Apesar de situação delicada em que se encontra a esquerda e, em particular, o governo de António Costa, o PSD decidiu, uma vez mais, dar a mão ao regime vigente. Bem sei que Paulo Rangel tinha a coisa bem estudada, montou e pôs um prática um plano bem pensado e estruturado, e até contou com o contributo de altas personalidades do partido, que, de forma mais ou menos dissimulada, se prontificaram a apoiar o assalto ao castelo da São Caetano. Azar o deles, a política não é uma ciência exacta e as sondagens autárquicas não se confirmaram, oferecendo a Rui Rio um prémio de consolação que foi bem para lá do expectável e daquilo que está direcção do PSD podia aspirar. E que pôs em causa o plano de Paulo Rangel, que contava com um desaire nas Autárquicas para chegar, sem sobressaltos, ao topo da hierarquia do partido.
Sucede que já era tarde demais para Rangel recuar. E com o exército passista mobilizado à sua volta, com a perspectiva de regressar ao governo e de pôr as mãos na bazuca, colocar o plano em lume brando já não era opção. Vai daí, Rangel não teve outra opção que não fosse avançar. E Rio, com toda a legitimidade, decidiu defender a sua posição, depois de três anos e meio de travessia no deserto. É natural que não queira ser o António José Seguro de alguém que, ainda há meses, dizia estar de pedra e cal com o ainda líder do PSD. E com razão, diga-se. E escrevo isto com a certeza que Rangel está em melhores condições para derrotar Costa nas urnas.
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