O revolucionário do sofá, tal como o treinador, está sempre disponível para analisar a vida política em qualquer parte do planeta. Não faz a mínima ideia do que está em campo, mas vaticina que esquerda no poder não é esquerda a menos que tenha lá chegado à porrada, e que as forças verdadeiramente revolucionárias estão concentradas naquele enorme partido de vanguarda que obteve zero vírgula qualquer coisa por cento de votos.
Para o revolucionário de sofá contemporâneo todos os males do mundo começaram com a morte de Estaline e continuaram com a de Mao. Fanático religioso, incapaz de entender Marx mas pronto a declamar as suas obras completas, só compreende a história com profetas, santos, heróis, gajos que fizeram tudo sozinhos mesmo que contra o seu povo e massacrando o seu povo, começando logo pelos comunistas que se opunham à ditadura unipessoal que instalaram. Depois caiu a URSS, fruto de uma tenebrosa conspiração internacional, a que escapa o detalhe de os povos por aqueles lados do mundo nem numa gaveta encontrarem o socialismo. Mentalmente estão ao nível infantil de quem acredita que o Muro de Berlim foi construído para evitar uma invasão pelos berlinenses de Oeste, malta desesperada e com a ideia fixa de ir viver para o outro lado.
A carreira de revolucionário de sofá é prometedora: pensemos num Barroso, num Fernandes ou num Espada, mas ele sabe que antes de dar o salto tem de demonstrar as suas capacidades.
Assim, e falemos na Grécia, não se tem poupado o revolucionário de sofá em cuspir as suas críticas ao governo do Syriza: capitulacionistas, traidores que no dia da tomada de posse não se atreveram a sair do Euro, da UE, da NATO e eventualmente do Mediterrâneo, um mar conhecido pelo seu passado imperialista.
Podemos sempre perguntar-lhes como se faria isso sem o apoio do povo grego, que não votou no K”K”E (sigla que agrupa os gregos amnésicos que não se recordam do que lhes fez Estaline após a II Guerra Mundial, e que bem se esforça na criação de uma Internacional que agrupe todos os partidos dos zero, vírgula qualquer coisa, sobre os quais tem o ascendente de na Grécia se comer muito queijo). Não interessa, responde, deviam ter feito.
Podemos mesmo explicar que para sair do Euro dá um certo jeito convencer os que vão sair da bondade da solução, mas não entenderá, porque na sua cabecita o povo é uma aliança operário-camponesa sobre a direcção da sua vanguarda. A vanguarda puxa, os que vieram vêm, os outros são traidores. Morte aos traidores. Podemos ainda questionar como tencionam matar os traidores, mas a essa hora já não nos ouvem, saltaram do sofá e foram gritar para a janela.
Resta lembrar-lhes que Brecht escreveu muito a propósito que há sempre a possibilidade de se demitir o povo e eleger outro. Não que nos ouçam, não que desconheçam Brecht, mas rapidamente atribuirão a frase a um desvio que o camarada alemão teve nesse dia. Acontece muito aos intelectuais, terem desvios. Já aos revolucionários de sofá o desvio (político e mental) é um rumo permanente.
Sim claro, o que nos vai esclarecendo são a sábias prosas que iluminados como tu vão debitando.
Muito profunda, a tua análise. Acende uma velinha aos teus santinhos e vais ver como te iluminam.
Eu pessoalmente estou a aprofundar os meus conhecimentos em política externa grega, geo-estratégia russa e imperialismo germânico. No fim da especialização vou continuar a não saber nada sobre o assunto e a saber mais do mesmo daquilo que já sabia.
Cada um pode ser revolucionário como quiser.
Cada um pode dizer o maior disparate, estamos em democracia.
Também est´´a na decisão de cada um de nós seguir ou recusar o disparate ou seguir o revolucionário de sofa ou o do terreno.
Por mim, nem um nem outro. Já não estou para revoluções.
quando me lancei nesses desideraos os oportunistas tomaram conta do “espólio” e hoje governam.
Não sou indiferente, digamos que não como qualquer palha depois de apanhar com várias indigestões
Como o compreendo!…
Um texto de um imbecil de direita, que nada sabe de história e que do presente debita o discurso de um qualquer bom oportunista.
Vai-te catar ò cardoso!
Ensina-me lá história, vá. força, vamos a isso.
Ou só tens garganta de sofá?
Presumo que o autor seja um revolucionário do terreno…… Ou será um reaccionário de salão de chá?????
Essa a citação do Mao até que me agrada, precisamente: a revolução não é um chazinho. Nem se faz com quem não aprendeu nada com a História.
Quanto ao autor, aprendeu cedo que a modéstia faz parte dos hábitos e costumes de um revolucionário. Gabarolas conheci muitos, e sei onde foram parar.
Ao Aljube e a Caxias não foram parar de certeza !!!