Contra Pedro Nuno Santos, contra a Geringonça e a favor de deixar um governo minoritário PSD/IL governar, para manter o CH do lado de fora da cerca sanitária.
Sondagem do ISCTE/ICS: qual é mesmo a admiração?
Sondagens, nunca é demais dizê-lo, valem o que valem. Nem sempre acertam, às vezes falham por muito, mas, regra geral, não andam muito longo dos desfechos eleitorais. Bem sei que agora é moda dizer que as sondagens perderam toda a sua credibilidade, após o fiasco lisboeta, mas o histórico diz-nos outra coisa.
Vem o introito a propósito da última sondagem do ISCTE/ICS para o Expresso/SIC, que coloca o PS na zona da maioria absoluta, BE em queda livre, PCP a definhar mais um bocadinho, PSD muito aquém do necessário para sonhar com a governação, CDS à beira da extinção, PAN perto disso, IL a crescer menos que o perspectivado pela bolha do Twitter e CH a capitalizar à grande com o clima de guerrilha instalado na direita dita tradicional, para não falar no enorme contributo de Rui Rio, que teima em apresentar-se – aos olhos de parte significativa do eleitorado – como potencial muleta do PS.
Rio abaixo, em direcção ao precipício
Entrevistado por Vítor Gonçalves, na RTP, Rui Rio assumiu estar preparado (e determinado) para dialogar com o PS. Para evitar que Costa se volte a virar para BE e PCP, sublinhou. Ou para viabilizar o seu próprio governo, inevitavelmente minoritário, agora que, assegura, não há diálogo possível com o Chega.
Por muito que se possa elogiar este aparente sentido de Estado, mesmo depois de Costa ter feito questão de detonar, com estrondo, a ponte com o PSD, é preciso não conhecer o partido em que se transformou o PSD para cometer este hara-kiri em canal aberto. Um partido em que parte significativa dos seus militantes, altamente radicalizados, agarrados a uma narrativa lunática muito idêntica à pregada pela extrema-direita, defende que vivemos num regime totalitário idêntico ao venezuelano, controlado por um lobby gay-feminista-socialista, financiado pela dupla Soros & Gates, que quer reduzir a população mundial através da ideologia de género, com a lavagem cerebral a começar na escola primária.
Estas pessoas não querem nem ouvir falar de acordos com o PS. Preferem o Chega. A própria IL, para muitas destas pessoas, é uma perigosa agremiação de esquerda. Pessoas que comparam Costa a Salazar e, em caso de dúvida, escolhem o segundo. Rio parece já não conhecer a sua audiência. Paulo Rangel, mais táctico e calculista, agradece.
Sentido de Estado e a memória curta da direita: o caso do irrevogável Paulo Portas
Agora que o chumbo está consumado, e voltando ao spin dos últimos dias, a propósito das críticas que foram sendo feitas à postura do BE e do PCP, esses bandalhos que estavam a enganar o país com uma encenação desavergonhada, confortavelmente instalados no bolso das moedas de António Costa, e que acabariam por vender o seu voto e a sua integridade por cinco tostões, mas que lá se juntaram aos seus detractores para sepultar o que restava da Geringonça – paz à sua alma! – vamos lá viajar até 2013. E vamos de submarino.
Aquando da demissão de Paulo Portas – que era irrevogável, assumia o próprio em comunicado – o país mergulhou numa crise política que significou um aumento de 8% dos juros da dívida pública, qualquer coisa como 2,3 mil milhões de euros. Foi este o preço da birra do último governo de direita: 2,3 mil milhões de euros. Acontece que as convicções de Portas, mais a irrevogabilidade da sua demissão, tinham, também elas, um preço, que Passos Coelho decidiu pagar: promoveu Portas e vice-primeiro-ministro e cedeu mais um ministério ao CDS-PP, desta feita o da Economia, com a pasta a ser entregue a Pires de Lima. E o irrevogável deixou de o ser.
[Read more…]Paulo Rangel, a crise política e a incompetência da direita
Apesar de situação delicada em que se encontra a esquerda e, em particular, o governo de António Costa, o PSD decidiu, uma vez mais, dar a mão ao regime vigente. Bem sei que Paulo Rangel tinha a coisa bem estudada, montou e pôs um prática um plano bem pensado e estruturado, e até contou com o contributo de altas personalidades do partido, que, de forma mais ou menos dissimulada, se prontificaram a apoiar o assalto ao castelo da São Caetano. Azar o deles, a política não é uma ciência exacta e as sondagens autárquicas não se confirmaram, oferecendo a Rui Rio um prémio de consolação que foi bem para lá do expectável e daquilo que está direcção do PSD podia aspirar. E que pôs em causa o plano de Paulo Rangel, que contava com um desaire nas Autárquicas para chegar, sem sobressaltos, ao topo da hierarquia do partido.
Sucede que já era tarde demais para Rangel recuar. E com o exército passista mobilizado à sua volta, com a perspectiva de regressar ao governo e de pôr as mãos na bazuca, colocar o plano em lume brando já não era opção. Vai daí, Rangel não teve outra opção que não fosse avançar. E Rio, com toda a legitimidade, decidiu defender a sua posição, depois de três anos e meio de travessia no deserto. É natural que não queira ser o António José Seguro de alguém que, ainda há meses, dizia estar de pedra e cal com o ainda líder do PSD. E com razão, diga-se. E escrevo isto com a certeza que Rangel está em melhores condições para derrotar Costa nas urnas.
[Read more…]Governo apresenta demissão enquanto o PS está de cuecas
E esta gente, que é pouco inteligente mas esperta como um alho, já deu a conhecer a sua narrativa: esticar a corda com os juízes do Tribunal Constitucional, acusá-los de todos os falhanços da sua governação e, em última instância, apresentar a demissão por não ter condições para governar e pedir eleições antecipadas.
Com o PS em guerra interna e sem líder, este é o melhor momento. Ou muito me engano ou teremos novidades antes ainda do Verão.
From Lisbon with tactics
Apesar do desastre, este PSD diverte-me. Sempre feroz quando o PS puxa da cartada da antecipação das eleições, reforçando que este governo exerce funções no âmbito da legitimidade que lhe foi concedida pelas urnas, e que é inegável, o PSD-Lisboa reagiu imediatamente à intenção de António Costa em disputar a liderança do PS pedindo eleições antecipadas na Câmara Municipal de Lisboa. Ainda não há data para o congresso e as laranjas lisboetas já estão a contar espingardas. Já agora, onde estava mesmo Pedro Santana Lopes antes de ser nomeado (não confundir com “eleito“) para Primeiro-Ministro? Ganda nóia, estava presidência da CML. Claro que tal constatação não passa de um detalhe curioso e pouco relevante.
Campanha de troikas
Que me desculpem os Silvas, mas não há nome que, por ser tão vulgar, assente tão bem a um presidente da república que representa o pior do portuguesinho. Cavaco, o silva, é a imagem fiel da pior mediocridade possível: julga-se iluminado e tem poder. Tivesse o engolidor de bolo-rei ficado por Boliqueime e estaria a divertir os amigos, ao tentar pronunciar correctamente a palavra “programa”, numa qualquer tasca algarvia, para animação do estabelecimento e alívio de um país inteiro.
Do alto da sua mediocridade, e na qualidade de empregado de uma das troikas, não tentou sequer disfarçar que está ao serviço de interesses que, sendo classificados como patrióticos, são puramente económicos e financeiros, ao arrepio de qualquer sentimento minimamente humano. Como não tem na cara qualquer vestígio de vergonha e acredita, com razão, que o povo é desmemoriado, é claro que faz de conta que não contribuiu em nada para o estado actual do país, sabendo-se que, ocupando cargos diferentes, está no poder há quase vinte anos. Se nos lembrarmos que o 25 de Abril faz quarenta anos em 2014, é só fazer as contas. [Read more…]
Novamente os ajustes directos: uma boa notícia
O assessor que assina com o nome fictício mas pretensamente real Miguel Abrantes (ó “Miguel”, quando é que deixa de aprovar só os comentários que lhe interessa?) foi exímio a bramar aos céus por achar que o jornal do “amigo Oliveira” tinha sido injusto na forma como a questão dos ajustes directos foi colocada. A coisa não é assim tão linear, mas adiante.
Acontece que hoje há uma boa notícia. O ataque reforçado às obrinhas eleitorais não irá para a frente pela simples razão de, segundo Bernardino Soares, «o decreto de lei que aumenta os limites para autorização de despesas do Estado [ser] “ilegal” porque está baseado numa autorização jurídica do Orçamento que caducou no final de 2010» (ionline).
Fui confirmar e faz sentido. No novo decreto consta:
NADA DISSO ME INTERESSA
NÃO ME INTERESSAM PARA NADA AS ELEIÇÕES ANTECIPADAS
Esta coisa da demissão do senhor nosso Primeiro-ministro, provocada pelo próprio com as atitudes desonestas que são do domínio público, acrescidas das razões indecorosas e de cobiça que assistiram à oposição para tomarem as atitudes que o senhor nosso Primeiro esperava, e ainda, os ditos dos responsáveis máximos da dita oposição após o desfecho anunciado, fizeram-me pensar ainda mais que de costume.
Pelo que se entende da situação, iremos ter eleições antecipadas, o que, pensando bem, é coisa na qual não estou minimamente interessado. Nesta já pré-campanha eleitoral vejo o que a mesma virá a ser, e desde já me desinteresso dela. A campanha eleitoral que se aproxima não vai esclarecer ninguém, sendo que unicamente irá servir de pasto para alimentar troca de acusações e insultos pessoalizados. É certo que irei votar quando chegar a altura devida, mas, pelo andar da carruagem, dificilmente terei oportunidade de escolher em quem. [Read more…]
Sócrates e a fuga: guião de uma legislatura (III)
Preliminares
Perante a iminente derrocada, o nosso herói começa por lançar uma campanha onanística a louvar a governação, apenas com dados parciais e a prolongar-se durante semanas. Não sendo os dados conhecidos na totalidade, não há contraditório possível. As notícias triunfantes repetem-se e o espaço de manobra da oposição desapareceu.
Acto [Read more…]
Sócrates e a fuga: guião de uma legislatura (I)
Onde o nosso herói decide fugir quando colocado sob os holofotes da iminente necessidade de recorrer ao FMI. O filme de uma legislatura incapaz de controlar a despesa pública.
Ficha técnica:
- 11 de Abril está à porta, com 4.532 mil milhões de financiamento a conseguir
- Isto está descontrolado mas alguém há-de levar com as culpas
Sondagem Aventar: Quando cai o Governo?
Alguns leitores do Aventar acertaram na lotaria da queda do Governo. Infelizmente não haverá prémio pois o jogo, diz-se, estava viciado.
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