José Xavier Ezequiel
[ 1ª parte — Moeda ao ar ]
1 — Sou do Sporting. Tanto quanto me lembro, apenas para contrariar um tio que queria que fosse do Benfica. Agora, já não há nada a fazer.
2 — Desde que sugeriu tirar o vermelho da bandeira portuguesa, considero o actual presidente do Sporting uma besta quadrada. Para mim há coisas mais importantes que a bola. Portugal é uma delas.
3 — Contra a doutrina dominante, não considero Jorge Jesus um grande treinador. Não são as estruturas que ganham os títulos, mas são as estruturas que compram os jogadores. E os treinadores, já agora. Pelas minhas contas, o investimento do Benfica, nos últimos seis anos, deveria ter rendido cinco títulos nacionais. O amadorense ganhou três, é certo, mas perdeu dois de forma claramente asinina. Fora o resto.
4 — Pelo facto de ter vindo para o Sporting, não mudei de opinião. Espero, sinceramente, que o futuro me obrigue a dar a mão à palmatória, mas não auguro nada de bom. Gastar seis milhões, daquilo que não se tem, só para fazer pirraça ao Benfica, parece-me infantil demais para ser levado a sério.
[ Intervalo — palestra do treinador: Prolegómenos para uma Ética Decorativa ]
Agora que passámos a bola ao árbitro, vamos lá então falar de ética. No mundo do futebol a ética está sempre fora-de-jogo. Basta olhar para a FIFA.
Por cá, idem: árbitros-de-baliza, fiscais-de-linha, pénaltes-inventados, foras-de-jogo ao milímetro, frutas-de-dormir, dinheiros-autárquicos, jogadores-sem-salário. Enfim, entretenham-se a completar a lista.
Só há uma ética no futebol — ganhar. Ao adversário. E, sobretudo, ganhar dinheiro com isso. Vale tudo. Sempre assim foi. Suponho que assim continuará.
Conheço pessoas sensatas. E cordatas. Quando entra o futebol viram logo a boneca. Ao contrário. Nem pestanejam.
No futebol, verticalidade só existe na expressão, hoje muito hipster — PASSE VERTICAL. A lateralização é para meninos. Ou italianos.
O futebol, ao arrepio das Constituições, tem uma coisa que se chama — JUSTIÇA DESPORTIVA. Não conheço instituto jurídico mais parecido com a Denegação da Justiça. Como isto se passa do outro lado do espelho, nem o professor-doutor Jorge Miranda quer saber.
Estou convencido que foi no mundo do futebol que se inventou o estonteante conceito de — VERDADE DESPORTIVA. Como se houvesse uma verdade para o comum dos mortais e uma ‘verdade’ para os gajos do futebol. [Read more…]
Comentários Recentes