O ‘Público’, aqui, anuncia com ressonância e detalhe o arranque de um serviço de telemedicina, em cardiologia, entre Portugal (Lisboa) e São Tomé e Príncipe. A iniciativa é meritória, mas o estilo hiperbólico com que é anunciada é inapropriado.
A telemedicina em Portugal tem um prolongado historial envolvendo diversos pontos do País, que é abstruso e imperdoável omitir ou distorcer perante a opinião pública; caso do desproporcionado realce dado ao projecto antes referido. Cria-se a ideia de um pioneirismo, obviamente falso.
A fim de ter a noção de que a telemedicina, como prestação remota de cuidados de saúde e ensino médico à distância, é uma actividade com certa tradição e disseminada a nível geográfico e médico em Portugal, será suficiente consultar o portal do cidadão. Os centros e as especialidades abrangidas são, de facto, em número significativo.
Da citação dos verdadeiros pioneiros da telemedicina entre nós, é imperativo começar por algum deles. Assim, optei por seleccionar o Alentejo, do Alto ao Baixo. Há 15 anos que médicos de Portalegre, Elvas, Évora e Beja prestam serviços de telemedicina em especialidades diversas: cardiologia, pediatria, cirurgia pediátrica, dermatologia, ortopedia e fisioterapia constituem alguns exemplos. Nos derradeiros 6 anos, os centros de referência, hospitais, fizeram 60.000 teleconsultas, por videoconferência, conectados a centros de saúde de múltiplas localidades – do Alandroal a Mora.
No Hospital Pediátrico de Coimbra, o Dr. Eduardo Castela, criou um serviço de telemedicina de cardiologia pediátrica direccionado para vários pontos do País e PALOP. O Dr. Rui Anjos, no Hospital de Santa Cruz em Carnaxide, dirige um serviço semelhante. O benefício é detectar à distância, e em tempo oportuno, anomalias cardíacas congénitas fetais através ecografias. O HSC está vocacionado para o Sul de Portugal (Alentejo e Algarve) e Açores. Outros dos pioneiros é o cardiologista do Hospital de Gaia, Dr. Vasco da Gama, que, entre vários actos de telemedicina, prestou assistência remota na primeira operação cardíaca realizada em Angola.
Como se demonstra o destaque dado pelo notícia, pretensiosa na sensação de grande novidade, é manifestamente muito exagerado.
Seria óptimo que a comunicação social se esmerasse a referir, com mais frequência e objectividade, a prática dos serviços de telemedicina em Portugal. Sobretudo, denunciando carências e realçando benefícios em termos de acesso, de equidade, qualidade e custo-efectividade – o estudo do custo-efectividade.
Seria igualmente óptimo que o governo actual, em vez de adicionar pecha às pechas de governações anteriores, incrementasse e optimizasse infraestruturas de telecomunicação no interior, criando um programa de desenvolvimento da telemedicina para áreas rurais, de populações envelhecidas e carentes de especialidades médicas apropriadas às necessidades. Obteria economias nas despesas de saúde, alcançando melhorias de eficiência e eficácia. Mas – neste País em relação ao interesse público há sempre um mas – mas, dizíamos, os ‘lobbies’ da saúde em Portugal são muito poderosos e o Macedo ou é conivente ou tem medo.
e assim fiquei mais informado sobre o que
se faz e imagino o que poderia ser feito.Se
eles (os caninos) deixassem.
Não se faz mais e melhor, porque os ‘vampiros’ comem tudo e não deixam nada. Assim é, de facto.
AH GANDAZECA, que morrerá só
comigo!