Há uns meses, o DN dava conta de um estudo de Richard V. Reeves e Isabel V. Sawhill apresentado na Conferência Anual do Federal Bank of Boston que revelava uma conclusão que, apesar de versar sobre os EUA, se aplica que nem uma luva no nosso país. O estudo refere que o mérito escolar dos alunos mais pobres nem sempre é reconhecido na mesma medida que o dos alunos ricos, o que faz aumentar ainda mais o abandono escolar nas classes mais desfavorecidas. Por oposição a este cenário, o aluno rico, ainda que medíocre, tem mais facilidade de encontrar emprego, principalmente em sociedades clientelistas como a nossa, a que se juntam outras vantagens, todas elas decorrentes da disponibilidade financeira da família: melhores condições de estudo, possibilidade de fazer Erasmus ou acesso a actividades de valorização curricular fora do estabelecimento escolar, só para citar algumas. Nas palavras da jornalista Joana Capucho, “Mesmo que os jovens pobres façam tudo certo, não vão safar-se tão bem como os ricos que fazem tudo errado.“. [Read more…]
Esta gente nem um corno vale
O engraçado dos discursos moralistas entre a classe política é que, mais cedo ou mais tarde, caem na inevitável contradição.
Um tal Mauro Xavier deu a cara pelo PSD contra uma suposta utilização de recursos públicos por parte do PS na última estupidez socialista dos cartazes.
Mauro Xavier declarou-se “revoltado com a utilização de funcionários da junta para a campanha eleitoral do PS” e considerou que tal utilização “não é normal quando é paga por dinheiro público”. [P]
Obviamente que eu condeno a utilização do dinheiro público para fins de propaganda partidária. E Mauro Xavier, o que pensará ele da mesma descarada situação que anteriormente o seu partido levou a cabo?
Ministra da Justiça admite que pedido verificação de medidas idênticas às do PS foi “erro” [P]
Ministério da Economia admite pedido “indevido” de informações sobre programa do PS [RR]
Neste caso, Mauro Xavier também se sente revoltado ou, por ser o seu partido, já não há problema? E sobre um secretário de estado, de uns tais assuntos europeus, usar o tempo e os meios do seu emprego para fins de propaganda económica, o que terá Mauro Xavier a dizer? E o que terá a acrescentar a restante direitola tão entusiasmada na defesa do feio Maçães, pim!, mas caladinha sobre os seus terem sido apanhados a usar os meios de dois ministérios para fins partidários?
Mas continuem com o discurso de moralismos caseiros que, ao menos, sempre dá para um post.
Modus operandi – II
É impossível tentar passar uma mensagem de “confiança”, pedir “respeito pelas pessoas” e simultaneamente usar imagens sem o conhecimento dos próprios e pior, mentindo quanto ao testemunho, pois as situações são falsas. Seria assim tão difícil contratar pessoas reais dispostas a oferecer o seu testemunho? Provavelmente não, mas levaria mais tempo e daria mais trabalho. É mais fácil telefonar entre gabinetes do aparelho partidário e tratar rapidamente do assunto entre boys e girls…
O lado trágico desta história não é a falta de competência da campanha do PS, mas saber que muitos destes boys and girls ocupam há décadas lugares de nomeação política e se preparam uma vez mais, para tomar conta dos destinos do país. O que explica muito do estado em que Portugal se encontra…
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