Já vos tinha dito que todos os produtos Samsung que comprei até hoje eram de alta qualidade?
Electricista, Sindicalista, Economista e Político – Lech Walesa
Raras são as vezes que se tem oportunidade de ouvir um dos homens da luta anti-comunista.
Curioso é, perceber que este mesmo homem que foi o fundador e líder do Solidariedade (organização sindical independente do Partido Comunista da Polónia) apresentou hoje, nas Conferências do Estoril, uma visão antagónica do que temos ouvido nos dias que correm dos Camaradas Portugueses.
Lech Walesa, que esteve em várias manifestações anti-capitalistas durante o último ano, afirma que é preciso uma reforma do sistema económico Europeu: “Ninguém no seu devido juízo põe em causa a economia de mercado ou a propriedade privada (…) agora estamos numa nova era que exige organizações e estruturas completamente diferentes. Na ditadura a greve era a única solução. Mas agora cabe-nos a nós chegar a um consenso de como introduzir as reformas e medidas necessárias através do debate, para escolher as melhores opções para o desenvolvimento do futuro”. Será esta uma visão antagónica ou progressista do comunismo?
Revoltante sensacionalismo
É muito triste confirmar o sensacionalismo em que caem alguns jornais, como é o caso do i. Como é possível concluir que Vítor Gaspar será o responsável por destruir mais 208000 empregos até ao próximo ano? Tendo em conta que esses números derivam de previsões feitas pelo próprio ministro das Finanças, é evidente que o número será superior.
Senhores jornalistas, mais rigor, por obséquio. Pelo menos, acertaram no nome do responsável.
A Direita e sua História
Quando apareceu esta cena do neoliberalismo no jardim da Europa à beira-mar semeado soltei um razoável desprezo pela novidade em si. Se por um lado vejo as teorias políticas mais para o lado da treta e me interessam sim as práticas (o que já me causou dissabores, nomeadamente académicos, mas sou como sou e não como eventualmente gostaria de ser), por outro encaro em consequência esquerda e direita num quase contínuo histórico e as ideologias modernaças com o mesmo desinteresse de um desfile de moda.
A prática confirma: a nossa direita que na anterior geração foi fascista (ou com ele conviveu em paz, respeito e harmonia) descende dos talassas de há 100 anos, dos miguelistas oitocentistas, esteve com Filipe I em quinhentos e com João de Castela em 1385, para não entrar em exemplos mais anacrónicos que fariam de Afonso Henriques um homem de esquerda, mui avant la lettre, e entrando inexoravelmente no disparate. Claro que quando digo isto levo porrada, da direita que se nega e da esquerda muito ortodoxa nas suas filiações. C’est la vie.
Foi pois com inebriado prazer e profunda admiração que li este artigo do Filipe Faria. Palmas, bis, encore. Haja pois coerência e alguém da direita que corajosamente saia do armário.
PS – Eu sei que isto à esquerda tem os seus esqueletos, embora pela parte que me toca não passem de uns tarsos e falangetas. O problema aqui é simples: quem não se liberta criticamente do seu passado, claro que leva. Só se perdem as que caírem no chão.
E insiste
Victor Baptista votou pelo fim das reformas deputais porque se pensava excluído. É pobre, mas lata não lhe falta.
O Tractor e os *tratores: Toni, o Grande
A partir de hoje, infelizmente, depois do despedimento de Toni, o Grande, as ocorrências de tractor diminuirão drasticamente em órgãos de comunicação social que capitularam (pois, capitularam; a propósito, a interpretação do Brian Jones é soberba) perante a inenarrável proposta ortográfica adoptada pelo Estado português. A não ser que haja reflexão profunda e necessária, além de respectivas e adequadas medidas (esperemos pelas conclusões), doravante, só órgãos de comunicação social de referência em ortografia portuguesa europeia adoptarão a grafia correcta. Entretanto, ficámos a saber que a maior fábrica de *tratores do Irão é dona do Tractor. Sim: Tractor porque *tratores. Exactamente. Percebemos perfeitamente. .
O 1º de Maio ajoelhado
O velho PPD tem um grave problema com as terminologias, o democrático sempre foi duvidoso, chamar-se PSD, sem manter social-democrata algum no seu seio, que se saiba, admito um sobrevivente clandestino no Entroncamento.
Subsiste outro fenómeno, duplicado: os TSD. Embora o tal militante do Entroncamento possa andar por ali filiado, no mínimo deveria chamar-se CSD, colaboradores do patronato deve ter bastantes, para não dizer que por ali andam quase todos, ou seja: CP, colaboradores do patrão. Era capaz de me ocorrer uma alternativa que metia um B, mas não quero discriminar positivamente o capitalista do sexo masculino, as mulheres no topo das empresas são poucas e por isso mesmo mereceriam um M, o que complicava a sigla.
Ora os colaboradores populares comemoraram o 1º de Maio (se até o Alexandre SS o faz, têm direito) num hotel de 5 estrelas. Compreende-se a nobreza da escolha: deve estar em vias de falir e sempre lhes alugaram uma salinha. De qualquer forma não resisto: alguém anda a comemorar acima das suas possibilidades. Não podiam ficar por um jantarinho de saudade a 24 de Abril? a vida não está para estes luxos.
Pensão Flor, onde há noite todas as noites
Os mistérios da música em Coimbra não sendo insondáveis, perturbam. A cidade que nos anos 60 soltou um Adriano e formou um Zeca foi perdendo comboios. Será simbólico que no ano do Chico Fininho o seu grupo de baile com mais original e potencial para gravar (a Banda do Arco da Velha) tivesse acabado de se dissolver, que o punk nos tenha chegado retardado, e por aí fora; os nossos dois músicos mais conhecidos, JP Simões e Paulo Furtado emigrados para o capitalismo, tinha de ser.
Mas uma cidade que parece adormecida não tem de dormir. Discretamente vai cerzindo as suas cumplicidades musicais, guardando os seus segredos baixinho, entre voltas da nossa guitarra e da mundial viola, muitos cantos numa diligência eternamente na malaposta, ataques frontais à música tradicional portuguesa sob, por exemplo, a forma de gaita de foles, até que um dia alguém diz: acordámos, estamos de volta.
A volta agora chama-se Pensão Flor (um local que é um sonho) e já se nos apresentou. Vão ouvi-los, ai se vão, juntaram-se a família Brigada Victor Jara com a dos Belle Chase Hotel, a nossa guitarra, a do Carlos Paredes, regressa pelas unhas do filho Portugal (tinha de ser Manuel), tudo isto com um moço que desconhecia (e como é bom ter surpresas na nossa aldeia) de seu nome Tiago Almeida. Vai uma aposta?
Albuquerque revisitado
– Não é crime, disse ele, tentando resistir à ruína, ao opróbrio, à desumanidade.
Manobras de Maio
Viver aqui, no litoral próspero de outros tempos, significa não ter tradição de lutas nem manifestações. Isso era coisa da Marinha Grande, nos mesmos tempos. Aqui não há registos de desfiles de Abril e as comemorações do 1º de Maio em Leiria são há muitos anos participadas pelos mesmos, nem muitos nem poucos, assim-assim, a reboque dos sindicalistas resistentes. E foi por isso que as manifestações de Setembro e Março assumiram tamanha importância, também. Vive aqui a mesma gente, do mesmo país, afinal. Coabitam o mesmo espaço que os empreendedores (ah, os empreendedores!), os empresários, os patrões, num distrito a que Feliciano Barreiras Duarte (o secretário de Estado que emergiu publicamente da luta das portagens no oeste, nos anos 90) caracterizou em livro como “um gigante económico, mas um anão político”. [Read more…]
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