Contas certas onde?

Receitas e despesas do subsector Estado (portanto, sem as autarquias, governos regionais e SS). Fonte: Dívida Pública Portuguesa. De acordo com o autor do gráfico:

  • A escala no eixo vertical está em milhares de milhão. 50.000 M€ = 50.000.000.000€
  • Estes são os dados que constam na execução orçamental e estão excluídos alguns itens da despesa geral do Estado. Estas são as do Estado Central.

O gráfico realça bem os mitos que se têm construído em termos dos resultados das governações PSD/CDS e PS:

  • As tentativas de equilíbrio das contas não foram feitas do lado da despesa;
  • A evolução da receita fiscal em 2011 e 2012 evidencia o falhanço que foi a política do PSD/CDS e porque é que existiu o enorme aumento de impostos de Gaspar;
  • As contas certas de Costa são ficção;
  • Se há algo certo nas governações dos governos de Passos Coelho e de António Costa é o constante aumento aumento da receita fiscal a partir de fim de 2012;
  • Agora que o PSD e o CDS estão na oposição, ouvimos os respectivos líderes barafustarem contra a carga fiscal. Fica patente o lado hipócrita do que afirmam;
  • O discurso vendido pelo PS de António Costa no percurso que o levou à vitória nas últimas legislativas assenta na mentira.

Sol, Jornal i, Record, Jornal Económico patrocinam racismo

Os jornais Sol, Jornal i, Record, Jornal Económico, Correio da Manhã, a Vida Económica ou a Essential Business, juntamente com outras empresas, patrocinam um almoço debate com o fundador do partido Chega. O mesmo fundador que está a ser investigado pelo DIAP de Lisboa, tendo o Ministério Público extraído uma certidão de processo-crime relativo à falsificação de 1813 assinaturas das 8312 entregues para a  legalização do referido partido. Dois dos fundadores do partido de Ventura, que entretanto abandonaram o partido, detetaram cerca de 300 páginas de assinaturas todas rubricadas com a mesma caneta. O tribunal assinalou a falta de coincidência entre números de cartão de cidadão e os nomes dos respetivos titulares, bem como crianças e mortos entre os subscritores, como o Simão com 8 anos ou o falecido Adelino que teria 114 anos. Sobre estes potenciais crimes da maior gravidade num país democrático, André Ventura ainda não ofereceu qualquer justificação válida.

Os referidos jornais e empresas podem dar a desculpa que quiserem, mas na minha opinião estão a promover o racismo. Podem dizer que é um evento da International Club of Portugal, que é para promover o debate político (debate político com patrocínios?), a pluralidade ou o que quiserem. Sabemos bem ao que vai o fundador do Chega, a forma como se exprimiu sobre certas minorias, cujo teor em nada se distingue do teor de discursos proferidos por notáveis nazis e fascistas do século XX. Como se não bastasse estão a dar palco a uma pessoa que é suspeita de crimes graves em democracia.

No que me diz respeito, estamos conversados. Já removi links dos meus favoritos e já atualizei a minha seleção de jornais a comprar ou a ignorar.

Lutas, causas, recuperações e inibições – Greta Thunberg e outras coisas

Sim, ela intervém numa sociedade que se tornou, há muito, perita em recuperar, instrumentalizar e, eventualmente, lucrar com as forças, movimentos e personagens que a contestam, por muito forte que seja a causa que representem. Mas isso não tira mérito a tais causas nem aos seus protagonistas. Cabe-nos estar criticamente atentos. Sendo assim, não entendo a hostilidade para com a jovem Greta Thunberg e a desvalorização de causa resultante desta atitude. Ela é uma criança. Uma adolescente, vá. Não era isto que queríamos? Não apelávamos a um compromisso da juventude na defesa de causas justas e de uma cidadania activa? E agora que isso acontece, qual é o problema de alguns de vós?
Ela pode cometer erros? Pode. E daí?
A luta que mobiliza os jovens pode ser recuperada e distorcida por um poder capitalista manhoso e que sabe bem como isso se faz? Pode. E daí?
Há causa mais imediatamente dramáticas e urgentes, com vítimas mais evidentes? Há. E daí?
Quando nos propomos lutar por uma causa temos que ir ao mercado das prioridades? Agimos ou é preferível ficar por uma imobilidade cínica? [Read more…]

Todos querem ver a Greta

À excepção do hipócrita do Presidente da República. É ouvir o Bruno Nogueira no Tubo de Ensaio de hoje.

Rui Moreira teve razão

For example, in cases where investigators of language change express violent disagreement with their predecessors, a closer look tends to reveal that a strong rebuttal of an earlier position may still crucially presuppose some determinative phrasing of scholarly questions, an indispensable collation of the facts, or pioneering paleographic spadework by the previous researcher being criticized.
Janda & Joseph

“Somos Porto”. É fácil dizer [ˌsomuʃˈpoɾtu].
Rodolfo Reis

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Segundo o Record, Rui Moreira retorquiu

Isso é mentira,

depois de Fernando Madureira ter escrito

Houve falhas de segurança graves e tiveram de ser os seguranças e os populares a restabelecer a ordem.

Se virmos o episódio pela perspectiva de um leitor do Record, o presidente da Câmara do Porto teve razão, pois Fernando Madureira escreveu houveram. Efectivamente: houveram:

Houveram falhas de segurança graves e tiveram de ser os seguranças e os populares a restabelecer a ordem!

De facto, é mentira que Fernando Madureira tenha escrito ‘houve’.

 Continuação de um óptimo domingo.

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Mais vale tarde do que nunca?

Lá do fundo do profundo estado de coma em que se encontra, o SPD alemão dá um tímido sinal de vida: SPD elege novos líderes críticos à coligação com Merkel.

Surge assim uma esperançosa luzinha ténue de que a social democracia possa voltar a ocupar o seu lugar histórico ao lado dos mais desfavorecidos. Os novos líderes do partido, Norbert Walter-Borjans e Saskia Esken declaram: “Somos simplesmente de opinião que nos últimos 20 anos a política do SPD seguiu fortemente o espírito neoliberal”.  Ora nem mais.

A ver veremos se não acordaram tarde demais.