seja bom, mas porque não vejo qualquer alternativa melhor. Não tenho um partido, tenho um cérebro. E ele diz-me que, entre “mais do mesmo” ou um vazio de poder, o mais sensato será mantermos o governo que temos, desde que o governo se mantenha sensato…
Para mim, “mudar as coisas” também não passa por ignorar ou expulsar a troika. Temos problemas financeiros graves. Precisamos dessas instituições. Precisamos também de ser sérios e honrarmos os nossos compromissos. Não concordo, por princípio, pela atitude de “cuspir no prato em que se comeu”. [Read more…]
Excelente filme sobre Miguel ângelo, um dos principais artistas do Renascimento.
Michelangelo Buonarroti – Una Superestrella from FlorenciaGranGuia on Vimeo.
Da série Filmes para o 8.º ano de História
Tema 5 – Expansão e Mudança nos secs. XV a XVI
Unidade 5.2. – Os novos valores europeus
Quando lemos isto, percebemos que a direita ainda tem gente inteligente. Ainda bem, os outros vão emigrar.
Andamos anos a apagar a palavra de todos os dicionários: havia indivíduos, sociedade civil, contribuintes, eleitores, classe média e média alta ou média baixa, consumidores. “Povo” é que não, que isso soava a PREC e a bandeiras vermelhas, e miséria mais ou menos assumida. Agora voltamos a ser povo, orgulhosamente povo, por oposição aos que deviam representar-nos e nos voltam as costas assim que têm a eleição garantida. O que eu vi esta tarde, nas ruas do Porto, foi o povo português: famílias, jovens, reformados, desempregados, crianças, gente que não participava numa manifestação há décadas ou que o fazia pela primeira vez.
Se o Governo cairá? Cairá, seguramente, e as primeiras ratazanas já preparam a fuga do barco, mas o que hoje se vislumbrou poderá vir a ser muito mais importante do que essa queda. Hoje vislumbramos, ainda que por instantes, que, mais do que do partido A, B ou C, o país precisa que a sua gente se ocupe dele, que lhe dedique o seu entusiasmo, a sua alegria, e as suas grandes ganas de transformá-lo. Não sabemos ainda bem como fazê-lo, mas sentimo-nos impelidos a sair para a rua e a juntar-nos e a arregaçar as mangas para construir qualquer coisa entre todos. Este sábado mostrou-nos que não somos apenas nós e o nosso círculo mais próximo. Somos muitos e podemos construir outro país.
é isto mesmo que falta ao país e, do meu ponto de vista que é, naturalmente, uma vista a partir de um ponto, o que falta ao governo: pensamento político.
São apenas um conjunto de boys sem formação política, ignorantes da história do país e do partido – recordo apenas Sá Carneiro. Os adjectivos e os insultos ficam nos cartazes das manifs de hoje. Para o Aventar trago apenas uma dúvida:
– continuas a ter fé que o caminho é o que está a ser trilhado, custe o que custar? Continuas a acreditar que o caminho é baixar os custos do trabalho e apostar forte na lógica de que a austeridade vai trazer crescimento?
Eu sugeria que o dinheiro e a aposta do governo fosse para a economia real, via salários e via aposta na produção nacional, tornando real o crescimento de dentro para fora.
Estamos com percursos de fé bem distintos. Eu reconheço que tenho uma vantagem – é que o teu já mostrou que não serve. O meu é o que o povo pediu na rua!
Na nova e sofisticada loja dos CTT, a abarrotar de produtos para turistas (facilmente identificáveis por representarem sardinhas e/ou serem feitos de cortiça) e até “tablets e smartphones recondicionados”, mas em que a mesa de trabalho dos funcionários encolheu de tal modo que já nela não cabem os envelopes maiores, hoje a máquina das senhas […]
Autoria da foto (e os meus agradecimentos): http://permanentereencontro.blogspot.com/2012/12/amores-de-perdicao.html
A propósito desta notícia de hoje.
Debate político entre Aventadores. A Esquerda, a Direita, e não só.
A actualidade em análise com as opiniões dos participantes no Aventar sobre a actualidade.
Debate sobre política, sociedade, actualidade, entre outros.
As músicas escolhidas pelos participantes do Aventar com espaço para entrevistas e apresentação de novas bandas, tendências e sonoridades.
Aqui reinam as palavras. Em prosa ou poesia. A obra e os autores.
Já sabia que o tolinho recebe conselhos do cão, mas não contava que começasse o percurso a lamber a mão do establishment.
Maria Luís Albuquerque, Aguiar Branco, Poiares Maduro, Teresa Morais e Castro Almeida deram à costa no montenegrismo. E parece que o dr. Arnaut, da ANA, também lá vai. Cheirará a poder? Ou a privatizações?
A acusação é de um grupo de militantes que abandonaram ontem o partido. André Ventura agradece.
Para o Kremlin a comunidade LGBT é “extremista” e a sua actividade deve ser banida. Já Yitzhak Pindrus, do partido United Torah, que integra o governo israelita, garante que são mais perigosos que o Hamas e que o Hezbollah.
Primeiro-ministro que se demitiu das funções assume no seu governo demissionário a pasta do ministro que se demitiu do governo demissionário e que já tinha tentado demitir-se antes, mas o primeiro-ministro à altura não deixou.
Contra Pedro Nuno Santos, contra a Geringonça e a favor de deixar um governo minoritário PSD/IL governar, para manter o CH do lado de fora da cerca sanitária.
Olhando para todos os envolvidos na “operação influencer“, e dos investimentos de milhões e milhões a que se reporta a matéria, será que António Costa e Silva ainda continua convencido que é Ministro da Economia?…
Fernando Medina, Ana Catarina Mendes, Mariana Vieira da Silva e até Duarte Cordeiro. E, claro, Pedro Nuno Santos. Todos eram falados, todos podiam suceder a Costa. Até que o tsunami aconteceu e o discreto José Luís Carneiro emergiu.
Malhou no PM todas as semanas. Sem excepção. Ainda assim, saiu na sua defesa. O regime está estar mesmo por um fio.
e descobrir o que terá acontecido ao cê da Acção.
O novo speaker da câmara dos representantes, Mike “MAGA” Johnson, é um nacionalista cristão. Em 2019 afirmou “Não queremos estar em democracia”. Pragmático.
Neste desastre em curso que vivemos, algo positivo aconteceu: a inflação desceu pelo segundo mês consecutivo, para o valor mais baixo desde Outubro 2021. Melhor que um pontapé nas costas.
de Nathan Fletcher para os Metallica, só este “*guitarist of Nirvana” de Conan O’Brien & Co. para o Novoselic.
Excelente artigo de Slavoj Žižek, no DN, sem paywall.
um terrorista massacrou 22 pessoas e feriu + de 50 em Androscoggin, Maine. A liberdade de todos comprarem armas como quem compra pão tem corrido maravilhosamente nos EUA.
Depois de Santana Lopes ter vindo “esta quarta-feira afastar-se da corrida presidencial”, era ter atalhado imediatamente: «Já que fala nisso, então “agora facto é igual a fato (de roupa)”»?”
O artigo do Pedro Magalhães, no Expresso, é o resumo perfeito do país que temos e, sobretudo, do país que a maioria dos portugueses quer ter. Ide ler que não tem paywall.
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