Saindo do armário

Este quer que se comprem horas ao patrão. E que tal pagar para ter trabalho?

Os canudos e o Sr. António

É notícia que este ano, para o ensino superior público, há “mais 647 vagas, num total de 54 068“.

Em princípio isto seria bom. Mas na verdade não é. Pelo menos enquanto dominar a lógica das famílias investirem ao longo de anos numa carreira académica para que a  descendência atinja o almejado canudo, e depois de se ter um doutor, ou engenheiro, na família, é procurar emprego. Com sorte, irá trabalhar numa empresa criada e gerida por alguém que só tem alguns estudos de liceu.

Um dos grandes males deste país é que se estuda para doutor ou engenheiro, ou algo do género, para se ir trabalhar para a empresa do Sr. António  – porque neste país o normal é tratar as pessoas pelo primeiro nome, nem que elas tenham idade para serem nossos avós.

O Sr. António não foi para doutor, lançou-se à vida e será ele quem, como patrão, irá fixar o salário do Sr. doutor ou do Sr. engenheiro. E é um sacana, porque explora e quer ficar rico. Como se fosse censurável quem assume responsabilidades empresariais – pagar salários, fornecedores, tributos, encargos, rendas, dar avais pessoais aos bancos, etc – almejar ter muito mais do que um salário. Para isso, para viver de um salário, tinha estudado para ter um canudo de doutor ou engenheiro e arranjado emprego na empresa doutro Sr. António.

Um homem com ideias e uma menina para atender o telefone

Consiste uma das minhas inúmeras manias  no facto de o duche matinal ter de ser acompanhado pelas notícias da rádio. Se não consigo encontrar o rádio (levo-o para todos os lados da casa), ou se as pilhas estão descarregadas, não posso tomar banho até resolver o problema. Para mim, tomar banho depende tanto da existência de água e sabonete como de um transístor ao pé do chuveiro.

Isto traz os seus amargos de boca, claro está, porque tendo a começar o dia com uma voz a anunciar-me que o PSI20 está em queda e que a bolsa de Lisboa abriu no vermelho, conceitos demasiado abstractos para mim, confesso. Ou que há complicações de trânsito na Avenida AEP, por onde raramente passo, ou no IC24, por onde não passo nunca. [Read more…]

hoje nem sequer é um de maio

Tinha uma coisa alusiva  para vir aqui contar.

Uma conversa com um casal de trabalhadores

(trabalhadores é para dizer como diz o zé mário branco no fmi, discretamente soletrado e a ressoar cada sílaba)

onde aprendi como uma pequeno-burguesa trabalhando por conta própria puxa por um operário que não pede aumento ao patrão porque o patrão responde tenho 1500 inscritos para entrar na fábrica, queres ir embora?

uma cabeleireira e um fiel de armazém classificado no privilégio do quadro dos efectivos da fábrica como operário geral, muito mais barato, foi ela que falou com o patrão na única vez em que foi aumentado, ele não queria ouvir aquela parte dos 1500 inscritos para entrar para a fábrica, queres ir embora? mas a ela o patrão não disse do mercado de trabalho, uma flexibilidade que falhou na parte dos tomates, patrão também é homem,

a ele, uma vez em que pediu para mudar para outra secção onde podia ganhar mais tinha respondido para o teu lugar precisava de 2 ou 3, nem nas penses, deve ser a isto que chamam uma relação

  • empresário / colaborador, que substituiu
  • o patrão / trabalhador do antigamente,

estive com eles e achei que era o 1º de maio de 2010,

em cores alternativas, ela quer ter outra criança, ele espera por melhores dias, tipo só haver 150 inscrições na fábrica à espera de uma vaga, a vaga de um deles,

isto ilustrado com umas imagens da conversa e tudo, isto numa fábrica muito visitada pelo governo, tá no youtube e tudo, achei bem alusiva, bués mesmo. Vinha aqui contar.

Não conto. Ia pôr em risco alguns postos de trabalho, e hoje é dia mundial do mesmo.

Rendimento mínimo dos patrões

Querem os apoios, mas querem saltar fora do acordo para aumentar o salário mínimo. Será que o Paulo Portas não terá nada para dizer sobre isto?

Ou também é moderno dar dinheiro a patrões incompetentes que ficam com os descontos dos empregados?

Nota: distingo patrões de empresários. O da CIP é Patrão. Negar o direito a alguém que vive do seu trabalho o acesso a um miserável salário de 490 euros é do mais reaccionário e conservador. Até incomoda ouvir tal homem a falar.