Taxa de desinfecção covid: como o Grupo Trofa Saúde me cobrou 25€ para desinfectar as suas instalações

Vim ao hospital com a minha patroa, para a acompanhar numa série de exames. O único hospital existente na nossa cidade, a Trofa, é privado, e pertence ao Grupo Trofa Saúde.

Aqui chegados, fomos directos à admissão. Chegada a nossa vez, fomos prontamente informados sobre a taxa de desinfecção covid, de 25€.

Sendo uma taxa no privado, assumi desde logo tratar-se uma taxa do bem, não um desses confiscos soviéticos do governo Kosta, como é conhecido o primeiro-ministro na chaluposfera.

Ainda assim, decidi questionar. É que 25€ ainda dá para pagar uns litros de combustível e é sempre interessante perceber os motivos por trás do confisco, perdão, do mercado livre.

Disse-me a senhora que nos atendeu que se tratava de uma taxa para desinfectar o local do exame. Ao que respondi:

– Mas a manutenção do hospital não é uma responsabilidade do próprio hospital? O cliente é que tem que pagar a desinfecção das vossas instalações?

Seguiu-se o silêncio incomodado, de quem sabe que está a participar num estratagema no limite da decência, acompanhado de um “são as regras previamente definidas pela administração”.

Ufa, que alívio: as regras foram previamente definidas pela administração. Se fosse um ministro do governo, era coisa para ameaçar destruir umas sedes do PS, como foi um grande grupo de saúde privada, seguramente será pelo bem do país e pelo seu futuro.

Se a administração decidiu aplicar-nos um imposto de 25€ para passar um pano com álcool-gel no consultório, quem somos nós para contestar o mercado livre que liberta. Não queríamos pagar fôssemos ao SNS. No privado manda o privado, mesmo quando é fortemente subsidiado pelo orçamento de Estado. E, na dúvida, a culpa será da malta do RSI. Ou do PCP. Ou até do Passos. É escolher o vosso ódio preferido. Para o capital, que ganha sempre a disputa, é exactamente igual.

Comments

  1. balio says:

    A justificação da taxa é usual. O valor é que me parece altamente inusual. 25 euros é o preço de duas horas de trabalho de uma pessoa (qualificada). Não acredito que os exames da patroa do João Mendes tenham implicado duas horas de trabalho a desinfetar os locais.


  2. Não pague. Há uma dezena de hospitais privados no Grande Porto e em Braga, e é preferível gastar o dinheiro em combustível e estacionamento do que em extorsões. Se um número suficiente de pessoas o fizer, o mercado funciona e esses cavalheiros da Trofa deixam de cobrar a taxa (isto assume que não há um cartel para cobrar essa taxa, sendo que, se houver, é o Estado que tem o dever de intervir).

  3. balio says:

    No meu dentista no passado cobraram-me 5 euros por consulta como taxa para o material de proteção covid. Mas há muito que deixaram de cobrar isso e que deixaram de usar qualquer material de proteção especial. (Dantes usavam vestimentas de proteção, agora trabalham com a roupa normal.) Continuam a desinfetar a cadeira em que me sento, mas fazem isso com um spray de álcool vulgar que de forma nenhuma justificaria qualquer taxa adicional (que de facto não cobram).

  4. Paulo says:

    Só espero que o meu barbeiro não descubra esta….