Algumas breves considerações sobre o PSD e não só…

Caro Paulo, o PPD foi fundado nos escombros da União Nacional, aproveitando a estrutura local que estivera até aí ao serviço do antigo regime, grande parte dela mais funcional que política. Numa primeira fase a matriz era de transição para o socialismo, depois começou a falar-se em social-democracia europeia, invocando várias vezes o liberalismo. O resultado foi um “catch all party” ao centro, à semelhança do PS, sendo tacitamente aceite por todos que um é mais centro-direita e outro centro-esquerda. À sua direita o CDS procurou um espaço central do espectro político, reclamando princípios de democracia-cristã europeia. A clivagem ideológica existe desde o 25 de Novembro à esquerda do PS, de resto a proximidade é total. O PS já conseguiu estar coligado no governo com CDS primeiro e PSD, na altura já mudara o nome, depois. A legislatura que agora termina, representa a 3ª vez que PSD e CDS formam governo.

Durante muitos anos o PPD/PSD foi o fiel depositário do meu voto, até 2002 quando incumpriu a promessa de choque fiscal. Faltou coragem e interesse a meu ver em desmantelar a burocracia e clientelismo instalados, que garantem muitos jobs. A dificuldade de entendimento com o PS resulta mais da disputa de lugares que propriamente divergência de fundo. Os aparelhos tomaram conta dos partidos, o PSD não é excepção, mas afastaram-se das pessoas, oque explica em grande medida a crescente abstenção ou sucesso de candidaturas que afrontem os dirigentes, desde Manuel Alegre nas presidenciais a inúmeros exemplos autárquicos aos quais já nem o PCP consegue ficar totalmente imune. Nas próximas presidenciais, Pedro Passos Coelho vai ter de “engolir” Marcelo Rebelo de Sousa, isto se ainda for líder dia 5 de Outubro, o que tenho sinceras dúvidas que possa acontecer. O próprio CDS/PP que tinha alguma utilidade como partido de oposição à direita, perdeu irrevogavelmente o meu voto quando decidiu ser muleta do PSD. Não gosto de gente sem palavra e discordo que educação, saúde e segurança social sejam papéis do Estado. Como não existe em Portugal uma verdadeira alternativa liberal, os liberais que reconheço existirem no PSD ou CDS/PP são uma minoria sem poder algum, incapazes de representarem sequer uma corrente mesmo que minoritária nos respectivos aparelhos, a quem não interessa desmantelar, mas sim perpetuar o Estado para garantir emprego à custa do contribuinte, seja directa ou indirectamente através das empresas do regime capitalista à portuguesa, que não gosta de concorrência mas de concessões, garantindo lucro sem grande esforço de inovação ou produção.

Por tudo o que enumerei e porque recuso escolher um mal menor, dia 4 de Outubro será um dia mau para Portugal, ganhe António Costa ou Pedro Passos Coelho, o país irá permanecer igual para a esmagadora maioria, mas nenhum deles eleito com o meu voto e por falta de alternativa credível, aconteça o que acontecer, dia 5 estarei na oposição, contribuindo civicamente para a Liberdade em defesa do indivíduo face à opressão do Estado.

Comments

  1. Caro xôr, pelo escrito liberal convicto!!!
    Nunca o ppd/psd defendeu tão arreigadamente a sua ideologia como o tem feito nestes últimos anos…
    Achou pouco???
    Andou enganado este tempo todo, o xôr e os que pensam como o xôr e integraram as fileiras desse partido.
    Foi graças a “peças” como os xores que nasceram passos coelhos, relvas e quejandos que afastaram o restinho que havia de razoavelmente puro e honesto no partido e o transformaram numa fábrica de corruptos.
    Se querem (e queriam) uma política liberal, pois fundassem um partido liberal ou neo-liberal e deixassem-se de hipocrisias e de se acoitar quais ratazanas traiçoeiras num partido SOCIAL DEMOCRATA!!!
    Não foi o PARTIDO que os enganou… foram vocês que DESTRUÍRAM o PARTIDO!!!
    Agora fiquem com ele, mas pelo menos tenham a honestidade de por o nome aos bois… assumam que são LIBERAIS e não SOCIAIS DEMOCRATAS!!!

  2. Penso até que, estará provavelmente bem acompanhada por aí uns trinta por cento dos possíveis eleitores. que repudiando esta seita de Brigada das Colheres a volta do tacho publico, não encontra nesta praga de líricos, que pululavam o BE e agora se reproduziram que nem coelhos em “novos” grupos de demagogos, sem que apareça uma agremiação, bem estruturada, que trate dos problemas que afligem o cidadão comum, no seu dia a dia e se deixe de fantasias gregas, syrizicas ou não, que como é óbvio interessa tanto aos portugueses como o próximo desembarque dos marcianos. Gente individual com discurso interessante há, falta é o esforço de passar isso para estudar os problemas autarquicos, apresentar as propostas concretas, que possam na prática afastar as seitas de corrupção e melhore a vida do cidadão comum. Daí teremos uma base sólida ,para que gente comum possa apresentar uma lista liberal ,as legislativas.

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