Imagem via Geringonça
A 21 de Junho de 2011, Paulo Portas assumia oficialmente as funções de Ministro dos Negócios Estrangeiros do governo liderado por Pedro Passos Coelho, fechadas que estavam as negociações entre os dois partidos, que resultaram na atribuição de três ministérios aos centristas: para além do já referido Ministério dos Negócios Estrangeiros, Assunção Cristas assumia a tutela da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do território, e Pedro Mota Soares ficava com a pasta da Solidariedade e Segurança Social.
Tudo corria de feição, com privatizações a rodos, aumentos gorduchinhos de impostos, listas VIP e vistos dourados para qualquer mafioso que quisesse “investir” no país. Havia tachos para todos os boys e ia-se alegremente além do exigido pela Troika, que aquilo era uma data de bons alunos, com excepção do Relvas e do Passos, o primeiro pelos motivos que todos sabemos, o segundo porque andava muito ocupado a colar cartazes na década de 80 e só lhe deu para estudar no final da década seguinte. Prioridades.
Até que, 742 dias depois da tomada de posse, Paulo Portas sacou uma demissão irrevogável da cartola, da qual todos nos lembramos, apanhando o seu comparsa de calças na mão, que na sua mais recente biografia o acusou de se ter demitido por SMS, versão imediatamente desmentida por Portas. Foi um bonito romance de Primavera, daqueles que partem corações, mas não os coibiu de ir a votos bem juntinhos, poucos meses depois, em absoluta harmonia.
Acontece que, reza a lenda, a demissão de Portas fez disparar os juros da dívida, provocando a terceira pior abertura de sempre da Bolsa de Lisboa, que iniciou a sessão de 3 de Julho de 2013 a cair 7%, o resultado mais desastroso desde Outubro de 1998. Uma arrombo colossal, na casa dos 2,3 mil milhões de euros, que não impediu o eterno líder do CDS-PP de colher os devidos dividendos da situação por si provocada: depois de ter engrossado a gigantesca lista de desempregados que caracterizou aqueles anos, ainda que apenas por algumas horas, Paulo Portas foi promovido, teve direito a um novo palácio e ainda enfiou Pires de Lima na pasta da Economia. De génio.
Amanhã, se o governo não implodir e se o Bloco e o PCP não anunciarem o fim da parceria estratégica frutuosa com os socialistas, assinalam-se 742 dias desde que o governo minoritário do PS iniciou funções, apoiado parlamentarmente pelos partidos à sua esquerda. Muitos foram aqueles que profetizaram sobre o desastre que aí viria, sobre sanções e resgates, intrigas e traições, e que se esforçaram, arduamente, por criar divisões e atritos no seio deste pacto singular, que permitiu devolver rendimentos e esperança a quem já não a tinha, enquanto se assistiu à redução do desemprego, dos juros da dívida e do défice, perante o desespero de uma horda de fanáticos, assessorada por observadores fascistas e por uma imprensa facciosa, que não poupou recursos para minar a opinião pública. Como se o pesadelo Centeno não fosse, por si só, terrível, ainda vão ter que aguentar com o facto de esta solução ser mais estável que a caranguejola que a antecedeu. Ain’t she sweet?
Estou a ouvir a Bloca: só quer sopas e ideologia de balda para as escolas; mais de resto come tudo. Onde algum dia vai o Bloco largar a vizinhança da mama?
O PC deve estar a fazer contas para apresentar a factura dos prejuízos autárquicos; mas o sustento do PS está garantido.
Chamar estável à sopa dos pobres da política de esquerda é não saber que é da economia que vem a riqueza e que em relação a essa NADA de substancial está a ser promovido.
Analisemos o comentário: esquerdalho, não consta…cornos, também não…Ah! Está a mama! É do Menos, não há dúvida!
A riqueza vem da produção. Os lucros da produção vão para offshores e os impostos pagam-se onde dá mais jeito. Não sobra nada, senão extorquir mais a quem trabalha.
Tadinho!
Ó pró Menos tão cu…movido!
Excelente síntese.