Morto.

Fotografia: José Coelho/Agência Lusa

O presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP) nem sempre foi Presidente da Câmara. Isto é, não nasceu para ser presidente, o que contraria a faixa mais tocada no cd dos neo-liberais: a do mérito. Na verdade, ainda ninguém percebeu bem qual o principal talento de Rui Moreira: estudou nos melhores colégios privados do Porto, estudou em Londres na Universidade de Greenwich e, sabe-se, depois disso nunca teve de enviar um CV na vida.

Rui Moreira foi, durante anos, presidente da Associação Comercial do Porto (ACP). Antes, foi um reputado empresário do sector imobiliário. O que, tendo em conta essa reputação, tornava lógica a sua presidência na ACP (e haveria de tornar lógico, mais à frente, o seu reinado enquanto presidente da Câmara Municipal, mas já lá vamos). Fora isto, poucos o conheciam.

Mas haveriam de vir a conhecer. Este filho e neto de Condes e Viscondes, haveria de se notabilizar por conta do comentário desportivo (olha quem!). Durante anos, foi o comentador afecto ao FC Porto no programa da RTP3 “Trio d’Ataque”, onde fazia a defesa acérrima daqueles que, há décadas, andam a usurpar o clube (aqueles que, sabia e sabe Moreira, lhe davam e continuariam a dar, também, a credibilidade que ele nunca teve). Aqui entra o FC Porto: o projecto mais apetecível para o empresário Rui. O comentador Rui Moreira, que abandonou o programa “Trio d’Ataque” em directo por, simplesmente, ter recebido uma opinião contraditória àquela que era a narrativa que este tentava fazer passar, foi subindo degraus e passou a ser “o cavaleiro-mor na defesa dos corruptos da direcção”, ao invés d’”o choninhas que comenta umas coisas sobre penáltis no canal público”. Estava dado o mote: Moreira haveria de ser, um dia, tudo aquilo que ambicionou. E o FC Porto há-de ser, daqui a uns anos, o último degrau. 

Rui Moreira no programa “Trio d’Ataque”.

Trocou o blazer de bombazina gasto à lá “tio liberal fixe da Foz” pelo fato completo à lá “tecnocrata dos gabinetes” e fez-se à vida. Empoleirado nos conhecimentos que fez enquanto presidente da ACP e nos amigos que tem no FC Porto, candidatou-se como independente à CMP com o apoio do CDS-PP e… venceu… três vezes. Ao CDS-PP juntaram-se outros projectistas do Porto como bem comercial, como a IL. O antigo mero comentador de um programa de comentário desportivo estava, agora, no lugar mais alto que ambicionou até então: era, agora, o Rei-mor do Porto. E restaurou o Porto à sua imagem, levando consigo os primeiros anos deste seu percurso. [Read more…]

Vetusta Morla, Casa da Música, 9/10/2015 (hoje)

“Em síntese: os Vetusta Morla mantêm o essencial de uma sonoridade própria, desalinhada e envolvente, apurando alguns elementos que, já se sabe, rendem muitas vezes concertos de marca. O que parece certo é isto: quando se ouvir ‘Fuego’, considerada a melhor canção do ano em Espanha, a Casa da Música – que em boa hora acolhe este farol de modernidade espanhola e latina vai seguramente debater-se com o problema de sobreaquecimento. Mas há calores que não se trocam por nadinha.” – João Gobern, DN.

Foi em dezembro de 2013 que pela primeira vez se escreveu sobre os Vetusta Morla no Aventar. Poucos os conheciam em Portugal e ainda hoje não serão muitos. Não sabem o que andam a perder. É do melhor que a música espanhola nos oferece. Mais logo, aqui na Casa da Música, teremos a estreia em Portugal destes castelhanos. O João Gobern escreveu tudo. Verdadeiramente a não perder.

Aqui fica uma das suas músicas mais conhecidas e logo do trabalho de estreia:

Sons do Aventar – Ólafur Arnalds e Rodrigo Leão

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Ontem regressei à Casa da Música. O motivo: Ólafur Arnalds era o convidado de Rodrigo Leão.

Já tive a felicidade de assistir a vários concertos de Rodrigo Leão, um dos nossos maiores génios musicais, este seria mais um. Não, não era. A verdadeira razão da minha ida era outra. Ólafur Arnalds é uma espécie de Rodrigo Leão da Islândia (perdoem-me a comparação mas facilita a explicação). Com apenas 28 anos, este magnífico compositor, produtor musical e multi-instrumentista é senhor de algumas das mais fascinantes musicas dos últimos anos. Ver e ouvir, e logo na Casa da Música, estes dois génios era simplesmente imperdível.

E foi uma noite de magia. Ólafur misturou simplicidade com tranquilidade. Os primeiros minutos do concerto na Casa da Música explicam-se em poucas palavras: um absoluto e incrível silêncio da plateia. Um silêncio de respeito e admiração de muitos dos presentes e desconfio que uma parte significativa da audiência nem conhecia este islandês que começou a sua carreira como baterista “metaleiro”. Claro que sou suspeito: existe em Ólafur um misto de Sigur Rós (igualmente islandeses) com Yann Tiersen e Rodrigo Leão, tudo autores que sigo religiosamente. Mais tarde entrou Rodrigo Leão (na sala notou-se perfeitamente que a maioria vinha para o ouvir) e as primeiras músicas de Rodrigo Leão mostraram que continua absolutamente genial percebendo-se perfeitamente o porquê do seu êxito dentro e fora de portas. Ólafur regressou para um final conjunto que me deixou a querer mais. Por mim bem que podíamos ter ficado noite fora e só acabar com o nascer do sol que é das coisas mais bonitas de ver na cidade do Porto.

Agora é aguardar pelo seu regresso a Portugal. Se possível, novamente na Casa da Música.

Estação Casa da Música

estacao_avendida_da_franca_porto© Avenida da França, 1967, agora chamada “Casa da Música” e servida pelo Metro do Porto.

Abraçar a Casa da Música

Casa-da-musicaEsperemos que o abraço agendado para hoje às 15.30h, possa salvar a Casa da Música dos cortes anunciados para 2013.
Esperemos que sejam ouvidos os mais de 40 signatários do apelo Um Abraço à Casa da Música. Eles têm razão: “Um Governo que desinveste na Cultura  não acredita no futuro (…)  nem honra os seus compromissos” e, por isso, não merece a confiança dos cidadãos.
A Casa da Música merece um «15 de Setembro», sim. Mas, ao contrário do que sugeriu Paulo Rangel , essa manifestação – mais que oportuna neste momento -, devia ser feita não só pela população do Porto e sua região, como também por todo o país!
A Casa da Música é a casa de todas as músicas e de todos os públicos. É também daqueles que, em princípio, nunca lá entrariam. Estamos a falar do trabalho que a Casa da Música desenvolve com as comunidades desfavorecidas – «som da rua» ou o trabalho que fizeram em 2008 com reclusos de Custóias no projecto “A Casa vai a casa”. Lembro-me que li “Não podendo ir Maomé à montanha, há que levá-la até junto do profeta. E,  ultrapassado que está o estigma de serem vistos como “meninos do coro”, são  agora quase 50 os reclusos do Estabelecimento Prisional do Porto (em Custóias,  Matosinhos) inscritos num projecto que os fará actuar na Casa da Música (…)os  Ala dos Afinados,que tinham uma canção:  “Uma vida, uma oportunidade/Um castigo, um futuro/Liberdade”.
Mas a Casa da Música é ainda mais (são muitas as suas valências). [Read more…]

Casa da Música – Todos Convocados

Quem não gosta de abraços? Este é já amanhã, às 15h30. Vamos?

Trabalhadores do Comércio, Reboltem-se!…

E os outros também. “Os gajos andam-nos a gamar…”

A Noite de S. João, o Vinho do Porto e a Casa da Música

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Como Se Fora Um Conto
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AS NOSSAS COISAS ESTÃO A CAMINHO DA CAPITAL
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Está decidido.
A Câmara Municipal da capital, apoiada pelo governo da capital e pelas empresas públicas da capital, bem assim como por outras cuja presença camuflada do governo da capital, é conhecida, conseguiu que a noite de S. João do Porto mais o seu fogo preso da meia noite, o vinho do Porto, e a Casa da Música do Porto, fossem para a capital do que já foi um império, e passassem a ser sua parte integrante. Esta conquista vem na sequência do que também conseguiu anos atrás com o Salão Automóvel, com o Salão de Moda, e mais recentemente com (como bem lhe chamou um conhecido empresário do Porto) com Aquela Bebida Air Race (sobre a qual já escrevi aqui).
Essa cidade, vai assim poder ombrear em categoria com a do Porto. Mas não contente com isso, se calhar, um dia destes, ainda vai assenhorar-se do nome (Porto) para que assim possa passar-lhe à frente.
Depois de tanta roubalheira, depois de tanta sem vergonha, só nos resta fazer como um grande amigo meu que, já há vários anos combate sozinho este estado de coisas. Esse meu amigo, só bebe Vinho Verde ou do Douro, só come legumes que saiba oriundos de regiões a norte do rio Douro, só abastece gasóleo em bombas de marca branca, só vai a restaurantes da zona norte, só come enchidos transmontanos, vai deixar de ser cliente da EDP, só usa lápis da marca Viarco, e por fim, só faz férias no Gerês ou no Douro. Para além de muitas outras coisas do género que «nem  ao diabo lembram»
Desde que existam fábricas a norte do Douro só usa productos dessas marcas.
Talvez que nada consiga do que se propõe, mas outros lhe estão já a seguir as pisadas, aos poucos eu sou um deles, e mais cedo do que se possa pensar muitos seremos e nessa altura outro galo cantará. [Read more…]