Lembrança

Hoje discute-se muito (agora mesmo decorre na TVI24 um debate sobre o assunto) a questão das dívidas ilegítimas (e as não menos ilegítimas cobranças) ao fisco, que apanham de surpresa e desfazem – financeira e psicologicamente – tantos cidadãos contribuintes, enredados em processos tantas vezes improcedentes. Como se fosse justo a punição preceder o julgamento. Ou, em termos mais pistoleiros, “disparar-se primeiro e perguntar-se depois”. Porém, gostaria de lembrar aqui que este dispositivo do “pagas primeiro e reclamas depois”, mesmo quando é evidente que o contribuinte tem razão, foi criação de Teixeira dos Santos, ministro cujos truques e maningâncias têm sido deveras subestimados. Só para lembrar, para que a trovoada actual não nos apague da memória as tempestades passadas.

Sociedade cega

sociedade cega
Fotografia de Susana Rodrigues, a concurso no CM (vote aqui).

O cliente apaixonado

10408658_10205319240275169_2119207126327187113_nO mercado do entretenimento futebolístico desconcerta qualquer pessoa que, como eu, o observe de longe. Do lado da oferta encontram-se funcionários principescamente pagos, jogadores e treinadores, que mantêm uma pura relação comercial com o seu ofício. Do lado da procura encontram-se milhões de aficcionados, os quais pensam viver uma relação afectiva com os primeiros.

O drama é inevitável. O amor não se compra — e o desporto é algo que ninguém pode fazer por nós.

Os dias que correm…

De repente toda a actualidade perdeu importância. Ninguém ligou ao programa eleitoral da maioria, as propostas do PS ficaram esquecidas, os restantes partidos bem podem agora berrar que não aparecem nos noticiários, porque os portugueses têm assuntos bem mais urgentes para prestarem atenção. Não estou a falar da privatização da TAP, do aumento do salário dos juízes ou do eventual Grexit, porque isso são assuntos que não interessam rigorosamente para nada na vida dos portugueses…

Importa saber qual será o salário de Jorge Jesus em Alvalade e se consegue levar com ele Maxi Pereira em final de contrato. Por sua vez como irá responder Luís Filipe Vieira? Manterá a intenção de reduzir custos ou conseguirá servir a vingança ao rival, contratando Nani ao Manchester United, numa eventual contrapartida da venda de N. Gaitan para Inglaterra? Que aquisições irá fazer Bruno de Carvalho e qual o futuro da Academia de Alcochete? Sabendo-se à partida que J.J. não aposta em jogadores da formação. E como reagirá o dragão a Norte? Noutros tempos Pinto da Costa já teria alguma na manga… [Read more…]

Encontros inesperados entre política e futebol

futebol

Cartoon: Rodrigo Matos@Expresso

Quando ontem cheguei, a casa não tive como não levar de frente com a notícia da transferência inesperada de Jorge Jesus para o Sporting. Tirando esse perigosíssimo órgão de comunicação social de esquerda que é o Público, os principais jornais portugueses tinham como primeiro destaque nos seus sites esta nova novela futebolística, paralelamente esmiuçada com profundidade pelos três canais noticiosos. A única dúvida que me ocupava o pensamento era “onde raio foi o Sporting buscar dinheiro para pagar um treinador tão caro como Jesus, cujo salário no Benfica já se situava na casa dos 4 milhões de euros?”

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A Ordem dos Farmacêuticos

é cúmplice. E isso é pena.

E que tal a Farmácia Barreiros ficar sem clientes?

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Ontem foi notícia o caso da Farmácia Barreiros, no Porto, como exemplo de assédio sobre uma trabalhadora que decidiu engravidar.

Se pior era possível, veja-se que a Farmácia sai com um comunicado (ligação para Facebook) onde afirma;

A mentira e a calúnia são de tal ordem que nem sequer existiu qualquer julgamento. Ninguém foi condenado. Existiu apenas e só um acordo, sem julgamento.

Pior que um idiota, só um idiota que nos chama idiotas. Claro que não houve condenação, houve um acordo, pelo qual de livre vontade, generosamente, num gesto magnânimo, o patrão, António Pereira Névoa, decidiu doar 56 000 euros a uma trabalhadora, retirar-lhe processos disciplinares  e pedir-lhe públicas desculpas. Só porque sim. Apeteceu-lhe.

O perfeito e moderno patrão do  séc. XXI, percebe-se ali pelos comentários, tem colaboradores que não trabalham, o trabalhador não existe no admirável mundo novo, limitam-se a garantir que é tudo mentira como bons colaboracionistas que são. É muito  boa pessoa, ajuda os pobrezinhos e deixa entrar cães na farmácia.

É sabido que as farmácias estão em crise, muitas têm encerrado. Nestas alturas parece-me que o mercado deve funcionar: perdendo esta clientes, evita-se o encerramento de outra. Tendo alguém que ir para o desemprego que vá quem colabora, não trabalha, e se calou perante as as humilhações de que foi vítima uma trabalhadora. É a vida.

Obter ‘reações’

Aparentemente, o Observador tentou “obter reações“.

Reações?

Claro: «mas não foi possível chegar à fala com qualquer deles».

Experimentem “obter reacções”. Efectivamente, reacções.

Sim, reacções: r-e-a-c-ç-õ-e-s.

Mais um esforço.