Deixem as fardas em paz

Foto: Miguel A. Lopes/Lusa@DN

Ainda o bem-sucedido processo de vacinação não estava concluído, já os portugueses se tinham rendido à eficiência e ao low profile abnegado do vice-almirante Gouveia e Melo. E foi, de facto, um trabalho notável e exemplar. Merece, a meu ver, todos os elogios. E a recusa categórica do messianismo foi a cereja no cimo do bolo:

Eu não sou político. Qualquer ser que apareça como o salvador da pátria é mau para a democracia, porque a democracia salva-se em conjunto com todos os atores do sistema democrático.

Não foram poucos, aqueles que, num ápice, se converteram à religião das fardas. Alguns por admiração, outros por desencanto de longa-duração com o funcionamento da democracia, outros ainda com os olhos postos numa solução autoritária, olhando para Gouveia e Melo como um meio para atingir um fim. Felizmente para nós, os militares portugueses têm tido um papel central nos combates pela democracia e pela liberdade, e, parece-me, são poucos dados a cantos de sereias fascistas. Basta ver o que fizeram aos antepassados desta nova vaga de extremistas de direita, naquela madrugada inicial, inteira e limpa.

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Esqueceu-se dos escravos?

Marcelo pede que se aproveite a bazuca como não se aproveitou o ouro e as especiarias

Rosebud

G.K. Chesterton (Lafayette Ltd)

Foram precisos muitos dias, semanas, meses para que a pessoa que eu era aos 6 anos visse, enfim, ser-lhe dada razão. 

Aos 6 anos, com efeito, iniciei uma colecção de bicos de lápis de cor, aqueles que se partiam por serem empurradocom demasiada força contra o papel, e que eu era incapaz de deitar fora pois pareciam-me objectos de evidente valor. Forrei de algodão a velha caixa de um relógio e aí fui dispondo os bicos, certa de que o contraste entre os azuis, verdes, vermelhose o branco do algodão constituíam uma peça de invulgar beleza e que seriam a decoração perfeita para o Natal que se aproximava. Quando chegou, porém, o momento de apresentar o meu projecto decorativo aos adultos, estes não foram da mesma opinião e a minha colecção de bicos de lápis foi considerada, ainda que por outras palavras, uma estupidez 

Claro está que não fiquei nada convencida do acerto dessa decisão. Reconhecia que os bicos de lápis não eram tão bonitos quanto o lápis-mãe (ou lápis-pai?) de onde tinham saído, que talvez parecessem insignificantes no mar de algodão em que eu os lançara, mas havia uma verdade naquela colecção  que me parecia notória e uma ética em não desprezar o que fora capaz de colorir que era para mim inquestionável. Porque valeria mais um candelabro, uma coroa natalícia, uma jarra, do que os meus bicos de lápis? Infelizmente, a maioria detentora do poder estava contra mim, situação, aliás, que sumariza muitas infâncias, e os bicos acabaram no lixo.   [Read more…]

Parabéns, Campeão!

Foto: Martin Divisek/Lusa@Público

Muitas medalhas depois, incluindo a prata que dividiu com o compatriota Emanuel Silva nos Jogos Olímpicos de 2012, na categoria K-2 1000m, Fernando Pimenta é campeão do mundo de K-1 5000m, isto após ter conseguido a prata em K-1 1000m no dia anterior. Há (muita) glória desportiva para lá do futebol. Parabéns, Campeão!

A febre do ouro

Existe uma nova febre do ouro e eu deliniei um plano. Para poder ter pagamentos como nos terminais MB portáteis, vou trocar os dentes pelos equivalentes em ouro. Em termos de segurança, creio que esta estará assegurada e só à força me arrancarão o dinheiro. Mas nem tudo é perfeito. Poderei ter que deixar as nozes a quem Deus tenha dado menos dinheiro.

E que tal comprar ouro?

Como comprar ouro. Sempre é melhor que notas debaixo do colchão.

Bundesbank retira o seu ouro de Nova York e Paris

Será que o ouro está lá? (em inglês) Quando o Chavéz fez o mesmo correu muita tinta.

Um paradoxo ao quadrado

Parece que a luminosa ideia de cobrar uma taxa especial sobre o subsídio de Natal sobre aqueles que não recebem subsídio de Natal, poderá não resultar tão bem quanto deseja o Governo.

É que aqueles que estão a recibo verde e não ganham subsídio de Natal poderão não pagar a taxa sobre o subsídio de Natal, através de planeamento fiscal.

São casos como este, em que alguém consegue eximir-se de pagar um imposto sobre aquilo que não ganha que desgraçam o nosso país.

O melhor é ir vendendo os anéis – que agora chama-se “atrair investimento estrangeiro“.

Mas o pessoal da Luz que se cuide, pois não tarda muito, o ouro dos benfiquistas vai ser o próximo alvo. Tudo menos mexer no capital!

Tudo acontece a Cantanhede

Primeiro, foi o Renatinho, acusado de torturar o amante durante uma hora, furar os dois olhos com um saca-rolhas, matá-lo com um computador portátil e, no final, cortar os órgãos gentiais com o mesmo saca-rolhas com que havia eliminado os olhos.
Agora, um assalto a uma loja de venda de ouro usado, que foi notícia na capa do JN de hoje. Aí se vê, na foto, os dois meliantes (adoro esta palavra) em fuga, enquanto dois pacatos cidadãos não se mexem e um terceiro, algo anafado, finge que quer correr atrás deles. A Igreja Católica local bem reza missas a favor disto ou daquilo, mas não parece ser suficiente.
Coitadas das gentes de Cantanhede. Já não lhes bastava terem sido governadas durante tantos anos pelo sr. Jorge Catarino, «esse broche»…

Ainda a "Pesada Herança"

Há uns tempos, tinha deixado a suspeita quanto a um apetecível alvo que há muito se encontra guardado nos cofres do Banco de Portugal. De facto, o famoso “ouro de Salazar” tem sido pasto de lendas, estorietas de ficção e sobretudo, de muita cobiça. Assim, ao longo de décadas, a conhecida Pesada Herança foi descrescendo em volume, quando consta que há três décadas ultrapassava as 600 toneladas. Hoje, os dados oficiais apontam aproximadamente as 380, o que ainda consiste num valor substancial.

Muita tinta correu acerca da origem desse ouro, dizendo-se enquanto se sorve uma jeropiga, que …”uma boa parte tem estampada a águia e a suástica do III Reich”, ou …”provem da troca dos víveres enviados para a Alemanha durante a guerra” e publicações surgiram com insinuações de “dentárias obturações de ouro arrancadas nos campos de concentração”. As organizações internacionais da especialidade dedicaram-se a aventar todo o tipo de hipóteses e Portugal até chegou a surgir numa lista de países que …”também tem que pagar o crime”. Mas qual crime? De qual guerra, extorsão ou lusa violência contra terceiros países?

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