De acordo com o Público, e relativamente à greve à avaliações e aos exames, Mário Nogueira “indicou […] que a condição para os professores não irem para a greve é a de terem a garantia de que não haverá docentes na mobilidade especial, um regime onde já foi anunciado que serão colocados todos aqueles que ficarem sem turmas para ensinar.” O site da FENPROF, no entanto, vai além disso, o que me deixou um pouco mais tranquilo, embora ainda não completamente descansado.
Os problemas da Educação em Portugal vão muito além da ameaça da mobilidade especial. Uma greve de professores, especialmente num momento crítico, não pode, portanto, limitar-se a um problema no meio de muitos que afectam a educação dos jovens portugueses. Mais: os estudantes que serão prejudicados por esta greve merecem o máximo respeito, pelo que uma acção destas terá de ser feita pelas melhores razões e temos obrigação de explicar a esses mesmos estudantes que esta luta é encetada, também, a pensar neles e em todos os outros que estão e estarão no sistema de ensino.
É preciso lutar por uma escola civilizada, uma escola que sirva para tentar corrigir, tanto quanto possível, as insuficiências de todos os estudantes. Para isso, é necessário lutar contra turmas com mais de vinte alunos, contra o desperdício irresponsável de recursos humanos, contra a exploração de qualquer profissional do ensino, contra a tentativa de, disfarçadamente, pôr crianças a trabalhar (desistindo de as ajudar), contra o empobrecimento da formação dos professores e contra muitos outros atentados à Educação.
Entretanto, algumas figuras já debitaram a habitual dose de declarações infelizes, próprias de gente a quem o título é dedicado. Michael Seufert, em nome do CDS, considera esta greve um golpe baixo, o que é engraçado, vindo de quem apoia um governo de golpistas, com um coveiro no lugar de Ministro da Educação. João Casanova de Almeida, o secretário de estado de qualquer coisa, declara que o governo está a fazer tudo para que os professores não sejam abrangidos pela mobilidade especial, fazendo de conta que é esse o problema. Maria de Lurdes Rodrigues, a mãe da destruição da Educação em Portugal, veio aconselhar o governo a recorrer à requisição civil.
É bom que os sindicatos, finalmente, não fiquem presos a uma imagem de corporativismo, sem o que estarão a contribuir para que a opinião pública prossiga com o esmagamento da imagem dos professores. É importantíssimo que os sindicatos estejam a antecipar as movimentações do adversário, visíveis no conselho de Maria de Lurdes Rodrigues. É fundamental que os professores não se acobardem e que não sejam estúpidos: a Educação não se limita aos problemas da carreira, mesmo que os abranja.
E o Morais Sarmento também já abriu a bocarra…
Concordo, largamente.
requisição civil: isso é o quê?