É notícia que este ano, para o ensino superior público, há “mais 647 vagas, num total de 54 068“.
Em princípio isto seria bom. Mas na verdade não é. Pelo menos enquanto dominar a lógica das famílias investirem ao longo de anos numa carreira académica para que a descendência atinja o almejado canudo, e depois de se ter um doutor, ou engenheiro, na família, é procurar emprego. Com sorte, irá trabalhar numa empresa criada e gerida por alguém que só tem alguns estudos de liceu.
Um dos grandes males deste país é que se estuda para doutor ou engenheiro, ou algo do género, para se ir trabalhar para a empresa do Sr. António – porque neste país o normal é tratar as pessoas pelo primeiro nome, nem que elas tenham idade para serem nossos avós.
O Sr. António não foi para doutor, lançou-se à vida e será ele quem, como patrão, irá fixar o salário do Sr. doutor ou do Sr. engenheiro. E é um sacana, porque explora e quer ficar rico. Como se fosse censurável quem assume responsabilidades empresariais – pagar salários, fornecedores, tributos, encargos, rendas, dar avais pessoais aos bancos, etc – almejar ter muito mais do que um salário. Para isso, para viver de um salário, tinha estudado para ter um canudo de doutor ou engenheiro e arranjado emprego na empresa doutro Sr. António.
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