Caso Morales, Portas que se cale!

Paulo PortasPaulo Portas, sabemos, é o género de político teatral. Umas vezes dramatiza, comunicando a irrevogável demissão do governo a que, afinal, está irrevogavelmente colado como lapa; outras, faz incursões pela alta comédia, recorrendo a declarações filosóficas e premonitórias do tipo:

Os Governos foram inventados para governar, se não o fizerem é porque alguém governa por eles

Jornal de Notícias em 04-07-2003

Esta antecipação da intervenção de Cavaco Silva em matéria governamental é, de facto, fenómeno temporão de rara qualidade.

Todavia, há ocasiões em que Portas consome a manha e o talento em representações de ‘Teatro Burlesco’, integrado, como se sabe, na estética do grotesco. O desastroso regresso ao tema Evo Morales é o caso.

Diz o nosso revogado MNE que o Presidente Boliviano “pode ter razões de queixa”. – Pode? – pergunto eu. – Tem razões de queixa – sublinho com firmeza. Estamos perante a velha história da mulher está grávida ou não está grávida? Meias-grávidas não existem.

Outra saída rasteira de Portas é considerar que, agora, está a fazer uma “reparação”, recusando-se a utilizar a expressão “pedido de desculpas”. Quanto mais tenta explicar o inexplicável, pior se sai; ou, como diz o povo, mais enterrado fica…

Portas é hipócrita e interesseiro. Também imprevidente, nunca imaginou que o caso atingisse tamanhas proporções no seio do Mercosul, levando à chamada de embaixadores na Europa de vários países da América Latina.

Porventura terá pensado que ainda estava a lidar com a América do Sul dos tempos de Pinochet e de Nixon. Enganou-se.  São efectivos os riscos de danos colaterais para a sua diplomacia económica. Trapaça da ubiquidade em política internacional pode ter preços elevados.

Comments

  1. João Paz says:

    Mais um excelente artigo Carlos Fonseca.

  2. Joaquim Bastos says:

    Evo Morales não é presidente da Colômbia. Bom artigo.

    • Já rectifiquei. Eu que tenho vários médicos argentinos, amigos e humanistas que valem a desgraçados bolivianos, tinha o dever de não falhar. Sucedeu, inconscientemente. Absorvi a propaganda dos investimentos do Pingo Doce e a visita de Cavaco à Colômbia, que agora tem petróleo e dinheiro. Explorado em grande parte, diga-se, pela brasileira Petrobras. Mais um grão na engrenagem da diplomacia de Portas junto do Mercosul-

  3. Amigo Carlos Fonseca tal como João Paz , concordo com mais
    este excelente artigo que subscrevo , mas permita-me acrescen-tar que Portas é igual a Sócrates , vivem da mesma ideologia do
    troca-tintismo e tem a mesma filsofia sexual , segundo dizem , eu
    nunca vi nada , nem quer ver , nem quero nada com tal gente .
    que depois criam os tais devaneios escondidos para tramar o Povo e beneficiar os tais amiguinhos ..

    • Carlos Fonseca says:

      Há sempre uns mais iguais do que outros, segundo o Orwell.

    • nightwishpt says:

      Deixe lá as pessoas serem (ou não serem) homosexuais à vontade, caralho.

      • Carlos Fonseca says:

        Não deve ser comigo. Não sou homofóbico. É lá com eles e com elas que eu cá sou de Chelas.

    • lidia drummond says:

      Senhor Fernado Cardoso dos Santos, a comparação que faz entre Portas e Sócrates é abjecta. Portas eu conheço bem há muitos anos quando ele era Director do Independente na Rua Actor Taborda e eu tinha alío o meu atelier. Assisti, sem querer a coisas irrepetetíveis. A sua teia de espiões ainda hoje está activa e dai ele safar-se sempre pois é detentor de segredos graves. Não se esqueça que José Braga Gonçalves fez uma empresa de Sondagens a AMOSTRA para lhe dar Sociedade e a sua mãe. Saiu-lhe muito caro, pois até, de levou o Pai à falência, ele foi preso e condenado enquanto o seu sócio e “amigo intimo” chegou a Ministro. Aliás quando José escreveu uma carta de amor ao Paulo, estava em prisão preventiva, mas Paulo não se comoveu, saiu de Ministro fotocopiou os documentos do Ministério da Defesa e fez desaparecer os contractos de compra dos Submarinos e PANDUR, tentou ir para Wasington com documentos para entregar ao Rumsfeld, mas veio de carrinho pois os Americanos não aceitam a jana do Oriente. No caso das contrapartidas, o Ministro actual Aguiar Branco quiz privatizar os Estaleiros de Viana mas o chefe da Comissão de Trabalhadores veio à Televisão ameaçar: Dr. Portas naõ se esqueça do nosso pacto de silêncio sobre as contrapartidas, pois se a privatização avançar nós contaremos tudo. Acabou-se a privatização, os barcos para a Venezuela que o Portas foi rastejar ao Maduro da Venezuela, estão em banho maria, mas os ordenados do pessoal dos Estaleiros continuam a aser pagos apesar de não haver trabalho. Não sei em que se comparam estas 2 passoas. Sócrates nunca abandonou o barco, sujeitou-se ás eleições sabendo de antemão que perderia, mas o seu Partido pelo menos não teve ume derrota humilhante o que aconteceria se ele tivesse abandonado o Barco. Porque não aroveita e vai estudar ciências politicas para o PO de Paris? Assim seria uma pessoa normal e não um raivoso .e saberia que a palavra só realça quando o ser humano é normal.

  4. adelinoferreira says:

    Nós sabemos que o Carlos Fonseca queria dizer
    Boliviano. Foram os Pingos Doces & Ca. a obrigar
    o Portas a mais uma má actuação no circo governamentak

  5. Carlos Fonseca says:

    Caro Adelino,
    Isso mesmo, foi erro que emendei e dei a explicação ao Joaquim Bastos.
    Obrigado.

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