Questão grega

André Serpa Soares

A “questão grega” que devia preocupar os dirigentes europeus e do FMI é meridianamente simples: como pagar a dívida colossal?
Esta é, aliás, de forma menos premente, a mesma questão a que urge responder relativamente a Portugal. Como pagar a dívida colossal?
É claro que as dívidas são para ser pagas. Mas se o serviço da dívida obrigar o devedor a deixar de comer, de pouco préstimo o esforço de pagamento será. O devedor definha e morre e ponto.
Com todos os programas de austeridade impostos pelas instituições,Troika, ou o que lhe quiserem chamar, as dívidas soberanas deviam ter começado a decrescer. A ser pagas. Não foram, porque não podem ser.
Porque os programas de “assistência financeira” não são mais do que nova dívida para pagar dívida antiga.
Se, por cá, estamos aparentemente de “cofres cheios” – “Portugal é sólido”, quase consigo ouvir alguém dizer – na Grécia eles já estão vazios.
A dívida sugou tudo o que estaria nos cofres gregos. Sugará tudo o que está nos cofres portugueses.
Nós não somos a Grécia. Mas os gregos somos nós, apenas mais avançados no tempo.
Estas dívidas, como estão, não se conseguem pagar, Empurram-se com a barriga.
É isso, e nada mais que isso, que tem feito a Europa balofa e seus apêndices institucionais.
Como se resolve? Não sei. Mas tenho cada vez mais certeza que isso em nada preocupa o Schauble, o Dijsselbloem ou a Lagarde. Por uma razão simples. Eles também não sabem. Nem querem saber. É um problema dos gregos, pensam. Mal. Pensam mal.

Comments

  1. Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

    Provavelmente estou enganado. Provevelmente, ando enganado. mas pronto, confesso as minhas limitações.
    O governo também anda interessado em saber como pagar a dívida, vai mentalizando tal necessidade e injectando nos portugueses a prática do bom pagador, mas vai-a fazendo crescer. Os portugueses se calhar, estão mais definhados que os gregos, mas estes são o centro das nossas atenções, embora aqui entenda que eles chegaram ao abismo com a medalha de ouro e nós com a de prata.
    Agora há uma coisa que não consigo entender: Toda a gente, colunistas, comentadores governantes, jornalistas, opinadores, falam em pagar a dívida.
    Mas por acaso já se sentaram para reflectir como ela foi angariada e que medidas tomar para que a “brincadeira” se não repita?
    E já se lembraram de “acordar” os tribunais e simultaneamente prevenir a lotação prisional?
    Com toda a sinceridade estou farto desta lenga lenga que faz perguntas filosóficas de pagamento de algo que foi um claro desbaratar irresponsável e criminoso dos fundos.
    E depois procede-se como se nada se tivesse passado antes… fazendo as perguntas dos “bons alunos” e dos cumpridores. Enfim … manifestamente, não temos todos os mesmos problemas nem a mesma sensibilidade. E por isso, este PS prepara-se hoje para continuar amanhã a depredação a que se assiste há 40 anos.
    Haja saúde…

    • Estou aqui a recordar com as minhas lembranças do tempo em que o Sr. Silva era o 1º Ministro e que nos dizia que Portugal era um oásis na Europa…
      Nessa altura, chegavam a Lisboa milhões e mais milhões da Europa para que Portugal se colocasse ao nível da Europa.
      E que fez o Sr. Silva?
      Cursos da treta onde se ganhavam uns patacos e as Tecnoformas uns milhões.
      Pois é! O culpado destes 40 anos de depredação é o PS e já agora o Sócrates, porque não ?

      Todos os pássaros comem trigo, só os pardais é que levam as culpas.
      Há por aqui cada laranjada…

      • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

        Manifestamente o caro Zé não entendeu o que escrevi.
        Quem, depois de 40 anos de depredação alternando laranja com rosa, tem dúvidas sobre quão iguais são estes dois partidos, anda distraído ou então pensa viver no tal oásis que tão bem refere.
        Agora o que não faltava mais nada é que me confundisse com a laranjada, se bem interpreto o seu último parágrafo.
        Não caro amigo, nem laranjada, nem rosa e justamente porque considero estas duas forças políticas (com Sócrates incluído, naturalmente e com o apêndice fascista que dá pelo nome de CDS), os responsáveis pelo roubo descarado que se vem verificando há 40 (quarenta, leu bem) anos.
        Pois há pássaros e pardais, mas não deixam de comer trigo, como muito bem refere. Para mim, não conta o que com mais ou menos. Conta só e apenas que come.
        Pois foi justamente isso o que escrevi. Cumprimentos.

        • Pois é !
          Não compreendi a subtil seta envenenada ao PS.
          Cumprimentos.
          Estão a ficar mais elaborados…

          • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

            Temos que acompanhra a “moda”, mantendo a verticalidade 🙂

  2. Os “donos disto tudo” não querem que as dívidas sejam pagas, apenas que novos empréstimos vão substituindo a dívida antiga. Primeiro, porque precisam de aplicar o dinheiro que lhes sobra, segundo porque esta é a forma de sugarem os rendimentos dos Estados e dos cidadãos endividados.

    • Nightwish says:

      Essa é que a verdade, senão como iam metendo cada vez mais ao bolso?
      Os credores já sabem que vão ter que perdoar dívida aos gregos à muito, afinal, as contas são públicas e não ganham dinheiro por serem burros. É adiar ao máximo o tempo para ir sacando mais aos trabalhadores de toda a Europa.

  3. Claudia says:

    Quem contrai uma dívida sem avaliar da sua capacidade de a pagar no prazo previsto ou é parvo ou age de má fé. Mais grave ainda quando se sabe que uma parte significativa da dívida grega se deve a compra de equipamento militar…(investiguem)

    • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

      Correcto.
      E tanto quanto se sabe, apenas 15% do dinheiro emprestado chegou à Grécia. Não será altura de perguntar na Grécia, tal como em Portugal, que foi feito do dinheiro?

    • aidualC says:

      Quem empresta dinheiro sem avaliar da sua capacidade de o receber no prazo previsto ou é parvo ou age de má fé. Mais grave ainda quando se sabe que uma parte significativa desse dinheiro era destinado a compra de equipamento militar…(investiguem)

      • Nightwish says:

        Quem o empresta sabendo que nunca vai perder dinheiro, diga-se.

  4. Se escutarem a entrevista do ex ministro de socrates S Cunha a RTP dia 1/7 escutam uma opinião de quem sabe sobre a divida portuguesa. e como brinde fiacam com uma opinão abalizada de quem se demitiu do amigo socrates e seus muchaxos sobre e “competencia” dos 5 meses de governo de Atenas. Foi só sucessos!!

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