Será que este título do Expresso constitui mais uma prova de que o prestigiado semanário está a abandonar o chamado acordo ortográfico (AO90), tal como o Francisco tinha anunciado?
Se for verdade, nota-se alguma resistência: o mês com inicial minúscula e “projecto” ainda sem C, mas aquele P do adjectivo “óptico” poderá ser um sinal de que a ortografia está prestes a recuperar o brilho perdido. Seria preferível que a recuperação se desse toda de uma vez, mas aceita-se que o jornal queira ir salvando a face. Óptico seria óptimo, portanto.
Uma voz demoníaca, no entanto, sussurra-me ao ouvido que há a possibilidade de que exista ignorância ortográfica nos quadros de um jornal tão ilustre. Tremo. A mesma voz, insistente e cruel, agride-me, ainda, com a ideia de que poderá tratar-se de uma opção consciente, com o fito de fugir à confusão entre óptico e ótico, mas seria inaceitável que praticantes profissionais da ortografia portuguesa se arrogassem o direito de desobedecer a regras tão claras, tão facilmente verificáveis no Priberam ou no Portal de Língua Portuguesa. Fico febril.
É então que uma luz, vinda das duas consultas realizadas, me ilumina: “óptico”, com o AO90, é uma forma exclusivamente brasileira, o que lhe permite surgir, honradamente, ao lado de um “projeto”. Assim, Francisco, o Expresso não abandonou o AO90, o Expresso emigrou para o Brasil.
Se emigrasse para a Holanda seria pior
Todavia, se estivesse escrito “telescópio ótico”, este teria a ver com … o ouvido…