Com os militares, o Branco fica mais branco

omoSeparemos as águas, da complicada barrela. A nível macroeconómico, uma crise financeira é indissocialvelmente política. Para combater o depauperamento financeiro, os governos poderão ser mais ou menos socialmente justos nas medidas políticas e, sobretudo, na equidade dos sacrifícios.

Colidir com interesses de grupos socioprofissionais organizados e sólidos, é mais difícil do que atacar o povo anónimo, disperso e aglutinado de forma inorgânica. Que manifesta indignação nas ruas, mas não é piegas. Vocifera e não entoa lamechas, nem é medricas.

Separemos, então, as águas de tal barrela, através de um processo de decantação. Da mistura heterogénea, retiremos a instituição militar que, pelo poder tradicional de que usufrui, se torna num corpo cujo manuseamento cuidadoso é recomendável aos governos.

O Ministro da Defesa, Aguiar-Branco, acusa os oficiais das Forças Armadas de instrumentalização, em reacção à carta aberta da AOFA – Associação dos Oficiais das Forças Armadas. Na defesa da tese da instrumentalização, o ministro, embora negando comentar, lá foi dizendo:

Eu não argumento quando se pretende fazer política com as Forças Armadas. Até do BPN se fala nessa carta.

Sinceramente não entendo por que razão os militares, enquanto cidadãos igualmente castigados pela política de cega austeridade do governo, estão impedidos de se referir ao escândalo do BPN de Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Arlindo de Carvalho, Duarte Lima e outros que constitui, afinal, uma das causas do famigerado ‘défice colossal’ que homens ‘laranja’ adicionaram a outros herdados do anterior governo. Sim por que razão não podem citar o jornalista José Gomes Ferreira da SIC, quando este defendeu a renegociação prioritária dos contratos das desastradas PPP’s que se estenderam no tempo, de Cavaco a Sócrates?

A reacção de Aguiar-Branco despertou-me para um slogan publicitário que, entretanto, adaptei: Com os militares, o Branco fica mais branco”.

No domínio das fórmulas químicas dos detergentes, nem sempre ficar mais branco corresponde a melhor tratamento da roupa. Se se reduzir a matéria tenso-activa por compensação com matérias-primas mais baratas e agressivas, a brancura é conseguida através da corrosão dos tecidos. E os militares podem ter, de facto, um efeito bem mais corrosivo do que os desarmados civis. É, pois, natural que o Branco fique mais branco.

Comments

  1. José Galhoz says:

    Não só o Branco mas todo o governo começarão a ficar mais brancos (ou mais piegas).

  2. mortalha says:

    não é o tratado de lisboa que dá a possibilidade de forças armadas de outro estado-membro cá vir meter as revoluções na ordem?

  3. Moortalha,
    Pergunte ao Barroso. Sinceramente não tenho agora paciência para a leitura desse esquzofrénico e calorosamente saudado tratado – Porreiro pá! dizia então Sócrates para Barroso.
    Eles, que são brancos, que respondam.

  4. Ricardo Gomes says:

    permita-me, “O Branco, fica mais bronco”…

  5. Clonix666 says:

    Antes um Golpe de Estado do que Guerra Civil! Mas se o primeiro não chegar o segundo em breve (creio) irá vigorar…já existe muita fome em Portugal.

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading