Democracia na UE: a nota de rodapé que diz tudo

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O texto do comunicado do Eurogrupo (excluída a Grécia, que não foi chamada para a reunião), numa tradução muito rápida:

«Desde o acordo de 20 de Fevereiro de 2015, relativo à extensão do actual programa de assistência financeira, ocorreram intensas negociações entre as instituições e as autoridades gregas, com o objectivo de alcançar uma solução satisfatória para a referida extensão. Atendendo ao prolongado bloqueio nas negociações e à urgência da situação, as instituições apresentaram uma proposta exaustiva sobre a questão dos condicionalismos políticos, recorrendo à flexibilidade prevista no actual acordo.

Infelizmente, apesar dos esforços empreendidos em todos os planos e do total apoio do Eurogrupo, a proposta foi rejeitada pelas autoridades gregas, tendo estas últimas abandonado as negociações unilateralmente a 26 de Junho. O Eurogrupo sublinha as significativas transferências financeiras e o apoio acordado à Grécia ao longo dos últimos anos. O Eurogrupo esteve até ao último momento aberto a ponderar a continuação do apoio ao povo grego através da prossecução de um programa orientado para o crescimento.

O Eurogrupo toma nota da decisão do Governo grego de avançar com uma proposta de referendo, com data prevista para Domingo, 5 de Julho, ou seja, posterior à expiração do programa. O actual programa de assistência financeira à Grécia expira a 30 de Junho de 2015, o mesmo acontecendo com todos os acordos a ele relativos, incluindo a transferência pelos Estados-membros de títulos de dívida e activos financeiros líquidos.

As autoridades da zona euro estão preparadas para fazer o que for necessário para assegurar a estabilidade financeira da zona euro.»

Portugal 5 – Alemanha 0


Angela Merkel atribui a derrota da selecção alemão à nacionalidade grega do árbitro. Passos Coelho não comenta.

Grécia/eurogrupo: fim de jogo

eurogrupo_grecia Numa clara retaliação ao anúncio do Governo grego de referendar mais austeridade para a Grécia, o Eurogrupo (sem unanimidade, naquela que será uma violação dos tratados europeus) anunciou a recusa de extensão do prazo para lá de dia 30 de Junho. Questionado sobre a hipótese de o povo grego dizer SIM a mais austeridade, Jeroen Dijsselbloem afirmou não reconhecer credibilidade ao actual Governo grego – todavia eleito pelo povo da Grécia, ao contrário das instituições que questionam a sua legitimidade. O comunicado do Eurogrupo aqui.

A farinha de que são feitos os euro-boys

Eurogrupo começa com críticas à “decisão lamentável” do referendo na Grécia. Presidente do Eurogrupo criticou o primeiro-ministro grego, que decidiu referendar as propostas dos credores. [DN]

Grécia obrigada a pagar antes do referendo

O poder estabelecido faz o seu movimento.

Dijsselbloem confirmou que o prazo final para o próximo pagamento é mesmo a próxima terça-feira, e disse que o Governo grego não tem credibilidade suficiente para prometer implementar o que os gregos decidirem em referendo. [P]

E a Europa da suposta união terminou oficialmente hoje.

Ministros das Finanças suspendem reunião e voltam a debater já sem a presença do ministro grego Yanis Varoufakis; [P]

E quais foram os grandes motivos da “discórdia”? Os credores não aceitam um imposto de 12% sobre lucros superiores a meio milhão de euros, querem menos 1% no aumento de IRC, recusam que as empresas paguem mais segurança social e querem que a restauração pague 23% de IVA.

Aqui está a barreira intransponível. A não ser que, como é óbvio, a agenda escondida seja outra.

Paula Teixeira da Cruz: não é erro o que foi propositado mas é profundamente errado

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Lembram-se da campanha eleitoral para as europeias de 2009 quando Elisa Ferreira, de visita ao  bairro do Viso, no Porto, afirmou que «pintaram os bairros sociais mas esqueceram-se de dizer que o dinheiro é do Estado, é do PS»? Eu recordo-me perfeitamente e também me lembro muito bem de quanto o PSD e o CDS cavalgaram esta afirmação durante a campanha.

Esta declaração, quando comparada com o caso de Paula Teixeira da Cruz,  que documenta preto no branco o uso do estado pelo PSD, sendo grave, torna-se uma coisa menor, face a quanto é errado mandar directores gerais estudarem o programa eleitoral de outro partido. [Read more…]

Abstenção

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Autoria desconhecida

A situação da Grécia numa curta frase

A intransigência dos credores face às pequenas diferenças das propostas gregas serve para quebrar a insurreição da Grécia face ao poder estabelecido. Pura consolidação do TINA.

Fundamentalismo fiscal

…penhora de “gambas panadas com molho de laranja à parte”, uma “salada verde”, um “bacalhau com espinafres gratinado”, um “cheesecake com coulis de frutos vermelhos” e “pãezinhos”.

Quo vadis Grécia?

Aqui chegados concordo em absoluto com a convocação de referendo na Grécia. Ainda que não subscreva o J.J.C. na verdade o jogo já cansa, caro Jorge, ninguém joga sozinho e haveria que colocar um ponto final em toda esta novela. O programa do Syriza apresentado aos eleitores significava o fim da austeridade. Essa promessa, Tsipras não poderá cumprir qualquer que seja o resultado do referendo. A formulação da pergunta não será indiferente, mas se os gregos optarem pelo sim ao acordo com os credores estarão a desautorizar os negociadores e passar um cartão, veremos se amarelo ou vermelho ao governo. Se votarem não, terão que assumir as consequências, saindo do Euro. Isto caso a consulta aos gregos anunciada para dia 5 venha mesmo a realizar-se, o que não é líquido ainda, mas um acordo de última hora que possa ser considerado aceitável por todas as partes parece agora estar fora de hipótese, apesar dos políticos europeus já terem por diversas vezes mostrado possuir coluna vertebral parecida com uma enguia, principalmente em questões europeias…

Discurso de Alexis Tsipras

A tradução deste discurso foi feita por Isabel Atalaia a partir da tradução não oficial para inglês de Stathis Kouvelakis. Em ambos os casos, as traduções foram feitas com grande urgência, por se entender prioritário difundir um discurso de importância fundamental. Por esse motivo, este texto será actualizado caso se verifique a necessidade de fazer qualquer alteração que salvaguarde a sua fidelidade ao original.

Compatriotas,
Durante estes seis meses, o governo grego tem travado uma batalha em condições de asfixia económica sem precedentes para implementar o mandato que nos foi dado, a 25 de Janeiro, por vós.

O mandato que negociávamos com os nossos parceiros visava acabar com a austeridade e permitir que a prosperidade e a justiça social regressassem ao nosso país.
Era um mandato com vista um acordo sustentável que respeitasse quer a democracia, quer as regras europeias comuns e que conduzisse à saída definitiva da crise.

Ao longo deste período de negociações, fomos convidados a executar os acordos concluídos pelos governos anteriores através dos memorandos, embora estes tenham sido categoricamente condenados pelo povo grego nas recentes eleições.

Apesar disso, nem por um momento pensámos em render-nos. Isso seria trair a vossa confiança. [Read more…]

Aprender mandarim ou o primado do empresarialês

top120charactersArriscando uma sociologia de bolso, diria que, desde os anos 80, pelo menos, o mundo está dominado pelo empresarialês, uma religião (e, portanto, uma linguagem) cujos seguidores proclamam que tudo no universo é uma empresa. Para os cultores do empresarialismo, cabe ao gestor dirigir o mundo, com a avaliação substituída por rankings, ou seja, por listas ordenadas (o gestor, apóstolo do empresarialismo, confunde avaliação com classificação, mas, como qualquer membro de uma seita, não admite argumentos).

Esta religião é seguida por todos os políticos do arco da governação, o que tem condicionado, evidentemente, as decisões sobre todas as áreas. Tudo é, portanto, economia, empresa, dinheiro, excel.

O mais grave é que esta mentalidade já se entranhou no resto da sociedade. Vejamos alguns exemplos, antes de chegarmos (ou voltarmos) à importância dada ao ensino do chinês nas escolas portuguesas. [Read more…]

A ideia foi sempre vender

Bruxelas confirma que Governo não invocou interesse nacional para estaleiros de Viana. Portugal à frente estorva aos negócios.

Referendo na Grécia

Tsipras vai submeter as propostas dos credores a consulta popular. Chama-se democracia e não costuma agradar ao regime. Que o diga Papandreou.